risco

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— Alexandre, por favor. Não faz isso comigo. Eu preciso ir. Você não faz ideia do erro que está comentando em me querer. — Suas mãos estavam sobre as dele, uma em seu ombro e outra em sua cintura.

— Erro é te deixar ir. Eu prefiro me quebrar por te amar do que não ter a oportunidade de tentar, Giovanna. Porra, você acha que eu sou o que? Um adolescente pra ficar desse jeito se realmente não tivesse mexido? Não me deixa, não. — Apoiou a testa em sua nuca inalando aquele cheiro de mar que ainda impregnava os cabelos dela.

— Quebrada é o que eu sou, Alexandre. Tem tanta coisa por trás, tem tanta coisa que você não precisa enfrentar se escolher qualquer outra mulher. — Negou com a cabeça. — Se nós fôssemos só sexo, tudo bem. Mas ficou tudo tão claro, ali naquela mesa, seus amigos e os meus, juntados por uma obra traiçoeira do destino, nós somos muito mais do que sexo, Alexandre. E eu não sei se consigo me entregar de novo, mergulhar de cabeça, fazer planos... — Uma lágrima teimosa escorreu de seu olho.

— Meu único plano é ficar ao seu lado, te ajudar a catar os cacos se precisar, fazer terapia de casal se nada der certo... — Ela riu, em nenhum mundo imaginou ouvir aquilo vindo dele.

— E se eu te frustrar? E se eu não for tudo o que você espera? — Soltou-se de seus braços e se virou para o encarar.

— Impossível, já te vi de formas suficientes pra ter certeza de que nenhuma frustração supera a realização de te ter. — Afagou seus cabelos. — Vamos fazer o seguinte: eu vou ali na farmácia comprar um shampoo e condicionador pra você, venho aqui, te entrego e desço pra comprar uma fatia de pizza com borda recheada no Stalos. Assim você tem tempo pra pensar, refletir e se, depois de tudo isso ainda quiser ir embora, eu deixo você ir. — Ele se perdia passeando os olhos por todo o rosto dela, uma mão fazendo carinho pela lombar e a outra pela face.

— Porquê você não apareceu antes? — Perguntou sorrindo.

— Antes eu era um cantor de barzinho, brisado 24h por dia e dividindo um cubículo com 5 marmanjos no Catete. Você nunca olharia pra mim. — Riu e a beijou rápido.

— Aí, garoto... você vai ser o meu fim, sabia? — Tocou seus cabelos com carinho — Eu uso Aussie, não precisa gastar dinheiro, eu te dou. E a pizza, quero de camarão. Essa você pode pagar. — Piscou o olho.

— Ah, Giovanna, nem sonhando que vou te deixar me dar dinheiro pra comprar um shampoo que vai ficar na minha casa, para meu usufruto. Vamos lá, não é porque eu dirijo um Honda Fit 2003 que não posso comprar esse tal Aussie aí. — Eles riram.

— Bom, já que você vai comprar um shampoo pra você, eu realmente não tenho porque custear... — Passou as mãos pelos ombros dele e se lembrou da mordida quando viu a gaze cobrindo o local, estava saindo um pouco pela manga da regata que ele usava. — Ainda tá doendo? — Perguntou mordendo o lábio.

— Um pouco, tô tomando anti-inflamatório e cuidando. Não se preocupe, pode me morder mais vezes.

— Idiota. — Deu um tapinha no bíceps do outro lado. — Se importa se eu arrumar a mesa pra gente?

— De jeito nenhum, pode arrumar aí do seu jeito, mi casa, su casa. — Despediu-se com um selinho e saiu.

Era isso então o que se sente quando se ama? Você se preocupa até com o que a pessoa vai usar para lavar os cabelos? Quem é esse homem e o que ele fez comigo? Alexandre sacolejava a cabeça enquanto descia no elevador. Ele sempre foi galante, conquistador, atencioso até, mas com Giovanna tudo passava dos limites.

Inferno de mulher capaz de manipular cada átomo do seu corpo mesmo sem a intenção. A mais remota possibilidade de perdê-la foi suficiente para que ele soubesse que faria qualquer coisa por ela, por tê-la.

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