... porque eu sei recomeçar - epílogo

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... OU O COMEÇO.

20 de setembro de 2023, Curitiba.

— Anda, neném! — Giovanna apressava Ravi, que não parava quieto, para calçar os tênis.

Quelo tetê, mamanhê. — Coçou os olhos com manha.

— Mais tarde, cara. Mamãe te dá tetê depois do almoço. Me ajuda, filho. — Ela bufou tentando fazer o pezinho entrar na meia. — Lua, vem cá, deixa a mamãe passar perfume em você.

Giovanna ficava maluca quando precisava arrumar os dois sozinhos, queria matar o marido por tê-los deixado dormir até tarde só para que pudessem fazer um sexo matinal. Agora, Alexandre já estava lá, ensaiando para a apresentação do dia seguinte e ela estava ali, arrancando os cabelos para conseguir fazer Lua parar de pular entre as camas e Ravi calçar os sapatos.

Finalmente, depois de travar uma guerra com o furacão e o terremoto, ela conseguiu arrumar todo mundo e sair do quarto de hotel. Enfiou os dois em suas cadeirinhas no carro que estavam usando para se locomover pela cidade e deu partida após colocar uma música escolhida por Lua, era o combinado entre eles, que revezavam a escolha a cada nova saída.

O trajeto até a Ópera de Arame foi rápido, por mais que os pais tivessem tentado convencer os pequenos de que seria mais interessante eles fazerem um passeio no shopping com Giovanna, ambos foram irredutíveis, queriam assistir aos ensaios. A morena os deixou correr para gastar energia até que entraram no teatro, alguns minutos depois.

Lua saiu gritando pelo pai, que sorriu de imediato ao vê-los lá. Alexandre se agachou no palco e a pegou no colo, dando sequência ao ensaio com a filha pendurada em seus braços.

Giovanna o olhava com uma admiração crescente, que só uma relação bem cuidada era capaz de manter depois dos filhos e dos desgastes da vida cotidiana. Contemplar seu marido em cima do palco era uma das coisas que ela mais amava, lhe remetia ao homem que a apaixonou apenas com um olhar e ao mesmo tempo a lembrava que olhar para ele era se apaixonar de novo e de novo.

Ao contrário de Lua, Ravi não quis subir para ficar com o pai, preferiu tocar o terror entre as cadeiras e ser mimado por cada pessoa que se derretia com seu charme, até que escorregou e caiu. Não se machucou seriamente, só fez um escândalo para que a escritora o deixasse mamar, ainda que mal saísse leite, era só o acalento que ele buscava.

Alexandre sorriu com a cena, aquele moleque era esperto, nunca desperdiçava a oportunidade de roubar a mãe só pra ele. Nero era completamente apaixonado pela família que haviam formado, maluco por aquelas três pessoas que faziam de seu mundo um lugar melhor.

No intervalo para o almoço, ele desceu do palco com Lua sobre seus ombros, deu um selinho na esposa e perturbou o filho com cócegas, fazendo-o largar o peito para gargalhar, respirar e reclamar, como o bom ranzinza que era.

— Tá gostando? — Perguntou para Giovanna em expectativa, nenhuma opinião era tão relevante quanto a dela.

— Tá lindo, vida. Sou suspeita, você sabe. — Se arrumou e levantou-se com Ravi no colo. — Tenho certeza que vai ser um espetáculo incrível, como tudo o que você faz. — Tentou beijá-lo e as crianças rapidamente os separaram fazendo sons de nojinho.

— Eu vou perseguir vocês dois quando estiverem namorando, só pra enfiar a mão no meio do beijo de vocês, seus pestinhas. — Giovanna riu colocando Ravi no chão, tirou Lua dos ombros do pai e a mandou correr atrás do irmão.

— Só assim pra eu conseguir pelo menos abraçar minha mulher. — Nero envolveu a cintura dela encaixando-a ao seu corpo.

— Carente... nem parece que tava me comendo gostoso hoje cedo. — Sussurrou em seu ouvido e fez um carinho rápido em seus cabelos.

MoonlightWhere stories live. Discover now