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*Dinho

Já se passavam das onze horas da manhã, Alice e Dona Helena estavam preparando o almoço e Júlio disse que iria ajudar elas, o que eu duvido muito.

- E então? - Bento pergunta se jogando na cama de Alice. - Vai nos mostrar a música ou não?

- Se ela te pega com esses pés na cama dela, ela te mata. - Sérgio fala rindo e se sentando em sua cama, Samuel se senta ao seu lado e eu puxo a cadeira da penteadeira e me sento. - E o Bento tem razão, vai enrolar muito?

- Porra, na descrição da palavra insuportável no dicionário está o nome de vocês. - tiro o papel dobrado do bolso e suspiro. - Tá aí, mas não gostei muito.

- Me dá isso aqui. - Samuel se inclina e toma o papel da minha mão. - Agora o que posso fazer é compreender... - antes que ele continue cantando, me levanto e pego o papel da mão dele. - Ei.

- Está no tom errado, animal. - resmungo.

- Ah claro, não sei se você sabe, mas eu tenho duas bolas e nenhuma é de cristal para descobrir o tom certo. - ele retruca e Sérgio e Bento caem na risada. - Vai logo, Dinho.

- Ainda não terminei e falta mudar algumas coisas e... - sou interrompido.

- VAI LOGO. - os três gritam e eu suspiro.

Respiro fundo e começo a cantar.

"Agora o que posso fazer
É compreender e lembrar
Em qualquer lugar
Não esquecer seu rosto
Seu corpo sua voz
A distância entre nós

Não sei ao certo a distância entre nós
E a profundeza da minha dor
Agora o que posso fazer é esquecer
Jurar sem te entender

As vezes procuro você sim
Prá te convencer
A voltar e me desculpar
Esquecer o passado e as brigas
Que existiram entre nós
E ter a chance de ficar a sós

Não sei ao certo a distância entre nós
E a profundeza da minha dor
Ao certo o presente entender
Tentar te compreender"

Termino e eles continuam me encarando, os três ficam me olhando fixamente e em silêncio por uns dois minutos.

- Não vão falar nada? - pergunto e Bento e Samuel trocam olhares antes de cair na risada. Enquanto Sérgio continuava me encarando de forma séria. - Caralho, comeram palhacitos? Não estou entendendo o motivo das risadas.

- Foi só um cara dar em cima dela para você escrever uma música inteira? - Samuel pergunta ainda rindo junto com Bento, igual dois idiotas.

- O quê? Do que você está falando?

- O maluco passou a noite escrevendo por conta de ciúmes. - Bento fala dando risada, Samuel continua gargalhando, ambos riam tanto que estavam se debatendo.

- Vocês estão loucos. - resmungo.

- Quem está louco? - Alice pergunta entrando no quarto com Júlio ao lado dela.

Guardo o papel no bolso rapidamente.

- Esses idiotas aí. - me levanto. - Olha, preciso ir para casa resolver umas coisas.

- Mas você disse que iria ficar para me ajudar com... - Alice começa a falar, mas eu a interrompo.

- Não posso, preciso ir. - passo por ela e Júlio e sigo em direção a porta da casa.

Em seu sorriso - Dinho Alves (Mamonas Assassinas)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora