Dislexia

78 8 2
                                    

      Levi          

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

      Levi          

Telefonei para Kenny e consegui um horário no dia seguinte com um psicólogo especializado em dificuldades de aprendizagem, a apenas uma hora e meio em Tókio. Do outro lado de sua mesa grande e desorganizada, o homem se levantou para apertar minha mão, depois de empurrar os óculos para cima no nariz. Ele não parecia muito entusiasmado com o nosso encontro. Uma ruga de irritação fixou-se entre suas sobrancelhas brancas, dando-lhe uma aparência de mau.

- O senhor deve conhecer pessoas importantes, Sr. Manning. Como pode imaginar, sou um homem ocupado, e meus cursos estão chegando ao final do semestre.

Como eu havia deduzido, ele não estava feliz com esse encontro. Conhecendo Kenny, sabia que ele devia ter telefonado para o reitor da universidade onde o Dr. Henry Hornbrecker dava aulas, que por sua vez o obrigou a me receber hoje.

- Lamento ter vindo em um momento ruim para o senhor. Deixo a cidade amanhã e há um assunto que preciso encaminhar antes de voltar para o Texas.

O tempo do homem era obviamente curto, portanto eu não ia desperdiçá-lo. Peguei o pedaço de papel que Eren deixara amarrotado no piso do Mercedes de Hange quando saiu correndo em pânico. Cada vez que eu olhava para aquilo, me lembrava do esforço dele e alguma coisa dentro de mim doía.

Entreguei o papel a ele.

- Pedi à pessoa que escreveu isso que anotasse 333 Berkley Road. Sendo essa pessoa um adulto com 22 anos que se empenhou para escrever o que está aí, o que o senhor acredita que isso indica? Por que ele escreveria assim? E por que seria tão difícil a ponto de deixá-lo em pânico?

O doutor olhou o papel, franzindo novamente a testa.

- Vinte e dois anos, você disse? - perguntou ele.

- Sim, senhor - repliquei.

- O senhor quer essa informação para si ou para ele? Com certeza uma pessoa de 22 anos que tem tais dificuldades já recebeu o diagnóstico na escola ou na infância e sabe que problema tem.

Ele sabia qual era o problema. Meu coração disparou.

- Não, ele não sabe. Ele não conseguiu terminar o ensino médio. Não consegue passar em testes. As pessoas dizem que ele é... burro. Mas ele não é. De jeito nenhum.

O médico praguejou e afundou na cadeira, olhando o papel que eu lhe dera.

- Pensei que atualmente nosso sistema de ensino público estivesse mais apto a identificar e lidar com dificuldades de aprendizagem. Especialmente uma tão comum com a dislexia. Me diga, ele sabe ler?

Dislexia. Caramba.

Havia um aluno com dislexia na escola. Ele tinha aulas especiais e um tutor que o ajudava todos os dias. Acabou se formando com distinção e louvor. Ninguém ajudará Eren, e isso teria sido muito fácil. Um nó se formou em minha garganta e apertei o punho contra as coxas. Ira, alívio e frustração percorreram o meu corpo, todos de uma vez.

À Sua Espera (Rivaere) MPregOnde histórias criam vida. Descubra agora