Segredo nosso

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Oiii, voltei com mais um capítulo para vocês.
Espero que gostem e comentem.
Prestem atenção nos detalhes, porque é deles que vai se constituindo uma certa proximidade da Sofia com o Matthew para chegarmos na outra versão de My Angel.

◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇

POV Lauren

-Ainda bem que resolveu.

-O que houve, Lo? Cheguei e você parecia preocupada na ligação.

-A companhia aérea ligou, eles queriam o documento da terceira criança que supostamente viajaria conosco. _ Expliquei sentando na cama e Camila fez o mesmo. _ Um dos funcionários colocou o meu número na planilha de outra família que tem dois meninos e uma menina, tive que explicar que só tenho um filho e não dois.

-Tudo resolvido então?

-Sim, Linda. Eles nos ofereceram alguns mimos como pedido de desculpas.

-Mimos?

-É. Deve ser aquelas toalhas quentes, comida boa. _ Falei dando de ombros e ela assentiu levemente. _ Acha que dessa vez o Lou vai tomar calmante? A pediatra dele disse que viagens rápidas não precisam.

-Vou conversar com ele, mas vou deixar o remédio na mala caso precise.

-A comida está pronta.

-Eu vi, parece estar ótima. O cheirinho de camarão gratinado.

-Comprou o protetor?

-Sim, para os meus três fantasminhas. _ Ela brincou selando nossos lábios e acabei rindo, diz que somos brancos demais para o sol. _ Deixa só eu tomar um banho rapidinho que já desço.

Passei no quarto do Louis que já tomava banho e avisei que o almoço estava pronto enquanto respondia algumas mensagens do Shawn, ficamos de fazer alguma coisa em família nessas férias quando voltarmos do parque. A Camila tem uma boa amizade com Natasha, esposa do Shawn, então fico tranquila de fazermos algo juntos sabendo que ela está confortável. Diferente de uma boa parte dos empresários que convivemos nos jantares, ela não gosta e eu evito ao máximo expô-la em momentos com eles.

Notei o quarto da Sofi fechado e abri a porta vendo minha filha agarrada em seu bichinho de pelúcia enquanto chorava baixinho. Me aproximei ganhando sua atenção, mas ela rapidamente sentou na cama limpando o rosto tirando a expressão frágil de segundos atrás. Fiquei parada tentando saber se talvez ela queria conversar ou me contar o motivo do choro, mas ela disfarçou indo para o banheiro e só avisei que o almoço estava pronto antes de descer para a cozinha.

-Mamãe, vamos em todos os brinquedos dessa vez?

-Claro, filho. Todos os que você e sua irmã quiserem, é o presente de vocês.

-Cadê a Soso? _ Louis perguntou curioso e vi Camila entrar na cozinha com uma blusa minha e um short de algodão. _ Ela não vem almoçar?

-Vem, deve estar descendo.

-Mami, eu já organizei minha mala.

-Colocou a quantidade que falei de roupa?

-Sim, senhora. _ Ele falou recebendo um beijo da mãe e vi Sofia chegar com os olhinhos inchados. _ O que houve, So?

-Nada.

-Mas seu olho está inchado.

-Já disse que não é nada.

-Você estava chorando? Ela estava chorando, não é? Parece que chorou e...

-Que merda, garoto! Não consegue entender que não estou afim de falar? Saco!

-Sofia! _ Repreendi e ela sentou a mesa em silêncio enquanto praticamente me fuzilava com os olhos. _ Eu não quero você falando desse jeito com o seu irmão ou qualquer outra pessoa, entendeu?

-Hm.

-Você entendeu, Isabella?

-Sim, senhora.

Comecei a comer depois do pequeno atrito entre os dois e recebi um olhar indecifrável da minha esposa, não conseguia entender o que ela queria, mas pela descrição acabei não perguntando à mesa. Notei que Sofia mal comeu e pediu para subir antes mesmo da sobremesa e Louis estava quietinho por eu ter brigado com a irmã dele, ele sempre fica assim. Geralmente defende ela até quando não tem como, mas acho fofinho da parte dele cuidar tanto assim da nossa bonequinha.

[▪▪▪]


-Sofia? O que está acontecendo?

-Por que você só briga comigo? Eu disse que não queria falar.

-O seu irmão só estava preocupado, So. _ Tentei me aproximar e ela deu um passo para trás. _ So?

-MÃE?

-O Louis está te chamando, mãe.

-A gente está conversando, Sofia.

-MÃE?

-Espera só um minutinho. Eu já volto, filha.

Saí do quarto ouvindo Sofia bater a porta e vi Louis parado segurando os dois jogos de videogame que mais gostamos, tínhamos combinado hoje cedo de jogar.  Geralmente procuramos fazer programas que Sofia e Camila também curtam, mas ele está pedindo isso desde segunda, já que passei a semana inteira na empresa adiantando tudo. Respirei fundo percebendo que a porta do quarto da Sofia estava trancado e segui para a sala com meu filho onde Camila estava mexendo no celular.

-Cadê a Sofia?

-No quarto, ela está um pouco irritada.

-Filho, vai lá pegar sorvete pra gente, por favor. Está calor. _ Camila pediu e Louis prontamente saiu da sala. _ Você brigou com ela?

-Não, eu só fui saber o que estava acontecendo.

-E o que ela disse?

-Que eu só brigava com ela.

-Hm.

-O que significa esse “hm"?

-Que sua filha está com ciúmes, muito. E que não foi legal chamar só atenção dela à mesa, Louis precisa respeitar o direito dela não querer falar.

-Mas ele só estava preocupado.

-Eu sei e ela também sabe disso. Mas às vezes não é o momento de falar, ele precisa respeitar isso também, e como você não falou nada, ela já deve estar pensando que você nunca briga com ele.

-Mas eu chamo atenção dos dois igualmente.

-Não é isso que parece para uma adolescente de quinze anos que ainda está de castigo e que você não se aproximou até agora para dar um beijo.

-Eu vou conversar com ela direitinho sobre o baile, só estava me acalmando.

-Eu sei, Amor. _ Senti um leve carinho em meu rosto e ganhei um selinho. _ Só não demora muito, a Sofia sente sua falta.

Esperamos até Louis voltar com nossos sorvetes e começamos a jogar entre as histórias do nosso pequeno príncipe, ele estava muito empolgado para o próximo ano letivo. Ainda mais agora sendo oficialmente pré-adolescente e sendo jogador de futebol americano, mas já avisei que quero o mesmo foco e empenho que ele teve nesse ano letivo.

Com Sofia temos conversado um pouquinho mais sério, ela pediu para fazer um curso de designer de moda e um de costura para produção. No início me incomodei um pouquinho, no fundo eu queria que ela seguisse meus passos e gostasse da construção, mas entendi que esses são ao passos dela e o meu dever é segurar sua mão. Camila disse que os desenhos dela são realmente bons, eu não entendo muito dessas coisas, mas morro de orgulho quando alguém elogia a minha bonequinha.

Elogiar...

Suspirei lembrando que sequer agradeci pela sobremesa e me culpei por não ter falado direito com a minha filha, castigo do silêncio é torturante e eu sei bem disso. E apesar de não ter sido intencional, talvez no fundo eu entendia o seu olhar irritado ou suas lágrimas, eu nunca agi dessa forma com ela nem com o Lou. Pausei o jogo avisando que subiria para chamar Sofia e caminhei em direção ao quarto da minha pequena, que deixou a porta trancada.

-Sofia? Abre a porta, por favor. Sofia?

Esperei até a porta ser aberta e vi minha filha com os olhinhos marejados, o tom dos lábios avermelhados indicando que ela tinha chorado e a expressão triste, diferente do que estou acostumada a ver dela. Fiz um sinal para entrar e fomos andando em silêncio até a cama dela onde ainda estava o bichinho de pelúcia que dei quando ela era pequena, um leãozinho.

-Você ainda dorme com ele?

-Durmo, mas não conta para os meus amigos.

-Segredo nosso. _ Enlacei meu dedinho no dela e vi o seu sorrisinho de lado. _ Podemos falar sobre o baile?

-Qual vai ser o castigo?

-Nenhum.

-Nenhum?

-É, a sua mãe já tirou seus eletrônicos e acho que é o suficiente.

-Desculpa ter ido, eu achei que seria legal.

-E foi?

-Não, eles usam drogas e só queriam beber.

-E o garoto? Você gosta dele?

-Gostava um pouco, mas ele é grosseiro. _ Ela contou e beijei sua mão antes de encará-la. _ Ele não é como você.
-Como eu?

-É, ele não é gentil. Na escola ele até parecia ser, mas ele não cuidou de mim quando os amigos fizeram brincadeiras idiotas e ele queria me forçar a fazer coisas.

-Entendi. Ainda quer vê-lo?

-Não, e ainda bem que foi o último ano dele.

-Fiquei triste por você ter mentido para mim.

-Eu sei, desculpa ter mentido. _ Ela falou e beijei seus cabelos ganhando um sorrisinho. _ Não vou mais fazer isso.
-Confio em você, meu bebê.

-Você ainda é minha mãe?

-Claro, por que eu não seria?

-Nada. _ Ela deu de ombros vindo me abraçar e apertei o seu corpinho em meus braços. _ Te amo.

-Também te amo, filha.

[▪▪▪]

Terminei de organizar a mala enquanto ouvia Camila cantarolar pelo quarto enquanto secava o cabelo e vi Louis entrar no quarto segurando um cachorro no colo. Franzi o rosto tentando lembrar de qual de nossos vizinhos poderia ser o cachorrinho, mas Lou disse que era de um amigo da outra quadra. Eles iriam jogar bola e o garoto trouxe o filhote para passear, nem preciso dizer o quanto as crianças amam bichinhos. Mas infelizmente desde que o Thunder morreu eles não querem qualquer animal aqui em casa, o meu filhote ficou entre as duas casas porque as crianças eram apaixonadas nele

-Não quer mesmo um filhote? A gente pode adotar um.

-Não, mamãe. Eu não gosto quando eles morrem. _ Louis falou agarrado no filhote que parecia estar gostando. _ Eu posso ir?

-Pode, mas nada de sair do condomínio.

-Tá bom.

E mais uma vez meu príncipe saiu correndo, não entendo a dificuldade dele em andar pela casa, é sempre correndo.

-Lolo, você conversou com a Sofia?

-Sim, estamos bem. Eu acho.

-Como assim?

-Ela parece estar escondendo alguma coisa, não sei.

-Em que sentido?

-Ela perguntou se eu ainda era mãe dela e quando eu perguntei, ela não me respondeu.

-Aconteceu algo pra ela pensar que não seria? Você disse algo?

-Não, esse tipo de coisa não se fala nem na hora da raiva. _ Expliquei e Camila assentiu levemente. _ Ela quer conhecer o Matthew?

-Acho que não, foi o que ela disse.

-Eu não sei o que sentir se ela quiser ter uma relação com ele.

-Ela não vai deixar de ser sua filha por isso, vai?

-Não, isso nunca. _ Respondi mais para mim do que para Camila, Sofi é minha princesinha. _ Ela sempre vai ser minha filha.

-Então não se preocupa com isso agora. Ela nem falou nada comigo sobre o Matthew.

-Mas você não falou de conversar com ele quando voltarmos da viagem?
-E vamos. Eu não quero que ele apareça do nada para a Sofia outra vez, pode deixar a cabeça dela bagunçada. E se ela quiser conhecê-lo melhor, eu quero estar ciente de tudo.

-Tomara que não queira.

Mesmo que eu odeie essa possibilidade da Sofia querer manter contato com o Matthew, sei que ela existe e é bem grande. Conheço bastante minha filha e mesmo que ela diga que não quer vê-lo, sei que tem interesse em todas as respostas para suas perguntas. Sofia não é o tipo que se apega tão fácil, mas é inocente demais para pessoas dissimuladas e o pouco de contato que ela já teve com ele, sei que Matthew não mudou.

Eu quero muito ter uma conversa com ele, fizemos um acordo anos atrás de que ele abria mão da paternidade e agora ele reaparece como uma vítima e com uma historinha esfarrapada. Camila conversou algumas vezes sobre ele e concordamos de que precisamos conversar com ele, talvez minha conversa fosse mais uma discussão com direito ao soco que devo desde que conheci a Camila... Mas eu concordei em sermos civilizadas enquanto isso não estiver afetando a Sofia.

-Pensando em quê?

-Não posso dar um soquinho no Matthew?

-Só se ele machucar a nossa filha.

-Tá bom.

-Você é demais, Lauren.

