Capítulo LXII - Ela está viva

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Não havia mais escapatória, Katsuo estava imóvel, sem conseguir reunir forças para sequer levantar os joelhos do chão, como uma mera mosca presa em uma teia, apenas esperando dolorosamente a chegada da aranha

Essa aranha tinha quase um século de idade, emanava mana vermelha e estava com muita, muita raiva

Katsuo sentiu a pressão ficar cada vez mais forte, e aumentava a cada segundo passado, até que com os olhos vidrados no chão, ele viu a sombra de Sapientia se projetar diante de seus olhos, ele estava ali na frente dele

Talvez ele morresse ali, sim, era possível, Katsuo era forte, quando em sua melhor forma se assemelha a um Deus, orgulhoso, arrogante, corajoso e acima de tudo poderoso

Mas existe uma fraqueza em Katsuo

Ele respira

Ele sangra

Ele vive

Existe um ditado na marinha, "Para um navio poder afundar, basta estar flutuando"

Katsuo também pode ser sufocado

Também sangrar

E também morrer

Ele não tem um poder infinito...ou será que tem?

Enquanto Katsuo calcula mentalmente sua chance de escapar dessa situação, a voz de Sapientia o desperta de seus pensamentos e atrai a sua atenção para ele, não que Katsuo pudesse se mover, afinal, ele sentia como se uma montanha tivesse sido gentilmente colocada sobre seus ombros

– "De todas as atrocidades que ouvi você fazer, nunca achei que teria audácia o suficiente para matar uma das minhas crianças, eu prometi ao seu pai que cuidaria de você, mas isso é inaceitável..." - Diz Sapientia dobrando uma de suas pernas no chão, para que seu rosto pudesse se aproximar à cabeça de Katsuo, dizendo suavemente essas palavras no ouvido do Doragon

– "Ora senhor Sapientia, seja honesto, você sabe das coisas que fiz até chegar neste ponto, minhas mãos perderam a cor, agora são vermelhas, pintadas com o sangue daqueles que um dia andaram do meu lado, essa lua perdeu o brilho já tem anos" - Diz Katsuo depois de abrir um curto sorriso, mesmo nessa situação

– "Sangue, sangue e mais sangue, é a única coisa que você sabe dizer sobre seu passado? Das pessoas que já se foram? Das coisas que você perdeu? Isso é tudo que restou do grande prodígio do Reino da Meia-noite? Morte? - Esbraveja Sapientia irritado

– "Claro...até porque é a única coisa que consigo me lembrar, Morte...É tudo que martela minha cabeça todos os dias, as mortes que eu causei são a força pra me manter vivo, e manter os que me restaram bem" - Diz Katsuo se esforçando para levantar a cabeça e olhar Sapientia nos olhos

– "Sabe o que eu acho disso?...Ridículo, eu te vi crescendo, e me lembro de muito mais coisas que morte, eu me lembro de quando te conheci na frente do palácio do rei, de quando você me disse que queria ser amigo do seu dragão, seu passado é muito mais que um fim desastroso, é um passado de glórias conquistadas ao longo de anos de treino...De uma pessoa que você amou" - Diz Sapientia, mas a última frase fez Katsuo dar um pulo, mesmo com aquela pressão, Katsuo conseguiu ficar por alguns segundos em pé, antes de cair de novo, com uma expressão de puro ódio

– "Faça o que for, mas não ouse falar dela na minha frente!" - Esbraveja Katsuo, com uma raiva descomunal fluindo através do seu corpo

– "Olha só...você ainda se lembra dela... já faz tanto tempo..." - Diz Sapientia

– "Isso já foi há muito tempo, eu matei ela, fui eu que matei a Aik, eu que matei todos naquele dia, então não se ache no direito de dizer uma palavra sobre isso, você tá me entendendo?!" - Katsuo estava muito irritado, bravo como não ficava em anos

– "...Ela está viva" - Diz Sapientia, paralisando Katsuo na mesma hora, tentando digerir o que acabou de ouvir, poderia ser uma mentira, poderia ser uma loucura da sua cabeça, poderia até ser uma forma que Sapientia encontrou para atingi-lo, mas no fundo, lá no fundo, Katsuo sabia que existia a pequena possibilidade de isso ter acontecido

– "Mas o que..." - Katsuo ia perguntar algo sobre a sua nova grande dúvida, mas um chute no rosto o fez voar dezenas, centenas de metros, atravessando todas as paredes do edifício, até ele cair de barriga pra cima do lado de fora da universidade - "O que você disse...É mesmo verdade?" - Pergunta Katsuo ainda olhando para o céu alaranjado

– "Sim, é, mas você não vai vê-la novamente, eu irei matá-lo aqui, suas ações já imperdoáveis agora foram longe demais, tudo vai acabar aqui, entre eu e você..." - Diz Sapientia, vendo Katsuo balbuciar alguma coisa...e depois uma mana negra começar a emanar do corpo dele

– "Já que eu vou morrer, tenho que pelo menos proporcionar uma luta épica, vamos lá Senhor Sapientia, a luta acabou de recomeçar" - Diz Katsuo abrindo um largo sorriso de orelha a orelha, sentindo a mana de Nigreos percorrer o seu corpo, a luta tinha acabado de ficar mais equilibrada

Renegade Dragon - Renascer da LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora