Fifty-seven

694 77 205
                                    


_________________________________________

__________________________

Tw: Agressão física.
__________________________

— Vamos fazer assim... – O cacheado começou, após pegar uma palmatória dentro do carro. Ele andou em minha direção, com o instrumento de madeira, dando leves batidinhas na própria mão. – vocês vão receber cinquenta dessas na mão.

— Acho que cem é melhor. – O branquelo se intromete, jogando outra palmatória para o cara em frente a Helena.

— Hoje eu estou bonzinho. – Ele soltou uma risada fraca, parando em minha frente. – Serão apenas cinquenta dessas na mão direita. Mas, temos uma regrinha.

Abaixei a cabeça, escondendo as expressões de dor em meu rosto. Eles colocaram nós duas ajoelhadas no chão, e a areia e pedrinhas estão castigando meus pobres joelhos.

Se vocês fecharem as mãos, ou fizerem qualquer coisa para não acertar a palmatória, receberão em alguma parte aleatória do corpo. Por ser nos braços, pernas, ou... – Meu rosto foi levantando, com a palmatória em baixo do meu queixo. – nesses rostinhos lindos.

— Lindo? – Um, que não consegui enxergar, fala afastado e todos riem.

— Podemos começar? – Meus olhos conseguem encherem ainda mais de água, meus lábios encolhendo e minha cabeça balançando negativamente. – Vamos, abra a mãozinha.

Fiz o contrário, liberando as lágrimas em abundância. Eu nego com a cabeça, implorando silenciosamente para que eles tenham piedade. Mas... eu sou digna disso?

O grito escandaloso de Helena, acompanhado com um som estalado de algo batendo forte contra sua mão, me fez estremecer. Meu choro, que antes era silencioso, começou a ganhar volume.

— Sua amiga é mais corajosa que você. – O cara cacheado tirou onda com minha cara. – Vamos, quanto mais rápido você abrir essa mão, mais rápido saí daqui.

— Qual foi? – O neto do velho puxa meu cabelo, fazendo minha cabeça tombar para trás e meus olhos encontrarem os dele. – Na hora de roubar você teve coragem, não foi? Abra a porra da mão antes que eu atravesse sua cabeça com uma bala!

Meus olhos se arregalaram e o som de Helena recebendo a surra me fez gritar. Ele pegou minha mão contra minha vontade e a forçou a abrir. Eu tentei empurrar meu corpo para trás, mas não estava conseguindo. E, pela primeira vez, aquela madeira tocou em minha palma da mão. Foi tão forte que não consegui ficar em silêncio.

E foi mais uma. E mais uma. E mais uma.

Na quinta dessa, fechei a mão, não suportando a dor. Está ardendo e tremendo.

Eu choro igual uma criança, o nariz escorrendo e a baba descendo no canto da boca.

— Abra a mão! – O bronzeado ordenou, acertando o instrumento em meu braço esquerdo. Doeu, e não foi pouco.

— P-por... por favor... – Peço entre soluços, o olhando nos olhos.

— Quer que eu tenha misericórdia? – Perguntou sarcástico, levantando as sobrancelhas. – Vocês, por acaso, tiveram com algumas de suas vítimas?

— P-PARA, POR F-FAVOR! – Helena pediu aos gritos, logo recebendo uma madeirada.

— ABRA A MÃO! – O homem alto mandou, no mesmo tom de voz.

Eu tinha desviado minha atenção para eles, mas me arrependi quando recebi uma lapada forte na cintura, que me fez urrar. Se eu tivesse alerta, daria um jeito de desviar.

𝙊𝘽𝙎𝙀𝙎𝙎𝙀𝘿 𝘽𝙊𝙔; Izana Kurokawa  Onde histórias criam vida. Descubra agora