-Eu posso levar a Sofia para tomar sorvete? _ Perguntei ganhando um olhar confuso da minha esposa. _ Ela está de castigo, lembra?

-Ah, sim. Pode, Lo.

-Você quer ir com a gente?

-Não dá, alguém tem que ficar aqui com o Louis.

-Quer que eu traga sorvete então?

-Traz para o Lou, ele adora.

-E você, minha princesa? _ Perguntei levantando da cama e envolvi a cintura da minha esposa. _ Quer o quê?

-Nada, Vida. Mais tarde podemos assistir um filme juntas? Só nós duas.

-Claro. Escolhe o filme e mais tarde assistimos.

-Pode ser romance? _ Ela fez biquinho virando de frente para mim e biquei os seus lábios. _ Pode?

-O que você quiser.

[▪▪▪]

Desde que saímos de casa Sofia não soltou uma palavra. Eu tinha sugerido a sorveteria porque fica alguns minutinhos de caminhada aqui de casa e talvez ajudasse caso ela queira me falar algo. Odeio ficar num “clima estranho” com as crianças ou com a Camila, raramente acontece e me sinto mal porque nós temos uma relação familiar incrível. Foi algo que a Camila e eu trabalhamos desde o início, resolver todas as nossas questões, era necessário para ela por razões óbvias e ótimo para nossa relação de um modo geral.

-Vou pegar uma mesa e você faz os nossos pedidos, tá?

-Split?

-Split.

Segui para uma mesa no espaço externo da sorveteria e vi de longe Sofi sorrir para o atendente, um senhor extremamente simpático que a conhece desde que nos mudamos para cá. Vi minha filha se aproximar um pouco sem jeito e sentar ao meu lado encarando a mesa à nossa frente, provavelmente com receio de falar alguma coisa.

-Quer me contar alguma coisa, filha?

-Eu?

-É. Você quer?

-Mas eu já falei tudo que aconteceu na festa, mãe. _ Ela se apressou em falar me olhando assustada. _ Eu juro.

-Não é disso, bonequinha. Sabe que pode me contar qualquer coisa, não é?

-Eu sei.

Vi o seu olhar intercalar do meu para as mãos inquietas em seu colo e voltar para os meus como se buscasse algo seguro. Eu não sabia se o que ela estava guardando tinha alguma ligação com a festa ou algo assim, mas era algo que a estava deixando mal, era notável isso apenas em seu olhar.

-Você vai ser minha mãe pra sempre?

-Claro que vou, filha. Por que você está com isso na cabeça?

-E-eu ouvi você falando que só tinha um filho. _ Vi seus olhinhos marejados e a puxei para os meus braços. _ E-eu não quero deixar de ser sua filha.

-Ei? Você é minha filha.

-Mas v-você falou no celular que...

-Eu estava explicando para a companhia aérea que só tenho o Louis de filho, de menino. Eles trocaram as informações e queriam a documentação de um garoto, mas era de outra família.

-Entendi.

-Ei? Você sempre vai ser a minha bonequinha, sempre.

-Promete?

-Com a minha vida, bonequinha. _ Beijei sua testa enquanto fazia um carinho em seu rosto. _ Eu te amo.

-Eu também, mamãe.

-Agora tira essas minhoquinhas da cabeça.

-Tá bom, mamãe.

-Filha, eu posso perguntar uma coisa?

-Pode.

-Você quer conhecer o Hussey? _ Questionei, eu preciso tirar essa dúvida da minha cabeça. _ Pode ser sincera comigo, eu não vou brigar.

-Ele machucou a minha mãe.

-Sim, ele a machucou. Mas se você me disser que quer conviver com ele, eu vou respeitar.

-Não quero fazer ninguém triste.

-Ei? Isso é sobre você, não sobre nós.

-Eu queria perguntar algumas coisas pra ele, mas não quero que ele seja meu pai de verdade.

-Você quer conversar com ele?

-Acho que sim.

-Entendi. _ Segurei sua mão vendo seus olhinhos curiosos em minha reação e depositei um beijo. _ Eu vejo como fazer isso acontecer.

-Ele não pode me tirar de vocês, né?

-Claro que não, filha. Tudo foi resolvido na lei e em comum acordo.

-Ele disse que eu tenho irmãos.

-Quer conhecê-los?

-Não. Eu gosto de ter só o Lou de irmão.

-Não quer ter mais nenhum?

-Só se for meu irmão igual o Lou. _ Ela falou e olhei confusa ganhando uma risadinha sua. _ Seu e da mami, mãe.

-Mas você sabe que biológico não dá mais.

-Eu não ligo pra isso, mas tem que ser um Cabello Jauregui.

-Licença. Duas bananas splits. _ Um dos atendentes veio nos atender e vi os olhos da minha filha brilharem, ela ama isso. _ Espero que gostem.

-Sua mãe me mataria se visse isso, olha o tamanho.

-Ela não precisa saber disso, mamãe.

-Segredo nosso.

Enlacei meu dedinho no dela e vi Sofia sorrir feito criança quando apronta, como eu posso cogitar “não ser mais mãe” dessa criatura tão fofa? Ela é meu primeiro amor, nem dez Matthew me fariam cogitar deixar de ser mãe dessa garota. Ela é o meu pedacinho de amor, meu grude.

[▪▪▪]

-Oi, carinha.

-Oi, mamãe. Aconteceu alguma coisa?

-Eu queria falar sobre o almoço. _ Comecei ajeitando a coberta no corpo do meu filhote que bocejou. _ Quando sua irmã e qualquer pessoa demonstrar desconforto de falar algo, não insista.

-Desculpa. Eu só fiquei preocupado.

-Eu sei, não estou brigando com você. É só um papo de mãe e filho.

-Ela ainda está brava?

-Não. Ela só precisava tomar um sorvete e conversar um pouquinho.

-Não gosto de ver a Soso triste.

-Nem eu, carinha. _ Beijei sua testa vendo sua expressão sonolenta e dei um leve sorriso. _ Mas logo ela vai ficar bem, hm? Agora vai dormir que está um pouco tarde.

-Boa noite, mamãe.

-Boa noite, filho. Eu te amo.

-Também te amo.

Voltei para o meu quarto encontrando Camila com uma blusa minha deitada na cama enquanto rolava os canais na TV. Quase gemi ao notar sua calcinha de renda branca aparecer quando ela se mexeu e me aproximei, já tínhamos combinado de assistir o filme de romance que ela queria. Essa semana quase não tivemos tempo de ficar juntas e eu sinto muita falta, ela é a pessoa que eu mais amo.

-Quer que eu faça pipoca, anjo?

-Não precisa, qualquer coisa eu pego uma batatinha.

-Vem, deita aqui comigo.

Deitei na cama sentindo seu corpo se aconchegar ao meu e Camila colocou o filme enquanto eu admirava como em todos esses anos ela continua sendo tão perfeita. Eu admirava o quanto mesmo com tantos problemas que nós já tivemos, ela continuava sendo a pessoa mais pura do mundo, com o olhar mais doce e o coração mais bondoso que já vi. Eu tive sorte de encontrá-la e não me canso de dizer isso, ela é perfeita demais.

[▪▪▪]

Dia Seguinte
POV Camila

Domingo em família.

Depois de acordar os meus três fantasminhas para tomar café, decidimos vir à praia aproveitar o calor e o início das nossas férias em família, mesmo que ainda não seja oficialmente. Apesar das crianças já estarem de férias, Lauren e eu ainda vamos trabalhar essa semana para conseguirmos passar bastante tempo dessas férias com nossos filhos. Sem falar que estamos pensando em ir a Disney, eu amo a magia daquele parque, os desfiles... E Lauren me ama, disse que vai tentar comprar os ingressos para nós quatro.

-Prontinho.

-Todo mundo passou protetor? _ Perguntei recebendo um aceno positivo de três fantasminhas. _ Ótimo, daqui duas horas encho vocês de novo.

-Posso jogar bola com eles?

-Pode, filho. Só não vai pra longe.

-Tá.

-Eu vou para a água, mami. _ Sofia avisou tirando o short e relaxei na cadeira de praia, adoro vir aqui. _ Você vem, mamãe?

-Daqui a pouco. Ainda preciso me acostumar com o sol, sou um vampiro.

-Tá bom, mas não demora.

Senti Lauren entrelaçar nossas mãos e biquei seus lábios ganhando um leve sorriso, o sorriso que eu mais amo. Observei Louis já se divertindo com mais alguns adolescentes que jogavam vôlei de praia e vi Sofi na água, parecia um verdadeiro peixe. Os dois adoram água e eu também, a Lauren que fica meio receosa de virar um camarão todas às vezes que vem aqui, mas até que gosta também.

-Que carinha é essa?

-Já está cheio de urubu perto da minha princesinha. _ Lauren reclamou com o olhar fixo na nossa filha dentro da água e dois meninos perto. _ Ela saiu faz dois minutos. Dois.

-Ciumenta. Os garotos nem estão falando com ela.

-Mas estão tentando se exibir. Olha lá.

-Quanto ciúme. _ Brinquei e ela me encarou com um biquinho fofo. Lauren sempre foi ciumenta com nossos bebês. _ Acho que a Sofia vai demorar um pouquinho até conhecer alguém.

-Se fosse a Ariana, eu ficaria tranquila.

-Você também notou?

-Quem não nota as duas se olhando? Só não entendo porque não aconteceu nada ainda, elas se gostam.

-Você é ciumenta e a Ari sabe disso, pode estar receosa.

-Se for com ela, as duas têm o meu apoio. Eu quero ver as duas felizes e se for juntas, fico mais feliz ainda.

-Não sabia que apoiava tanto, Lo.

-Eu só sinto ciúmes quando percebo que é alguém que não merece as duas garotinhas incríveis que elas são. Até se fosse algum menino, eu não ligaria... Talvez me incomodasse um pouquinho, mas apoiaria se fosse um cara legal.

-É fofo ouvir isso de você. _ Fiz um leve carinho em seu rosto com o polegar e ela sorriu. _ As duas tem sorte em ter você.

-E a Ve também apoia que eu sei.

-Acho que só falta as duas decidirem.

-Porra!

-O quê? _ Questionei tentando olhar na mesma direção que Lauren olhava, e dessa vez não era para nossa filha na água. _ Matthew...

-Não é possível que todo lugar encontramos ele. Puta que pariu.

-Calma. Vamos para outra praia, hm?

-Não adianta, vamos acabar encontrando ele de novo.

-Eu não entendo ele ter voltado para o país.

-Ele voltou pela Sofia. _ Ela respondeu e vi Matthew saindo da água com um adolescente enquanto riam. _ Só não sei se pelos motivos certos.

Notei Sofia saindo da água enquanto devolvia uma bola para um garotinho que passeava com o pai e vi que Matthew percebeu sua presença, mas não se aproximou com o tal garoto, apenas continuou seu caminho. Suspirei um tanto aliviada por não ter mais um encontro desagradável e vi Lauren com a expressão um pouco irritada, mas ainda assim não lembrava em nada como foi sua reação nas outras vezes.

-Mãe, pode alugar uma prancha pra mim?

-Pega lá, mas toma cuidado para não ir muito longe. _ Lauren estendeu uma nota e guardou a carteira na minha bolsa. _ E fique longe daqueles urubus.

-MÃE!

-Nem adianta ficar vermelha, eu vi aqueles dois te cercando.

-Lo, deixa ela.

-Tô de olho, mocinha. Tô de olho.

[▪▪▪]

-Isso é grudento.

-Mas tem que usar, filho. Você viu como ficou da outra vez. _ Rebati vendo o biquinho fofo do meu filho. _ Prefere ficar igual da última vez?

-Não, eu nem consegui dormir direito.

-Então para de reclamar, meu ranzinza. Agora vai chamar sua irmã e sua mãe, está na hora de ir almoçar.

-A gente vai comer aqui perto ou vamos embora?

-Queria ir ao shopping, mas se vocês quiserem podemos ficar.

-Eu queria ficar mais um pouco aqui na praia.

-Então a gente fica. Sem problemas.

-Obrigado, mami. _ Ganhei um beijo estalado na bochecha e vi Louis correr em direção às duas na água.

Notei os três ainda dando seus últimos mergulhos antes do almoço e vi meu ex simplesmente parar ao lado do guarda-sol acompanhado do filho, deduzi pelos traços físicos. Respirei fundo sentindo um nervosismo percorrer o meu corpo e vi a mesma expressão de quando nos encontramos no colégio da So, um sorriso totalmente cínico, convencido.

Apesar de tudo, eu conseguia me comunicar perfeitamente com Matthew, ele não era alguém que regredia os meus progressos, só era alguém que eu estava começando a odiar por surgir do nada na vida da minha filha.

