Poções

Manhã quente

As manhãs de Draco no dormitório da Slytherin, que se localizava nas masmorras de Hogwarts ao lado do lago negro, eram relativamente tranquilas. Seus colegas não eram barulhentos, de forma que o loiro se mantinha calmo e sem qualquer tipo de estresse com o qual lidar logo no começo do dia antes de suas aulas começarem.

Isto é, até que ele e Blaise terem se tornado as babás das versões criança de sete anos de idade de Potter e Weasley.

Para já começar o dia de forma agradável, o Malfoy dormia de forma calma e tranquila, mergulhado no mundo dos sonhos, mas para sua infelicidade sua paz foi perturbada.

- Acorda! Acorda! Acorda! - Harry gritava várias e várias vezes enquanto pulava no Slytherin, animação e alegria eram facilmente identificadas em seu tom de voz infantil.

O bruxo de olhos acinzentados como a tempestade pensou em continuar quieto, se fingindo de morto, na esperança de que em algum momento o Gryffindor em miniatura ficaria entediado e cansado de atormentar o, agora, mais velho e iria atrás de outra coisa para fazer e se entreter.

Mas então, ruídos de panelas caindo no chão vindos da cozinha começaram a ressoar pelos cômodos em um volume alto, de forma que qualquer um poderia escuta-los independente de qual canto do dormitório estivessem e chamaram sua atenção, fazendo com que ele se levantasse quase que imediatamente, por pouco não derrubando o menino que sobreviveu para fora da cama.

- O que é que está acontecendo? - perguntou, não esperando que o menor fosse realmente responder. Suas pálpebras ainda estavam pesadas e o sono dominava cada célula de seu corpo, então seu raciocínio permanecia um pouco lento, porém, aos poucos a preocupação ia se infiltrando em suas veias, o despertando.

- Blaise está fazendo o café da manhã e o Rony tá ajudando ele - a criança respondeu animadamente de forma inocente enquanto sorria para o príncipe da Slytherin - ele pediu para eu vir te acordar - continuou explicando, se aproximando lentamente do adolescente.

- Parece mais que estão quebrando a cozinha ao invés de preparando alguma coisa para comermos - resmungou ao mesmo tempo que se levantava, massageado suas têmporas em um claro sinal de pura irritação. Caminhando em direção ao banheiro logo em seguida.

Draco realizou todo o seu ritual de higiene, escovando seus dentes e tomando um banho quente antes de voltar para seu quarto para colocar seu uniforme escolar. Tudo isso enquanto ainda ouvia os barulhos de metal contra o mármore e das portas dos armários batendo, acompanhado das risadas infantis vindo do ruivo. Depois de ele ter terminado de se vestir, o Malfoy caminhou pelo corredor indo em direção à bagunça que se formava no cômodo que parecia estar sendo destruído.

No caminho, ele passou por uma pequena movimentação em um dos quartos que acabou chamando sua atenção momentaneamente, fazendo com que fizesse uma pequena parada antes que chegasse até seu destino.

O filho de James Potter já havia se mandado para seu quarto novo, se entretendo com um dos brinquedos que a diretora McGonagall forneceu para Harry e Rony se distraírem durante o tempo em que eles ficariam presos naquela forma de criança.

Por uma fração de segundos, uma sensação quente invadiu o coração do loiro e um sorriso nostálgico tomou conta de seus lábios. Ele se lembrava de quando também tinha sete anos de idade, aquela era uma das poucas épocas de sua vida que o Slytherin se lembrava de ser feliz de verdade. Antes de Voldemort retornar, quando Lucius Malfoy ainda era carinhoso e amoroso com seu filho.

Narcisa pode nunca ter mudado o jeito de tratar sua única prole, sempre sendo uma mãe atenciosa com muito amor para dar, mas o patriarca de uma das famílias puro-sangue mais antigas mudou muito conforme o tempo passou, principalmente depois que o lorde das trevas retornou, passando a ser frio com Draco e mais autoritário do que já era.

Ele poderia ter ficado apoiado no batente da porta relembrando memórias de sua infância enquanto observava o mini Potter brincar, mas o cheiro de fumaça tirou-o de seus devaneios.

- Pelo amor de Merlim - murmurou irritado, voltando a caminhar para a cozinha com uma expressão severa presente em seu rosto.

Quando finalmente chegou na cozinha, o aluno da casa verde e prata encontrou Zabini tossindo um pouco pela fumaça negra e tentando apagar o fogo, que estava vindo de uma frigideira. Enquanto isso, o Weasley se escondia embaixo da mesa de jantar com medo do fogo, mas ainda assim rindo um pouco do desespero do mais velho.

- A gente mal conseguiu um dormitório novo em folha só para a gente e você já está tentando transformar ele em cinzas?! - exclamou de forma irritada, praticamente gritando - você é um bruxo, seu idiota! Usa a sua magia! - ele berrou, perdendo a paciência com um de seus melhores amigos e executando dois feitiços, um para apagar as chamas e outro para organizar toda a bagunça que Blaise havia feito durante sua falha tentativa de cozinhar.

- Me desculpe por tentar preparar um café da manhã legal para você, seu ingrato - o Slytherin retrucou no mesmo tom irritado, cruzando seus braços.

- Você não sabe nem sequer fritar um ovo, seu animal - o loiro rebateu, seu tom de voz ainda em um volume alto e meio alterado, recebendo um olhar ofendido de seu colega de casa em resposta a sua frase - não me olha assim, você sabe muito bem que isso é verdade.

- Então faz você o café da manhã, senhor MasterChef - o acastanhado retrucou, um bico irritado se formando em seus lábios e o deixando parecido com uma criança de cinco anos emburrada por não ter conseguido o brinquedo que queria.

- Coloque as crianças na mesa e a arrume enquanto eu cozinho - Draco ordenou, se virando para o balcão. O Malfoy arregaçou as mangas de sua camisa social branca que fazia parte do uniforme escolar de Hogwarts e respirou fundos antes de começar a cozinhar.

Levou cerca de meia hora para que tudo ficasse pronto. Ovos com bacon e suco de laranja para todos, não era nada muito elaborado, mas o garoto de olhos acinzentados como a tempestade não estava com paciência para cozinhar algo extraordinário ou até mesmo uma comida do mundo bruxo. Aquilo iria ter que servir.

Com um aceno de mão ele fez todos os pratos, talheres e copos flutuarem até a mesa, repousando-se de forma obediente em seus devidos lugares. Rony, Harry e Blaise já estavam sentados na mesa de jantar que possuía quatro cadeiras.

Os dois mais novos olharam apara a demonstração de magia com admiração, o moreno mais impressionado do que o ruivo por ter sido criado apenas com seus tios trouxas, não tendo qualquer contato com a magia antes.

- Desde quando você faz comida trouxa? - o Zabini questionou, franzindo as sobrancelhas em um gesto genuíno de confusão.

- Quando seu pai é mandado para Azkaban, sua mãe e você resolvem se mudar para um loft no centro de Londres e decidem mudar seu ponto de vista sobre o mundo trouxa, tentando eliminar o preconceito que tinham - o loiro começou a explicar, deixando o clima um pouco pesado devido memórias da guerra bruxa realizada em Hogwarts retornando para a mente dos dois Slytherins - você meio que acaba aprendendo algumas coisas - finalizou, dando de ombros de modo descontraído.

Os quatro comeram em um completo silêncio, tanto Draco quanto Blaise estavam desconfortáveis por relembrar de como suas famílias apoiaram Voldemort e os forçaram a serem comensais da morte. Rony e Harry não entendiam direito o que estava acontecendo, mas conseguiam perceber o clima desconfortável e pesado, então decidiram ficarem calados até que o humor dos mais velhos melhorassem.

Oi gente! Espero que tenham gostado do capítulo. Bjs❤️❤️❤️