𝙿𝚊𝚞𝚗𝚎𝚒𝚛𝚘 ( 𝚅𝚞𝚕𝚝𝚘 𝚗𝚊 𝙰́𝚐𝚞𝚊 ) 𝙿𝚊𝚛𝚝. 3

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A criatura se aproximava com as barbatanas eriçadas, seu olhar se estreitou e seu rosnado se tornou mais ameaçador. Como de uma fera prestes a atacar sua presa, viu o rapaz tentar se levantar mas falhando miseravelmente perante o olhar penetrante do outro. Tudo que conseguiu fazer foi se sentar e proteger seu rosto com seus braços, apertou seus olhos e esperou pelo pior.

A criatura negra estava cara a cara com o rapaz, um suspiro quente batendo no rosto do carioca. Tentou levantar mais sua barbatana maior e estremeceu de dor, olhou para seus cortes e rosnou de raiva, tudo culpa de um humano descuidado que deixou aquela rede perigosa no rio, se não fosse por isso ele estaria muito melhor.

Mas, se não fosse por....... esse humano... ele teria morrido.

Sua mente clareou por um tempo, olhando pro carioca percebeu que o corte em sua perna ainda sangrava, parecia inchado e dolorido. Moveu sua barbatana novamente e viu o rasgo que a linha lhe causou. Pensava que todos os humanos eram ruins, pessoas que só queria se aproveitar de sua espécie e usá-la como bicho de estimação, ou pior.

Mas ele...... " Eu prometo que não vô te machucar "...... " Eu sei que tu tá com medo, eu também tô "...... " Agora a gente é parceiro de dodói "

Quando menos percebeu seus rosnados haviam parado, e o olhar do outro estava começando a aparecer entre os braços a frente do rosto. Os dois se entre olharam e vendo que a criatura já conseguia se movimentar, sorriu um pouco. - Que bom que..... se recuperou rápido.

O outro olhou para seu machucado, cheirando um pouco a ferida e depois se afastando. - Ei, ei..... tá tudo bem, vai melhorar com o tempo, não foi culpa sua.... você tava assustado.

O carioca se levantou e tentou ir até o.... amigo? Mas ele obviamente recuou e rosnou, então o rapaz parou, os dois se olharam duvidosos, o moreno riu um pouco. - Relaxa, sem pressa..... seu segredo tá seguro comigo. - as orelhas pontudas levantaram, parecia estar concordando com ele.

Um barulho na água aguçou seus sentidos, seu rosto foi em direção da água, um crocodilo estava olhando pra eles..... não, estava olhando pra criatura. Um rosnado foi emitido, e então se eriçou novamente, Ricardo sabia que iriam brigar, não queria estar lá para ver o que ia acontecer mas ficou preocupado com seu amigo.

Antes que desse mais um passo, a criatura negra o olhou enfurecido, e só pelo olhar podia lê-lo...

" Cai fora... "

O crocodilo se aproximava do cais, sem mais esperar Ricardo correu de volta para a divisória e a pulou, agora ele teria que ir embora, esperando que sua mãe não brigasse com ele por chegar tarde em casa, com um pulo rápido, a criatura afundou nas águas geladas e os dois se preparavam pra um combate.

Ricardo tentou recuperar o fôlego quando abriu a porta de casa, estava suado e com um pouco de areia no corpo, era muita informação pra similar em apenas algumas horas. Decidiu subir para tomar banho, mas seu braço foi agarrado no pé da escada. - Onde é que você estava? - aquele cheiro de cigarro e bebida, que ar repugnante encheu seus pulmões.

- Tava jogando bola, o que? Num posso mas não?

- Abaixa a voz pra falar comigo moleque, eu não sou seu pai. - agora tocou na ferida de Ricardo, ele amava seu pai, independente de ter partido cedo, suas memórias e lembranças eram as melhores sobre seu velho. Os olhos do homem pousaram na perna do rapaz, quase sussurrando como se nunca tivesse visto aquilo na vida. - O que houve com a sua perna? Parece estar doendo muito.

Ricardo forçou seu braço do aperto, mas só acabou sendo mais puxado pra perto, encontrando seus olhos enfurecidos. - Onde é que você foi? Responda!!

𝙱𝚎𝚕𝚎𝚣𝚊𝚜 𝙿𝚛𝚘𝚏𝚞𝚗𝚍𝚊𝚜.... 𝚃𝚎𝚜𝚘𝚞𝚛𝚘𝚜 𝚁𝚊𝚛𝚘𝚜.Where stories live. Discover now