Capítulo 26 - Quando a Imensidão voar

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Por um segundo, tudo que Ellexis viu foi escuridão. Seu estômago pesou e doeu, se contorcendo em queda livre. Ela girou no ar, jogada pela violência dos ventos, e quando olhou para baixo, imaginou estar caindo dentro de um poço escuro e sem fim.

Um terror terrível a tomou, e um pensamento rápido lhe fez sentir que aquela escuridão seria a última coisa que veria.

O baque fez doer todo o seu corpo. Ellexis foi coberta pela água e a velocidade da queda a jogou para o fundo, cada vez mais fundo, até ela sentir que tocaria o chão — e permaneceria lá.

Ela subiu para a superfície rapidamente, batendo com força os braços e as pernas, com medo daquela água sugá-la de volta. Chegou à superfície quando seus pulmões já doíam sem ar, e abriu a boca para respirar o mais rápido possível.

Ellexis conseguiu se recompor antes de olhar em volta e procurar por Ainslinn, temendo que a outra pudesse não saber nadar. Mas graças aos deuses, Ainslinn sabia, e sua cabeça loura imergiu em busca de ar, ao mesmo tempo que cuspia água.

— Você está bem? — Ellexis perguntou, sem esperar que Ainslinn estivesse apta a falar. — Eles machucaram você? Está ferida?

Ela respondeu com uma voz cansada, quase entediada.

— Cruzes, Ellexis. Você parece uma mãe! Eu estou bem.

Ellexis apenas a encarou por alguns segundos, o corpo se movendo sob a água para manter a cabeça na superfície. Ainslinn tirou uma mecha molhada do rosto e olhou para ela. Então soltou uma risada alegre, exibindo todos os dentes.

Ellexis imaginou que estivesse com uma expressão assustada, talvez até pálida, pelo medo que sentiu por Ainslinn e por ela mesma. Depois notou como devia estar engraçada para a outra.

Ela devolveu a risada com sinceridade. A situação toda era hilária. Por um momento achou que morreria, no seguinte as gargalhadas nasciam com vontade de seu peito e esticavam seus lábios em sorrisos generosos.

As duas riram tanto, de repente tudo aquilo era tão engraçado, e lágrimas alegres escorreram pelo rosto de Ainslinn. Ellexis riu ainda mais naquele momento, ao descobrir que Ainslinn chorava quando ria muito.

E Ainslinn riu mais porque Ellexis estava rindo mais, e se seguiu assim por longos minutos, onde não havia palavras, apenas gargalhadas barulhentas que as duas não conseguiam conter.

Apenas quando um baque contra a água soou atrás de Ainslinn foi quando as risadas cessaram. Ainslinn nadou até lá e puxou uma de suas flechas, erguendo-a para cima como a um troféu e rindo de si mesma.

Depois de outros baques que eram flechas, Luz das Cinzas fez um entrondo na água, gerando ondinhas fortes, e Ellexis mergulhou para pegá-la

Mais alguns minutos e jogaram o restante das flechas de Ainslinn, seu arco, que caiu espichando água nas duas, e a aljava de madeira foi parar a centímetros da cabeça de Ellexis.

— Ela não me machucaria se caísse em mim — Ainslinn disse —, mas já você eu não garanto...

Elas riram pela centésima vez. Ao sair da água mal se aguentavam de pé com as risadas, seguindo dessa forma de volta ao castelo.

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Ainslinn lhe disse, enquanto elas se secavam, que ordenou a Tempestade que não retornasse. Tinha certa esperança de alguém ver a flecha perdida e raciocinar que era um pedido de ajuda.

Ellexis percebeu que ela não se abatera com o ocorrido. Na verdade, achou até divertido.

Depois de se secarem e voltarem a dormir, mal haviam pregado os olhos quando as trombetas inundaram o quarto de maneira espalhafatosa

Sob Chamas de Sangue | Vol. 1 Forged In DarknessTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang