Capítulo cinquenta e oito

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Já era noite quando Ashley resolveu nadar na piscina coberta antes do jantar. A garota usava seu biquíni favorito, o qual seu pai havia desenhado exclusivamente para ela, preto com pedras de âmbar ao redor de sua alça e escutava sua playlist no Spotify enquanto parava para beber um pouco de água, que estava em sua garrafa na borda da piscina, quando escutou a porta do local ser aberta e o contato do chinelo com o chão ecoar no ambiente.

— Você sabe que se o Fred te pegar aqui a essa hora vai ganhar uma punição, não é? ‒ o homem parou exatamente em sua frente.

— Eu sei. ‒ fechou sua garrafa e a colocou no mesmo lugar onde havia pego. — Mas eu não sou idiota. Sei o horário exato de cada ronda para saber onde posso ou não estar, professor. ‒ apoiou suas mãos na borda da piscina e olhou para cima, vendo o mais velho encará-la de braços cruzados e com um sorriso galanteador nos lábios. — E o que você faz aqui a essa hora? Achei que já estivesse em casa.

— Eu tive que ficar até mais tarde hoje porque precisava planejar a aula de amanhã. O Luigi disse que, se ficasse muito tarde para eu voltar pra casa, eu poderia dormir aqui. ‒ Austin tirou a toalha que estava pendida em seu ombro esquerdo. — E, caso você não saiba, os professores daqui podem usufruir das instalações do colégio após seu horário de trabalho, então... ‒ deu de ombros e se agachou para ficar da altura da loira.

— E por que a piscina coberta e não a aberta? ‒ o encarou fixamente nos olhos.

— Porque nesse horário a piscina coberta está fechada para os alunos, enquanto na aberta qualquer um pode estar lá ainda. Seria contra a ética ficar na frente dos alunos sem camisa, não concorda?

— É, você está completamente certo, Austin. ‒ a loira nadou de costas para trás e jogou a cabeça para trás, a fim de molhar seu cabelo.

— Olha só Ash, eu não gosto desses joguinhos, tá legal? ‒ Austin disse após um suspiro profundo.

— E você acha que eu gosto? ‒ Ash revirou os olhos. — Austin, nós ficamos há meses e sempre em segredo, eu sequer posso contar a minha melhor amiga. Eu odeio esses joguinhos estúpidos, onde eu tenho que fingir ser apenas sua aluna, quando na verdade eu sou muito mais que isso!

Foganoli não respondeu. Apenas entrou na piscina e mergulhou, não demorando a se aproximar de Ashley. Os dois se encararam fixamente nos olhos e Farine engoliu em seco; eles não podiam negar. Era perigoso, eles sabiam, mas o desejo de estarem juntos falava mais alto. Austin não queria ser demitido, ‒ aquilo sujaria o seu currículo ‒ entretanto, não queria acabar o que tinha com a mais nova. Era como se eles estivessem interligados.

— Eu não gosto de estar assim com você. Quero poder te abraçar, beijar em público sem que seja errado. Ashley, eu gosto genuinamente de você desde a primeira vez que te vi naquela sala de aula. ‒ umedeceu os lábios com a ponta, fazendo com que a loira intercalasse seu olhar de seus olhos para sua boca.

— Então por que me tratar desse jeito? ‒ Ash deu de ombros ao jogar os braços no ar. — No começo era tudo tão flores, mas você foi ficando tão frio, afastado. Não era o Austin que eu me apaixonei e me chamou atenção.

— Desculpa, mas é que muita coisa tá em jogo nesse nosso relacionamento. Eu gosto de você, mas a vida não é fácil pra mim. ‒ meneou com a cabeça. — Ash, você nasceu em berço de ouro, não precisa trabalhar pra se manter. Eu tive essa oportunidade de vir para a Itália e trabalhar num internato renomado que com certeza vai fazer para o meu currículo no futuro. Se eu for demitido daqui porque estava me relacionando com uma aluna, acabou a minha vida. Eu gosto de você Ashley, mas até que ponto o que temos vai me fazer bem?

— Você precisa de um motivo para saber se deve continuar comigo ou não? É isso? ‒ Austin não respondeu. Apenas deu de ombros, como se não soubesse exatamente o que fazer. Ash tentava ser compreensiva, sabia que a vida dos dois era completamente diferente e que de fato a vida era mais fácil para ela do que para ele, porém, às vezes ela era cabeça dura demais para ser compreensiva.

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