CAPÍTULO 15 O DIAMANTE

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Consegui despistá-lo.

Não só isso, mas consegui sair do labirinto, estou salva.

Nenhum mal lhe acontecerá.

Mentiras, mas vou aceitá-las por enquanto.

Eu não parei por aí, no entanto. Corri tão fundo na floresta que estou completamente perdida, nem mesmo um sussurro de vida humana. Isso me lembra tanto o Casarão Peaches, que faz meu peito doer. Não ajuda que eu esteja respirando tão pesadamente, que me engasgo com o oxigênio a cada inspiração. Estou à beira de vomitar e desmaiar, embora meu corpo não consiga decidir o que fazer primeiro.

Sentindo-me confiante o suficiente de que não sabem onde estou, arranco o galho da minha cintura, me inclino pesadamente contra uma árvore e deslizo para baixo, minhas pernas incapazes de me segurar por mais tempo.

Meus olhos começam a fechar, mas luto contra o desejo porque, apesar de considerada salva, isso realmente não existe neste mundo. Xavier poderia tropeçar em mim e tirar vantagem de estarmos sozinhos. Meus gritos não seriam ouvidos e, mesmo que fossem, ninguém daria a mínima.

Limpando o suor dos meus olhos, olho ao meu redor. A princípio, não vejo nada além de árvores. Mas então, ao longe, vislumbro metal brilhando ao luar.

Um vinco se forma entre minhas sobrancelhas e minha curiosidade se desperta. Eu me permito mais um minuto para recuperar o fôlego, antes de me forçar a ficar de pé e correr em direção ao objeto estranho enquanto verifico periodicamente por cima do ombro, para ter certeza de que ninguém está atrás de mim.

À medida que me aproximo, o objeto torna-se identificável e perco o fôlego novamente ao perceber o que é.

É um trem abandonado. Uma enorme fileira de vagões se estende pela área arborizada em todas as direções, o metal enferrujado e corroído pela natureza. Meu coração bate forte e a empolgação floresce.

Fuga.

Essa é a única palavra que me vem à mente quando olho para esse trem abandonado. Ainda não sei como, mas sei que poderia me abrigar quando finalmente deixar este lugar.

Verificando por cima do ombro mais uma vez e não vendo ninguém, me aproximo do trem e passo minhas mãos sobre o metal frio. Tanto, que quero asilar aqui, em vez de voltar para aquela casa. Não tenho ideia se sabem da localização do trem, mas não será difícil encontrá-lo com o dispositivo de rastreamento na minha nuca.

Se este trem vai me oferecer alguma coisa, preciso utilizá-lo quando não puderem me rastrear.

Uma buzina alta rompe o silêncio, fazendo com que animais se espalhem e um ganido escape, meu coração saltando pela garganta. Respirando pesadamente, espio por cima do ombro, ouvindo vozes chamando, anunciando o fim do Abate.

Estarão procurando por mim, e estou tentada a tirar o dispositivo de rastreamento com um galho afiado e fugir de qualquer maneira, mas o medo me impede. Há muitos fatores contra mim.

Seja esperta, ratinha.

Volto na direção de onde vim, agora paranoica de que me encontrem perto do trem e descubram, se ainda não soubessem. Não quero arriscar se não sabem.

Depois de vários minutos de corrida, vejo um vislumbre de cabelo preto e uma estatura feminina antes de desaparecer atrás de uma árvore.

—Ei! — chamo, esperando que, quem quer que seja, saiba o caminho de volta.

A pessoa emerge do outro lado da árvore, e percebo que é Jillian.

Ela me olha, os olhos arregalados e respirando pesadamente. Não parece muito pior do que eu, o que é honestamente um alívio.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora