13 - Que teu amor transborde e caia sobre quem merece amor

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CEFET

Santa Rita - Nova Iguaçu

Sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Por volta das 9h 00 da noite


Querido amigo,

O dia que você apareceu foi histórico. Deixa eu te contar essa fofoca. Até nossas futuras gerações vão lembrar disso. Não tô exagerando, serinho.

Depois da conversa com meu querido e compreensivo papis, eu continuei ligado no celular. Afinal, a qualquer momento, você podia me responder. E eu não parava de olhar nem nas aulas.

Naquele dia, a gente estava numa sala de informática, cheia de computadores e o professor de programação tava tentando ensinar a gente a programar na linguaguem C++. Nem me pergunte o que é isso, querido amigo, eu não tinha prestado atenção às últimas quarenta e quatro aulas.

Mesmo assim, não demorou muito e eu percebi que ele passou uma atividade muito difícil, porque geral tava entrertido nos teclado aí da vida. Mas eu tinha mais o que fazer. 

Bati os olhos no telefone e uma bolinha azul com a cara do Davi pulou pra cima de mim. 

Fala, Max, enfim eu te add. Blz?

Blz.

Eu postei uma foto que nois tirou no futebol. Dps curte lá.

Espera aí, foto? Me veio na mente a retrospectiva do futebol de terça-feira. Davi devia ter cheirado algumas. 

Que foto?

Liga não, foi espontânea.

O quê? Ai, meu Deus. Eu fui checar rapidamente o estrago que Davi fez na minha falta de vida social e, um minuto depois, eu voltei uma fera.

Não acredito q vc teve essa audácia.

Tive o quê? Eu nem fiquei doente essa semana.

Eu expirei fogo.

Não importa, vc vai se ver cmg quinta-feira. Olha isso. Vc saiu lindo maravilhoso e divo e eu saí que nem um dragão fumando uma jaca. Vai ver só.

Eu até queria ver a resposta de Davi a minha ameaça. Mas, nessa hora, senti umas cutucadas no meu ombro. Pensei em dizer "espera um pouquinho, não tá vendo que eu tô ocupado?", mas era o professor.

Ele olhou pra mim, cruzando os braços e constatou que eu cagava pra vida, o universo e tudo mais.

— Max, não pode usar o celular aqui, hein. — ele estava passeando pela sala, conferindo se cada aluno estava digitando os códigos de programação lá.

— Tava só vendo a hora. Eu, com certeza, não tô no whatsapp, respondendo mensagens do Davi, não.

— Max, você tá se entregando.

— Não, é sério. São 9h30. — eu estendi o celular pra ele. — Em casa, eu estaria vendo "Amor à Vida". Mas acho que eu fiz um churrasco no sermão da montanha pra isso estar acontecendo comigo, fazer o quê?

— Sermão é o que você tá merecendo, Max — o professor disse. — Mas vamos supor que você está vendo a hora. A aula tá tão chata assim pra você estar contando os minutos?

Esse é o tipo de pergunta que se você diz sim você ofende, se você diz não você mente. Saí pela tangente com o último neurônio ainda funcionando naquela hora da noite.

— Tô só com sono, fessor. Posso ir no banheiro? Sabe, queria lavar o rosto, fazer o número dois...

— Pode. — o professor me cortou com cara de quem comeu jiló podre. — E eu não preciso saber o que você vai fazer no banheiro. Vai, vai logo.

Eu não sei o nome do meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora