29. Diurna

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JADE POV

Meus olhos lutam para simplesmente se abrir, secos e opacos. Ao explorar o ambiente, percebo que estou sozinha. A atmosfera desconhecida me assusta, e minha tentativa de chamar por Azriel é frustrada quando minha voz falha, rouca. Uma sensação de vulnerabilidade toma conta de mim, enquanto tento entender onde estou e o que aconteceu.

Era noite, e as cortinas brancas do quarto dançavam com o vento. Ao olhar para o lado, deparo-me com um buquê de rosas amarelas. Os detalhes dourados e o desenho de um pequeno sol na fita me fazem pensar que estou na Corte Diurna. No entanto, a confusão toma conta de mim, pois minhas últimas lembranças são do terrível dia na Corte Primaveril e do embate com Colin. A sensação de desorientação se mistura com o medo do desconhecido.

Uma súbita fisgada no peito chama minha atenção, e ao olhar para baixo, noto uma faixa cuidadosamente envolvendo meu peito direito. Um curativo preciso repousa sobre a região, indicando uma atenção meticulosa aos detalhes. A preocupação toma conta de mim, enquanto tento entender a razão por trás desse curativo tão específico.

Lucien entra no quarto e, ao notar que estou acordada, sua expressão revela surpresa e, talvez, um toque de alívio.

- Jade, você acordou! Graças à Mãe! Como está se sentindo? - ele vem até mim rapidamente e me dá um beijo na testa.

Lucien se senta na beira da cama com uma expressão mista de preocupação e alívio. Ele parece querer dizer algo, hesito por um momento antes de finalmente falar.

- Me sinto um pouco dolorida. - o sorriso dele desaparece ao ouvir minha voz rouca.

- Fico feliz que tenha acordado. Passou por momentos difíceis.

Ele se levanta e pega uma jarra de água e um copo do outro lado do quarto, trazendo até mim.

- Onde estou? E o que aconteceu? - pergunto e pego o copo.

- Você está na Corte Diurna. Foi trazida aqui para se recuperar. Sobre o que aconteceu... bem, foi um tumulto na Corte Primaveril. Colin, Tamlin, a batalha. Selina e eu decidimos trazê-la para cá para garantir que recebesse os cuidados adequados.

- O que é esse curativo em mim?

- Colin. Ele te atacou com um pedaço de ferro nas masmorras e ... te feriu, provavelmente tentou te matar.

- Ele fez isso? Comigo? - meus olhos se abrem em surpresa e tristeza.

- Sim. E então ... você revidou e o matou... - ele diz apreensivo.

Minhas lembranças de todo o acontecimento volta em minha mente e me sinto tonta.Lembro-me da noite em que Colin me atacou, o ar carregado de tensão quando nossos olhares se encontraram. As palavras ásperas ecoavam antes que a violência se desencadeasse. Tive que me defender, cada movimento calculado para neutralizar a ameaça. O confronto deixou marcas físicas e emocionais, uma lembrança persistente da batalha que travamos. Observo meu corpo e noto algumas espoliações, marcas vermelhas que contam histórias de encontros violentos. Cada ferida é uma narrativa, uma lembrança física das batalhas que enfrentei, como cicatrizes que testemunham o preço da resistência e da superação. Cada marca é um lembrete visível da minha jornada.

- Ei calma, vou trazer um remédio pra você! - ele se levanta rapidamente.

- E Azriel? Onde ele está?

- Azriel está bem, mas... - ele fica sério.

Ele parece hesitar novamente, como se estivesse ponderando como explicar a situação.

- Mas o quê? O que aconteceu? - minha impaciência grita.

- Jade, há algo que você precisa saber. Durante a batalha, Azriel ficou... preocupado. Ele estava temendo pela sua vida e... bem, o laço entre vocês dois se tornou mais forte.

- O que quer dizer com "mais forte"?

- Jade, Azriel está sentindo o que você sente. Ele está conectado a você de uma maneira profunda, desde que a parceria se firmou entre vocês.

Há um momento de silêncio enquanto absorvo a informação. Minha mente tenta processar o que Lucien acabou de revelar.

- Isso é possível? - olho fixamente pra Lucien.

- Sim, é possível. Azriel está tentando entender isso, e, bem, vocês precisam conversar sobre isso depois.

A notícia me atinge como um golpe, e fico em silêncio, tentando assimilar o que isso significa para mim e para Azriel.

Lucien observa minha expressão, compreendendo a confusão e o turbilhão de emoções em meu rosto.

- Azriel se preocupa profundamente com você, Jade. Este laço não é uma fraqueza, mas sim uma prova do quão forte é a conexão entre vocês.

- Eu não sabia que era possível... sentir as emoções de alguém tão intensamente.

- É uma situação única, mas pode ser algo incrivelmente poderoso. Vocês dois precisam conversar sobre isso, entender o que significa para ambos.

Há uma pausa enquanto absorvo a informação. Olho para as flores amarelas ao lado da cama, sentindo uma mistura de emoções. Lucien se aproxima de mim tentando negar seus olhos marejados e acaricia meus cabelos.

- E Selina?

- Ela está aqui também, mas decidimos dar a você um tempo para se recuperar antes de qualquer conversa. Ela quer falar contigo.

- Eu... preciso processar tudo isso. - assinto.

- Estamos aqui para ajudar, Jade. Se precisar de algo, é só chamar. - ele.diz com gentileza.

Ele se afasta um pouco, dando-me espaço para assimilar tudo o que foi dito. Enquanto Lucien sai do quarto, fico ali, perdida em pensamentos, tentando entender o significado desse laço com Azriel e as implicações de tudo o que aconteceu. Lucien retorna à sala com Selina, que parece nervosa e ansiosa ao mesmo tempo. Ela se aproxima da cama, evitando meu olhar.

- Jade, eu... Eu pensei que tinha perdido você. Fiquei com tanto medo quando vi você ferida nos braços de Azriel, e depois, Colin...

- Selina, eu também pensei que ia morrer aquele dia. Mas estou aqui agora.

- Eu tinha medo de que não voltasse, de que tudo fosse minha culpa. - noto prquenas lagrimas nos olhos dela fazendo caminho nas bochechas da pele palida.

- Selina, não é sua culpa. Colin fez escolhas terríveis, e eu reagi da única maneira que pude naquele momento.

- Eu só queria proteger você. Sempre quis, voce é minha única irmã.- ela limpa o rosto.

- Eu sei, Selina. E agradeço por isso. Mas precisamos conversar sobre muitas coisas. Sobre nossa família, sobre esse laço com Azriel... Eu preciso entender.

-Claro, Jade. Estou aqui para explicar tudo, e vamos superar isso juntas.

- Vamos. Mas precisamos ser honestas uma com a outra, sem segredos.

- Sem segredos.

Conversamos sobre as muitas questões que envolvem nossa história familiar, nossos laços e as decisões que moldaram nossas vidas. A cada palavra trocada, uma compreensão mais profunda se estabelece entre nós, e lentamente começamos a curar as feridas do passado.



















LUCKY ONES - AzrielOù les histoires vivent. Découvrez maintenant