39 Suicide

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Fióri Smirnov

Saio do hospital, deixando Natasha para trás, preocupado com o estado dela. As incertezas me corroem, não faço ideia do que ela pensará de mim depois de tudo isso. 

Sara tem razão, minha presença a colocou em perigo, a tornou um alvo. Eu sou o único que pode protegê-la, mas ironicamente, a melhor maneira de fazer isso é mantendo minha distância. Natasha é incrível, brilhante, e a ideia de destruir seus sonhos e sua vida é insuportável para mim.

A contra gosto, me enfio no carro, a chave gira na ignição e o rugido do motor enche meus ouvidos. Eu afundo o pé no acelerador, cada curva na estrada se transforma em uma fuga desesperada, uma corrida para me distanciar de quem amo. A razão luta contra o instinto, e se eu permitir que meus pensamentos divaguem por um instante, vou me encontrar de volta naquele hospital, ao lado da mulher que é minha razão de viver.

Manobras arriscadas me fazem ultrapassar sinais vermelhos, desafiando as regras da estrada, mas não me importo. Tudo o que quero é chegar em casa e desabar diante de uma garrafa de uísque, como se o álcool pudesse acalmar a angústia que rugi dentro de mim.

A dor de deixar minha garota para trás é como um soco violento no estômago, uma dor que ameaça me derrubar a qualquer momento. No entanto, entendo que esse sacrifício é necessário para mantê-la a salvo, mesmo que isso signifique minha própria destruição.

O complexo aparece logo a frente, o portão está inesperadamente aberto, e os seguranças não estão em seus postos habituais. Entro com calma e estaciono meu carro na vaga da garagem, desligando o motor com um suspiro pesado. Antes de sair do veículo, respiro fundo, preparando-me para o que vem a seguir.

Com um movimento firme, abro a porta do carro e começo a caminhar em direção à entrada da minha casa. 

Abro a porta e deparo com uma cena caótica: garrafas de vinho quebradas espalhadas pelo chão, taças destroçadas e o computador de Isabelly repousando na mesa de centro da sala de estar com meu celular conectado a ele. Me aproximo da tela e noto uma série de pontos vermelhos piscando em um mapa. Pego o mouse e começo a clicar nos pontos vermelhos, um a um.

Clico no primeiro ponto, que me leva de volta à boate onde estive com Sasha e Natasha. O segundo ponto me leva ao complexo, o terceiro à universidade, o quarto ao estúdio Rurik e o quinto à livraria Orlov. A cada clique, meu coração acelera, e uma sensação de inquietação toma conta de mim. O sexto ponto me leva até a casa de Natasha, o sétimo de volta ao complexo, o oitavo ao restaurante Monsenhor, o nono novamente à casa de Natasha. O décimo ponto marca o cassino e o décimo primeiro a universidade Kanzan.

Quem quer que seja essa pessoa por trás desses pontos vermelhos, ela estava seguindo cada passo meu, observando de perto todos os lugares que frequentei, especialmente quando estava com Natasha. Respiro fundo, sentindo minhas mãos tremerem.

Decido deixar o sofá para trás e me levanto, dirigindo-me à porta no final do corredor, que leva ao escritório do meu falecido e odiado pai. Lembranças sombrias me assombram enquanto relembro o momento em que Natasha foi ferida neste lugar, onde o monstro do Alexei machucou minha amada. 

— O que me faz feliz é saber que você teve uma morte solitária, vergonhosa e humilhante, Alexei! Te odeio, papai! — Grito no escritório com uma fúria descontrolada, deixando escapar todo o ódio que guardava por aquele homem.

No interior do escritório, meus olhos caem sobre o bar, e sem hesitação, pego uma garrafa de uísque. Abro a tampa e tomo vários goles longos da bebida, deixando o líquido âmbar queimar minha garganta. O álcool não alivia a dor, mas me dá a coragem necessária para seguir adiante.

O ASSASSINO DA NAVALHAWhere stories live. Discover now