65. COISAS DE LOBO: É MAIS QUE UMA EXPRESSÃO

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Como havia prometido a Seokjin, assim que cheguei ao prédio comercial, deixei minha jaqueta encharcada na cadeira do e saí em direção ao seu escritório. Bati duas vezes e abri a porta para vê-lo sentado atrás da mesa branca, com a cabeça baixa e o olhar perdido até me ouvir. Então ele ergueu os olhos e sentou-se um pouco melhor antes de acenar.

- Sente-se. - ele me convidou, como se eu não fosse me sentar diretamente sem que me dissesse alguma coisa. - Pensei no que me falou ontem. - o lobo continuou. - Sobre a vingança do traficante. É a mesma coisa que pensei, embora não tenha provas que comprovem. Você as tem, Hoseok?

- Não, mas é o que eu teria feito. - respondi com minha habitual expressão indiferente. - Você não?

- Não se eu estivesse planejando retomar minhas relações com a Matilha e quisesse chegar a um novo acordo. Nós controlamos o porto, então se quiser continuar traficando na cidade tem que ser com a nossa ajuda.

- Eles não vão mais negociar conosco, Seokjin. - deixei claro para ele. - Um maldito garoto os insultou e ameaçou queimar seus barcos e não deixá-los usar o porto. Ele teve sorte de ser um canadense, porque um americano já teria dado cinco tiros na cara dele.

- Jungkook não teve meu apoio para fazer isso. Eu confiava que se JunHo falasse com eles e explicasse, poderíamos...

- Não. - eu interrompi. - Se chorar atrás deles, vão querer que você baixe as calças para que possam te foder na bunda. Deixe-os ir, estes já estão perdidos.

Seokjin entrelaçou os dedos nos lábios e olhou para mim em silêncio por alguns segundos.

- Trabalhamos com eles há anos, Hoseok, eles são um importante 'cliente' da Matilha. - o lobo me lembrou. - Acho que não preciso dizer quanto dinheiro ganhamos às custas deles.

- Pior. - murmurei, e antes que ele abaixasse a cabeça para me lançar um daqueles pequenos olhares pelo canto dos olhos, continuei: - Nunca estive em uma máfia, Seokjin, mas estive em alguns gangues de rua. Quando nos insultavam, nós vingavamos e, se quisessem pedir desculpas, pensavamos que eram fracos e os ferrava ainda mais. É assim que funciona, você já deve saber.

O Alfa rosnou baixinho e cerrou a mandíbula.

- Eu sei como funciona. - ele asseguro-me em tom áspero. - Eu já era Alfa quando você ainda cagava nas fraldas.

Fiz uma careta e inclinei minha cabeça com curiosidade.

- Quantos anos você tem?

- Quase o dobro que você.

- Você tem cinquenta anos, Seokjin. - não pude deixar de parecer tão impressionado quanto me senti ao descobrir isso.

- Eu disse 'quase', ele me lembrou.

- Quarenta?

- Eu não fiz você vir aqui para discutir minha idade, Hoseok. - Seokjin me disse. - Fiz você vir aqui para me dizer o que você pensa sobre a situação atual. Acredito também que os traficantes canadense nos traíram, mas esperava que eles pudessem ser razoáveis ​​e não levar isto a outro nível. Um mais perigoso...

- Um mais perigoso... - repeti antes de balançar a cabeça lentamente. - Veja, Seokjin, o problema é que quando você se dedica à extorsão e ao tráfico de armas e drogas com outras máfias, as coisas tendem a ficar "perigosas" às vezes.

- Isso eu já sei! - ele rugiu, batendo o punho na mesa e fazendo um barulho baixo que encheu o escritório.

Suas palavras deixaram um silêncio profundo que durou um minuto inteiro. Eu ainda estava sentado com minha expressão habitual, pensando em me levantar e ir embora, mas o lobo havia fechado os olhos e levado a mão ao rosto para massagear sua testa entre o indicador e o polegar. Ele respirou fundo e olhou para mim novamente.

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