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*Dinho

Júlio bufa irritado e se levanta, ele me segura pelos ombros e me senta no sofá.

- Vai furar o chão andando de um lado para o outro. - ele resmunga. - Relaxa cara, não podemos fazer nada agora.

- E se ela tiver se machucado? Viu o tamanho daquele garoto? - pergunto de uma vez e Bento me encara e da risada.

- Se ela tivesse se machucado a este momento nós estaríamos sentados em uma sala de uma delegacia de tanta porrada que o Samuel iria dar no garoto e não no sofá da casa deles. - ele fala e eu suspiro.

- O Samuel é bem bravo, né? - Júlio pergunta se sentando no outro sofá. - O Sérgio tem mais cara de bravo, mas pelo visto o Samuel é meio estouradão.

- É muito difícil de acontecer e quando acontece sai de perto. - Bento responde.

- Preciso ir ao banheiro, você sabe onde fica? - pergunto para Bento e ele dá risada.

- Eu conheço cada milímetro dessa casa como se fosse minha, cabeludo. - ele se levanta e aponta pro corredor. - É a última porta.

- Valeu, já volto. - sigo na direção que ele apontou, entro no corredor e quando estou chegando ao banheiro, a porta de um dos quartos está entreaberta.

Era um quarto pequeno, tinha uma beliche, uma cama de solteiro, uma penteadeira pequena e uma cômoda. Sérgio, Samuel e Alice estavam deitados na cama de solteiro, os dois abraçavam a garota enquanto ela chorava. Sinto uma pontada no peito e resolvo voltar para a sala.

- Já? - Júlio pergunta confuso.

- Eu nem fui, passei por um quarto e os três estavam abraçados. - passo a mão no cabelo o jogando para trás. - Não quis fazer  barulho e voltei.

- Eles fazem isso. - Bento estende as pernas e apoia os pés sobre a mesinha de centro. - Sempre que acontece algo do tipo, eles se juntam e ficam assim, até passar.

- São bem unidos, então. - Júlio fala e Bento sorri.

- Você não tem noção.

- Ô japonês, está achando que tá em casa? - Samuel pergunta ao virar o corredor e entrar na sala, atrás dele estava Sérgio e Alice.

A garota ainda estava meio amuada, os olhos estavam inchados e o rosto vermelho por conta do choro.

- Segundo a minha querida tia Helena, a casa é minha também. - Bento cruza os braços.

- Meus pais só voltam amanhã de noite, o que acham de dormir aqui? - Sérgio sugere. - Podemos pedir uma pizza e assistir a alguns filmes, o que acham?

- Eu topo! - Bento responde animado.

Troco olhares com Júlio e desvio meu olhar para Alice, ela estava sentada ao lado de Bento e seguia com o olhar perdido.

- Bom, eu topo. - respondo ainda encarando a mesma.

- Se não for atrapalhar vocês, eu também topo. - Júlio fala e Sérgio sorri.

- Ótimo, vou pedir umas pizzas. - ele fala e Bento tira algumas notas do bolso e coloca em cima da mesinha de centro, todos fazem o mesmo. Sérgio conta o dinheiro rapidamente. - Dá para duas pizzas, mas vamos ter que ir buscar porque o dinheiro não vai dar para o frete.

- E para beber? - Samuel pergunta.

- Posso fazer um suco de saquinho. - Alice sugere.

- E a sobremesa? - ele pergunta novamente e Alice dá risada.

- Eu faço um brigadeiro, esfomeado.

- Então fechou, bora cambada? - Sérgio pergunta animado, Bento e Júlio se levantam.

- Eu vou ficar para fazer o brigadeiro. - Alice fala se levantando também.

- E eu vou ficar para... - todos me encaram. - Te fazer companhia.

- Mas... - Sérgio começa a falar e antes que consiga concluir a frase, Samuel o empurra até a porta.

- Vamos logo que eu estou com fome. - ele resmunga, observo os quatro saírem e Alice sorri.

- Não precisava ter ficado.

- Eu sei. - retribuo o sorriso. - Mas não quis te deixar sozinha e além disso, eu não sei fazer brigadeiro e quero aprender.

- Okay, serei a sua professora. - ela segue para a cozinha e eu vou atrás da mesma, observo ela abrir o armário e tirar um leite condensado, ela olha e mexe no armário por um tempo e logo suspira frustrada. - Estamos sem Toddy e sem Nescau e nesse caso sem brigadeiro.

Ela se vira para colocar o leite condensado na mesa e acaba esbarrando na porta do armário, seguro a mesma antes que ela caia no chão e nossos olhares se encontram.

- Você é linda. - falo sem pensar e por um segundo vejo um brilho em seus olhos, mas ela se afasta e desvia o olhar.

- Não precisa mentir pra mim por conta do que aconteceu hoje. - ela segue até a pia.

- Eu não estou mentindo, eu te acho linda. - dou a volta na mesa e me aproximo na mesma. - Sinto muito pelo que aconteceu hoje, eu não sei o que falaram para você, mas não minimiza a pessoa que você é e você é linda, Alice.

- Obrigada, Dinho. - ela sorri e eu não consigo evitar e sorrio de volta. - Obrigada mesmo. - ela se aproxima e me abraça, seu rosto encaixa em meu pescoço e eu levo minhas mãos até sua cintura. Ao nos afastarmos deixo um beijo em sua testa e ela me olha sem graça. - Espero que você entre na banda, já me apeguei a você e ao Júlio.

- Você não pede, você manda. - falo e ela dá risada. - Mas se apegou primeiro a minha pessoa, né? Porque você só conheceu o Júlio hoje e seria injusto da sua parte.

- Aos dois da mesma forma, besta. - ela dá risada. - Enfim, o que vamos fazer?

- Que tal docinho de coco?

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Capítulo escrito: 10.11.2023

Capítulo postado: 17.01.2024

Em seu sorriso - Dinho Alves (Mamonas Assassinas)Where stories live. Discover now