Pãozinho de canela

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  Levi         

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  Levi         

Ele cheirava a pãozinho de canela. Aquele cheiro doce de creme e canela que faz a gente salivar. Foi difícil não respirar fundo com aquele cheiro. Mas fui capaz de evitar agir feito um psicopata e agarrá-lo para enterrar o rosto naquele pescoço. Nunca havia conhecido um garoto que cheirasse a pãozinho de canela, mas, caramba, aquilo era excitante.

Enfaixei a mão dele e então o conduzi escada a baixo. Ele parecia confuso em relação a alguma coisa, mas não falou muito. Perguntei se ele tinha uma mochila, ele assentiu e foi pegá-la na mesa ao lado da porta. Ele pegou a mochila azul desbotada. Jogando-a por cima do ombro, ele olhou de volta para a casa com ar preocupado.

- Não terminei de limpar - disse ele, olhando para mim.

- Você não pode faxinar uma  casa com um ferimento aberto - argumentei, apontando para a mão dele, incapaz de conter um sorriso.

A testa dele se franziu.

- Não foi tão grave. Eu posso trabalhar assim - disse ele, erguendo a mão enfaixada.

Sacudi a cabeça e abri a porta.

- Não, não pode.

Quando saímos vi que minha camionete tinha chegado. Eu estava aguardando que a entregassem. Ótimo, podíamos ir no meu carro em vez de pegar o dele.

- Onde está seu carro? - perguntei.

- Não tenho carro.

- Alguém trouxe você? - perguntei, já imaginando que sua resposta seria que o namorado o levara até ali. Droga.

- Tenho um vizinho que trabalha no Kerrington Coutry Club. Venho com ele e depois caminho até aqui.

Um vizinho.

- Ele não traz você até aqui?

Ele sacudiu a cabeça e me olhou como se eu fosse maluco.

- Não, fica menos de dois quilômetros. Eu gosto de andar.

- Quem é seu vizinho? - perguntei.

- O nome dele é Armin - eu ia ter uma conversinha com Armin. Não era seguro alguém com a aparência dele sair pela região sozinho. Tokyo era um lugar seguro, mas havia pessoas que passavam por ali indo de uma cidade para outra.

- Esse Armin leva você para casa?

Ele me olhou hesitante. Como se não tivesse seguro de que deveria responder.

- Às vezes... Sim, na maioria das vezes.

Por que ele não tinha um carro? Devia ter 21 ou 22 anos. Não era uma criança. Tinha um emprego e um apartamento, imaginei.

- E como você vai para casa quando Armin não leva você? - Perguntei, segurando a porta da camionete para ele.

Estendi a mão para que ele a pegasse com a que estava boa e o ajudei a subir na cabine.

- A pé - respondeu ele, sem olhar para mim.

Minha nossa.

Olhando para seus chinelos baratos, notei que ele tinha dedinhos com a ponta cor-de-rosa. Até o pé dele tinha que ser sexy? Caramba.

Ele puxou os pés para debaixo do banco e percebi que ele me flagrou olhando para eles. Fechei a porta da camionete e fui devagar até o outro lado. Esse garoto precisava de ajuda, mas eu não podia salvá-lo. Eu ficaria aqui por uma semana, talvez duas, antes de voltar para o Texas. Ficar preocupado com os problemas dele não era inteligente.

Meu celular começou a tocar no bolso antes de eu girar a chave no carro eu sabia que era Hange. Ela estava me esperando por volta das duas. Olhei o relógio e vi que eram quase duas.

- Oi - atendi, ligando o carro e seguindo em direção à via principal.

- Conseguiu dormir um pouco? - perguntou ela.

Eu podia ouvir Sasha Kate , sua bebê, reclamando ao fundo.

- Ah, sim - respondi.

Não podia dizer a ela que havia dormido pouco, afinal a razão disso estava sentado ao meu lado.

- Ainda vem aqui às duas? Moblit disse que nós daria uma hora e que chegaria às três.

Olhei o machucado de Eren. Aquilo ia demorar um tempo. A sala de espera de uma emergência nunca era algo rápido.

- Aconteceu um acidente esta manhã. O garoto que limpa a casa da Gabi caiu e cortou a mão. Vou levá-lo para dar uns pontos. Pode demorar um pouco até eu chegar.

- Ah, não! - disse Hange, com a voz preocupada. Era uma das muitas razões do por que eu preferia Hange a Gabi. - Ele está bem?

Ele nem estremeceu quando eu limpei o ferimento com água oxigenada. Caramba, até eu estremeci quando me cortei daquele jeito.

- Parece que sim. Foi só um corte feio. Ele não tem carro, e vou precisar levá-lo em casa depois. Talvez só chegue aí no início da noite. Mas você terá o velho Levi pelo resto da semana. Vai enjoar de mim até o domingo - garanti.

Hange riu.

- Duvido, mas tudo bem. Leve o tempo que quiser. Cuide dele e o deixe direitinho em casa. Vou tirar um cochilo com Sasha Kate. Ela acordou muitas vezes esta noite. Os dentinhos dela estão nascendo.

- Descanse um pouco então, querida. Vejo você à noite - respondi antes de desligar.

- Você não precisa ficar comigo. Posso pegar um táxi até em casa - disse Eren.

Eu não ia deixá-lo levar pontos sozinho e pegar um táxi para casa. Será que eu parecia o tipo de canalha que faria isso?

- Vou ficar com você - disse com firmeza.

- Sério, é muito simpático da sua parte me trazer aqui. Mas já tive cortes piores do que este. Eu nem preciso de pontos. Posso simplesmente terminar a faxina e voltar para casa.

O quê? Ele estava falando sério.

- Você vai suturar a mão, e eu vou levar você para casa.

Eu estava frustrado e começando a ficar irritado. Não com ele. Por Deus, quem poderia ficar irritado com um garoto assim, tão bonito? Mas eu estava irritado por ele cogitar que não havia necessidade de tomar pontos.

Desta vez ele não discutiu. Olhei para ele, que estava sentado ereto, o corpo inclinado em direção à porta, como se tentasse se afastar de mim. Será que eu o havia assustado?

- Olha Eren, você estava limpando a casa da minha irmã e se machucou. É responsabilidade nossa garantir que você receba o tratamento necessário. Eu não vou deixar você terminar de limpar a casa hoje. Nem amanhã. Pode voltar quando sua mão estiver melhor e não doer. Vou ficar aqui a semana inteira e posso limpar a minha bagunça, ao contrário da minha irmã. Não preciso de um faxineiro.

Ele não olhou para mim, mas assentiu.

Pelo visto, aquela seria a única resposta que eu receberia. Tudo bem. Ele podia fazer beicinho, mas ,sinceramente, tudo o que fiz foi exigir que ele me deixasse cuidar da sua mão. Qual era o problema dele?

À Sua Espera (Rivaere) MPregOnde histórias criam vida. Descubra agora