44 𖥋 Estar vivo

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Jungkook Rissi

Fazia um tempo desde a última vez que tinha visto o alfa da Alcateia Espectros da Noite, eu quase não me lembrava do cabelo loiro-quase-branco e dos olhos azuis vibrantes que ele tinha. Obviamente um corpo forte como o meu e aquela áurea de alfa que não me atingia em nada considerando que seu lobo obedecia a mim. Aquele era o bando mais perto da Itália, ocupando toda a Finlândia e a parte sul da Suécia. Um bando que é bastante acostumado ao frio e ao gelo, ao contrário da minha alcatéia que é mais acostumada com uma temperatura habitual da Itália que normalmente está sempre nos 22°C.

Depois de um aperto de mão ofereci para que se sentasse no sofá, voltei para Milão e o encontrei na casa de minha tia. A mesma casa que encontrei Alessia chorando depois de fazer aquele ritual para a Luna, depois dela descobrir tudo. E era insuportável me sentar naquele sofá por que ainda conseguia escutar seus soluços.

Como se pudesse ainda vê-la ajoelhada no chão.

Mas o lobo a minha frente se sentou e apoiou o tornozelo no joelho depois de negar o café. Eu aceitei, precisava me manter acordado.

Ao menos a uma hora atrás tinha conseguido fazer uma refeição que fosse o suficiente e não me dei conta de quanto estava com fome até repetir o prato pela terceira vez e me sentir satisfeito.

— Ouvi dizer que a coisa está feia por aqui, rei alfa. — As primeiras palavras de Kallias para mim, apoiei meu rosto na mão mesmo sabendo que não seria apropriado ou profissional.

E concordei.

— Você não tem nada a ver com minha máfia ou o que acontece nela, mas não quero envolver lupinos italianos nisso, já sofreram demais. — Kallias me encarava sério, mas não ousaria me contrariar. — Ouve um tipo de merda com os russos de novo, mas dessa vez eles ultrapassaram qualquer limite. Alessia. — Não ousei usar aquele maldito sobrenome. — A humana que foi gerada para que se casasse comigo e cumprissemos o acordo da aliança, é minha companheira predestinada.

E isso Kallias não sabia, por que por mais que tentasse permanecer sério, sua boca se abriu em puro choque e ele se mexeu no sofá.

— Então sua inimiga é sua companheira? — A voz dele saiu mais aguda. — Fazem anos desde que um lobo sentia tal vínculo com um humano. Ela é humana?

— Ela não é inimiga. Minha parceira foi torturada pelo próprio pai desde o dia em que nasceu, no fim das contas eu sempre quis vingança e ele também, então essa aliança nada mais era do que uma linha tênue para ver quem iria ultrapassar primeiro. — Soltei um grande suspiro. — E sobre a outra coisa, sim. Alessia é humana. Ela morou comigo por quase cinco meses e não percebeu que éramos lobo, nada de sentidos aguçados ou cio, ela já tem mais de vinte anos e nunca ouvi falar de um lobo que demora tanto para aparecer assim, principalmente a transformação que ocorre aos dezoito.

— Nunca sabemos o que Luna está preparando para nós, se ela tem mãe loba e pai humano ainda há uma chance, talvez mais que ser humana. — Sim, havia de fato, mas...

— Nesse momento não estou preocupado com o fato dela ser ou não loba. Ela faz parte de minha alcateia sendo humana ou não e agora está nas mãos de um psicopata que está louco para me matar e matar ela. E isso está me tirando o sono, Kallias.

O medo, como um frio gotejar constante, se infiltra em cada pensamento, tornando minhas entranhas geladas. Cada passo ecoa como o bater de um tambor, anunciando a chegada iminente do fufuro que eu não tinha controle e a cada pensamento parecia que eu ia deixar de existir a qualquer instante apenas por não estar ao lado dela.

— Entendo. — O lobo a minha frente não falou mais que isso, eu sabia que Kallias compreendia perfeitamente o que eu estava passando, por que nenhum lobo aguenta perder o seu companheiro. Nem mesmo a fêmea.

𝑶𝑺 𝑹𝑰𝑺𝑺𝑰: A FILHA DO MAFIOSO • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora