Futuro - O mago

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Qual era o problema daquele maldito pássaro? Ele estava quieto demais, mantendo uma postura que não condizia com sua insuportável personalidade, honestamente, Severo preferia assim, quieto ele era mais centrado e se metia menos onde não era chamado, eles caminharam em silêncio por todo o castelo e lhe ocorreu que talvez ele apenas estivesse angustiado com aquilo que iriam fazer essa noite, sim... apesar de sua nada jovem idade, existia uma grande probabilidade dele nunca ter matado antes e por mais interessado que ele pudesse ser e estar sobre fazer Elza pagar, a machucando ou coisa do tipo, matar era diferente, obviamente que Severo não perguntaria, aquilo era de cunho pessoal, mas ele sabia que a primeira vez podia ser mesmo difícil, principalmente ao se lembrar do quão assustador havia sido, na sua vez a tantos anos atrás, quando ele tinha apenas 17 anos de idade e por mais intragável que Lúcios pudesse ser, naquele dia ele lhe deu o espaço devido, na verdade ele o fez até que matar se tornasse parte de suas estúpidas rotinas, e passasse a fluir de maneira natural, sim porque depois de um tempo aquilo se tornava algo mecânico, e não ele não se orgulhava disso.

Eles aparataram em uma viela escura, mas relativamente próxima ao local de destino, a casa que procuravam era a última daquela rua e ficava na parte principal, aquela era uma vila pequena que mais parecia ter parado no tempo do que outra coisa, contudo era um lugar bastante agradável, ele se viu pensando em quão curioso era, já que estavam voltando ao local que havia dado início a todas as coisas, e que nessa noite também seria o fim, o fim de Elza... Severo preferia fazer aquilo usando suas vestes de comensal, mas não pode deixar de notar o quanto Antony havia ficado desconfortável com sua escolha, Severo não se importava com a opinião daquela ave, mas ele estava agindo de maneira estranha.

O tempo essa noite, não era dos melhores, ironia ou não do destino, uma tempestade bastante violenta parecia se formar no céu, algo muito similar ao dia em que Shara havia sido levada daquele lugar, Severo podia se lembrar bem daquela lembrança e da frieza de Elza ao fazê-lo, e isso o fez esboçar um pequeno e frio sorriso de canto, trazer aquela memória à superfície fazia seu sangue queimar, liberando o seu lado mais sombrio, aquele lado que combinava perfeitamente com aqueles trajes e naquelas circunstâncias, isso era bom, ele não pode deixar de pensar que o barulho ensurdecedor dos trovões abafariam os gritos de súplica que Elza daria ali, ele não teria compaixão, mas algo definitivamente não estava certo com aquele maldito pássaro, Antony parecia ainda mais nervoso agora... ele havia parado a metros de distância, deixando de o acompanhar, Severo bufou ao pensar que era por razões como essas que ele preferia fazer o trabalho sujo sozinho.

_Algum problema ave? - ele perguntou impaciente, Antony havia respondido algo relacionado com lembranças, o que fez Severo revirar os olhos por trás daquela máscara, Antony havia reconhecido a casa, certamente sendo bombardeado por momentos que foram vividos ali, ele não o julgaria sobre isso, mas não havia espaço para sentimentalismo, não ali, não agora, Severo estava prestes a continuar o seu caminho, quando Antony correu na sua direção, o pegando completamente de surpresa, e num lapso do que para ele parecia ser pânico ou desespero, segurou o seu braço... sim ele estava com medo, mas medo do que? dos trovões? Aquilo não combinava com ele... Severo esperaria um comportamento assim de Shara, mas não dele... quando numa fração de segundos, ele encarou a ave de forma curiosa... aquela conduta... a menos que... não, ela não faria algo assim, faria? Ele tirou a máscara e encarou os olhos de Antony... fazendo uma leitura mais profunda, aquele olhar... ele se aproximou um pouco mais dele, Antony recuou... sim... Aquele não era Antony, era ela, ele respirou fundo, ele podia azara-la com todas as suas forças ali... como ele havia deixado passar algo assim? Num impulso, ele tirou a poção do seu bolso, ele carregava todo tipo de poção ali, e sem qualquer dificuldade a forçou a bebe-la, Shara havia passado completamente dos limites dessa vez.

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