Dia D

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     Saí de casa com a cabeça a mil. Eu tinha acabado de saber que nunca fui amado. Na verdade, meu pai, acabara de me dizer que eu fui um erro... E que eu havia custado muito caro. Segundo ele, foi por minha causa que sua vida virou de ponta cabeça. Agora... Como que um pequeno bebezinho pode mudar a vida de uma pessoa, ou mesmo fazer com que ela vire de ponta cabeça?

     Olhei o mar.

     Senti uma paz gigantesca.

     O lento formar e quebrar das ondas, na arrebentação, me fizeram chorar.

     Aí, pensei... " E chorar vai mudar alguma coisa? Vai apagar o tanto de absurdos que você acabou de ouvir, Fred? Vai trazer de volta a bolha onde você pensava estar protegido? "

     Acho que não, mas aliviava um bocado.

     Um carro parou a poucos metros de onde estava sentado e dele desceu um cara alto e forte. Era moreno e tinha uma espécie de turbante na cabeça. O encarei por 08 segundos e deu pra perceber que era um homem incrivelmente bonito. Voltei pra minha realidade ao ouvir que um outro carro acabara de estacionar e virei meu rosto. Vi descer dele outro cara. Esse era alto, todo proporcional e... Lindo, também. 

     " Deus do céu... Quer fazer o favor de parar me tentar? Já não chega ter sido praticamente escorraçado lá de casa porque ele descobriu que eu era... É... Que eu sou gay?

     Quando o olhar do último a chegar me encarou, desviei automaticamente a vista e foi olhando pro mar que ouvi alguém dizer...

     _ Tem fósforo, moleque?

     Olhei na direção da voz e o cara do turbante me olhava, como se quisesse me assassinar.

     Levantei e disse:

     _ Fumar é pra babacas que nem você, seu filho da puta.

     Nunca corri tanto na minha vida. Quando olhei pra atrás o cara do turbante tava lá parado e seu olhar ainda conseguiu me atingir.

     " Que Deus sempre desvie a minha estrada da dele "... Foi o que pensei.

     Só que Deus... Não me atendeu.

Do Subúrbio... À Zona SulWhere stories live. Discover now