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Jungkook saiu da casa de seu vizinho mimado e infantil, correndo para dentro da sua, fechando a porta atrás de si e se encostando na mesma, tentando regular a respiração que estava acelerada, as lágrimas caiam sem serem convidadas a participar daquela cena deplorável e lamentável que fazia. O cheiro dele estava em seu corpo, o olhar de ambos que se encontraram e principalmente, o rosto que o lembrava daquele que tanto amou, que foi tirado brutalmente de seus braços e jogado no vale da morte, estava lhe atormentando.

Escorregou de vagar as costas pela madeira fria, se sentando e abaixando a cabeça com as mãos no topo. Estava abalado, sentindo aquela tristeza e raiva que escondeu desde aquela época, na qual sempre quis esquecer mas, era massacrado pelas memórias que o castigavam sem dó e quando menos esperou, ali estava, ao lado de sua casa, seu vizinho que o fizera recordar de um dia que o fez se tornar esse homem de hoje, amargurado e que escondia tudo a sete chaves em um baú, com um escudo na frente, protegendo algo valioso para si.

E depois de horas chorando, imaginando como seria se tivesse sido ele a morrer no lugar de seu amado, parou, precisava se recompor e então, lembrou-se que de nada ia adiantar ficar lamentando, pois seu amor não iria mais voltar.
Então já amanhecendo, Jungkook recordou-se que precisava terminar de revisar alguns relatórios pendentes e logo, teria que ir para a empresa antes que seu sócio, o matasse.
Se levantou, enxugando as teimosas lágrimas e subiu para o banheiro, tomando um banho quente, pensando na semelhança que o baixinho tinha com seu amado e imaginou que poderia ter algo por trás disso tudo porém, apenas balançou a cabeça e pois-se a fechar a válvula do chuveiro para enfim sair do box, indo direto para o seu quarto.

Vestiu uma roupa confortável, para ir em direção a cozinha fazer seu precioso café escuro e amargo, sento-se próximo a janela, enquanto não ficava pronto, observando o clima que estava frio e chuvoso, como gostava. Abriu uma brecha para em seguida pegar um maço de cigarros, retirando apenas um, o acendendo e o colocando entre seus dedos grandes, o levando até sua boca para tragar, fechando os olhos, sentindo a nicotina entrar em seus pulmões para depois soltar a fumaça para cima.

Já na casa ao lado, Jimin abriu os olhos com imensa dificuldade. Fora dormir tarde na noite anterior e ainda por cima sentia as dores do seu pé machucado lhe incomodarem bastante. Outra coisa que também o incomodava era o simples fato de aquela cidade estar sempre fria, esbanjando sua palheta de uma cor só, o cinza.
Levantou-se desgostoso da cama quentinha e saiu mancando ainda enrolado em uma de suas cobertas. Sua saída de Seul para esse "fim de mundo" como o próprio já dissera tantas vezes, fez com que o mau humor criasse raizes profundas em si. Mas não havia tempo para sentir-se chateado ou desgostoso, era hora do café da manhã.

Enquanto preparava a cápsula de café para por na cafeteira, Jimin se pegou pensando na noite anterior. Ainda não gostava nada do seu vizinho idiota, na certa era um cara chato que trabalhava em uma repartição pública e descontava o estresse do trabalho nas outras pessoas, mas ainda assim sentia algo familiar vindo dele, algo causado por ele. Balançou a cabeça em negativa, e girou sobre o calcanhar que estava apoiado no chão, se virando para o armário onde guardara com carinho todas as suas xícaras "divertidas". Enquanto o líquido preenchia a xícara de cerâmica, Jimin se deixou invadir pelo sonho que tivera na noite anterior. Na verdade, não enquadrava as imagens que ressurgiram em sua memória como sonho e sim pesadelo. Lembrou-se de estar acorrentado, sujo, jogado ao chão, se tremia de frio, sentia medo, mas estava de mãos dadas com alguém, um certo alguém que não conseguia sequer ver o rosto.

-Desencana Jimin, foi só ...um sonho !

Jungkook após tomar seu café, voltou para o escritório terminando de revisar todos os relatórios e organizou suas coisas na maleta para ir se arrumar. Foi até seu quarto e procurou uma roupa que lhe agradasse, optando por um terno preto mas, ao invés de por uma camisa social, a trocou por uma de lã gola alta branca, quebrando o escuro para pôr algo claro e finalizou com os seus anéis quebrando o ar de sério demais. Penteou os cabelos para trás, deixando sua testa meia exposta e por último, seu perfume forte, amadeirado que por onde passava, chamava atenção não só pela beleza e sim, por ser cheiroso.

Bad Blood   pjm x jjk Onde histórias criam vida. Descubra agora