Minha maior preocupação não era Sofia conhecê-lo ou até mesmo conviver com o Matthew, não se ele fosse alguém legal. Mas sei que não é. Matthew já se mostrou o mesmo manipulador de dezesseis anos atrás e a minha filha tem um coraçãozinho doce demais para ser machucada.

-Camila... Linda como sempre.

-O que você quer?

-Vim falar com a Sofia. Apresentar o Matthew, ela tem direito de conhecer o irmão.

-Essa aí é a mãe da Sofia? _ O garoto perguntou me olhando de cima a baixo e revirou os olhos. _ Mandou bem, pai.

-Matthew, não é lugar nem hora dessa ceninha. Sofia sequer falou com você direito e não quer conhecer seus filhos, vá embora.

-Eu sou o pai dela.

-Não, você não é. Ela é filha da Camila e minha, então fique longe. _ Senti o meu corpo entrar em alerta com a voz da Lauren. _ Ainda estou pedindo com total educação, mas não duvide de que ela possa acabar num instante.

-Jauregui...

-Essa é a mulher que assumiu sua filha, pai?

-É, Junior. Essa é a família da sua irmã. Não vai falar oi, Sofia?

-Mamãe, eu quero ir embora. _ Sofia pediu completamente em choque e fiz um sinal para Lauren. _ Mamãe...

-Mamãe? Que patético.

-Junior, fique quieto.

-Mas pai, isso é completamente infantil.

-Junior, não é o momento. Lembra do que conversamos?

-Lembro. Desculpe, Sofia. Foi uma brincadeira idiota.

-Eu te dou dois minutos pra sumir da minha frente antes que eu ligue para a polícia. _ Lauren falou totalmente séria e vi Matthew vacilar o olhar. _ Quero você e toda sua família longe da minha filha. Não interessa se você teve mil filhos por aí, Sofia não quer conviver com nenhum deles e respeito  a escolha dela. Agora some daqui.

-Não vai deixar essa lésbica nojenta falar assim, vai? Fala alguma coisa, pai.

-Junior, fique quieto.

-Você não vai fazer minha filha de brinquedo que se brinca e guarda quando enjoa, ela tem sentimentos. Não me interessa se você está acostumado a só pagar uma merda de pensão e passar as férias com seus filhos fingindo ser o pai mais foda do mundo. Com a Sofia, você não vai fazer isso.

-Eu vou entrar na justiça, Jauregui. Ela é minha filha, tenho direitos.

-Direitos que você abriu mão diante de um juiz. Ou será que esqueceu? Sofia era um problema pra você, lembra?

-Jauregui...

-Que foi? Não era pra contar sobre isso, Hussey? Ou acha melhor que eu fale do nosso encontro na cafeteria dez anos atrás? 

-Vamos embora, Junior.

-Você é inteligente, Hussey. Não se aproxime da minha filha ou eu acabo com você e essa vidinha de merda que você leva.

-Isso não vai ficar assim.

-Claro que não, eu cumpro tudo que falo. Avisei que não era pra você chegar perto da minha filha, eu avisei.

-Vamos, Junior.

-Hussey? _ Laur chamou quando ele saía praticamente puxando o filho pelo braço. _ Vai pela sombra.

Notei Matthew entrar num carro branco e voltei a encarar minha esposa, eu não fazia idéia do que ela estava falando, mas parecia ser algo bem delicado, já que o Matthew saiu num piscar de olhos. Sofia tinha o mesmo olhar que eu, de curiosidade, enquanto Louis mantinha um biquinho fofo nos lábios, provavelmente por causa do tal Junior, ele morre de ciúmes da irmã dele.

-Do que vocês estavam falando, mamãe?

-Você não vai querer saber, Sofia.

◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇

O que acharam???

Teve papo mãe e filha.❤

Teve fantasminhas na praia. 😂😂😂❤

E teve Matthew chegando mais uma vez e  sim, ele está fazendo isso propositalmente.💥💥💥👀

Tem direitos? Eu conto ou vocês contam?🤡🤡🤡

Essa conversa dele com a Lauren não foi escrita na primeira temporada, ela vem em forma de flashbacks. 💣💣💣

30COMENTÁRIOS PQ SIM

My Angel Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang