Capítulo 13 - Asas

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Ellexis deu um passo para longe da janela.

A srta.Motyz virou-se novamente para a rua assim que ouviu o relincho dos cavalos brancos como a neve, trotando com brutalidade sobre sua grama bem aparada. Ao ouvir o nome de Ellexis, dito e chamado como nos contos antigos de Southerns Stellas, a velha viu-se indignada. Como poderia aquela menina que limpava o chão onde Motyz pisava ser digna de um título desses?

Prestes a encarar o duende, ela não viu que na janela estava a escolhida. Ellexis se afastou mais da imagem que alastrava o jardim — não saberia explicar que aquilo era tão real que quase sentia medo. Torceu os dedos nervosamente, olhando para o chão, então ergueu o olhar e percebeu que a srta.Motyz falaria com o duende.

Começou a caminhar a passos curtos para fora do quarto, sem se incomodar em fechar a porta, as mãos entrelaçavam-se, tremendo. Os corredores escuros a cobriram, e ela imaginou a cena do jardim a esperando — seu destino a esperando.

O deus do Sul aguardando uma resposta ao seu chamado.

Ellexis começou a correr loucamente pelos corredores, o sorriso mais genuíno de toda a sua vida tomando conta do rosto suado e cansado. Ela veio, ela veio, ela veio, ela veio, ela veio, ela veio... repetia em pensamento. Ela veio, a Carruagem Dourada veio...

Milhares de imagens tomavam sua agitação, baseadas nas descrições e ilustrações que lera e vira de Waterfall, e quanto mais rápido corresse, pensou, mais cedo chegaria até lá, para onde era chamada. Passou pela cozinha e pela sala de jantar como um vulto, as botas deslizando no chão bem polido de Hosthouse. Perdeu o equilíbrio por um momento ao chegar no hall de entrada, onde a porta estava escancarada e ela podia ver perfeitamente seu futuro a aguardando no jardim.

Ellexis derrapou em frente a porta e teve que se segurar para não cair. A srta.Motyz discutia com o duende.

— Isso só pode ser uma piada! — debochou a velha. — Ellexis? Southern Stella? Nem em um milhão de anos.

Pela primeira vez em toda a sua vida, ela teve vontade de bater na srta.Motyz. Odiava que debochassem de sua capacidade de fazer qualquer coisa que fosse. Admitia que queria empurrar a velha e chutá-la.

Colttis surgiu por entre os arbustos e começou a latir para os cavalos, que se assustaram, relinchando e se afastando da entrada da casa. O duende olhou para trás e fez um sinal para o cocheiro os controlar, e quando tornou a olhar para frente, viu Ellexis na porta de entrada, acima da srta.Motyz.

Ellexis sorriu para ele, e o duende lhe sorriu de volta.

A srta.Motyz percebeu que o duende a ignorava e olhava por cima de sua cabeça, então virou-se e se deparou com Ellexis, que não a encarou, mas desceu cada degrau lentamente, deixando que as botas batessem estridentes contra a ardósia branca.

Cada declaração era seguida de um passo:

— Sou eu. Ellexis Houysa Howard. — O rosto da srta.Motyz adquiriu um tom de vermelho muito forte — É a mim que você chama. — Ellexis disse com gosto, o queixo erguido até onde podia. Ela sabia que a srta.Motyz reprovava esse ato, essa coragem. Mas, ah... coragem...

Se existia uma única palavra no mundo capaz de caracterizar Ellexis, essa palavra era corajosa.

O duende moveu-se dois passos para o lado para falar com ela sem que a figura da srta.Motyz se interpusesse entre eles — o que deixou a velha ainda mais irritada.

— Srta. Howard — começou o duende —, seu nome apareceu em nosso septingentésimo vigésimo quinto Deus Meridianam Libri, estou aqui para levá-la até a grande Academia de Heróis em Dortinan, Waterfall, e assim cumprir com seu destino como uma Estrela do Sul.

Sob Chamas de Sangue | Vol. 1 Forged In DarknessDonde viven las historias. Descúbrelo ahora