18- Amigos fazem isso

255 30 4
                                    

~Riley

5 Anos depois

Sentada em meu sofá, eu encaro Madalena, minha mãe. Meu braço direito estava apoiado no braço do sofá, enquanto eu a analisava seriamente. Nesses anos que se passaram, ela aparentava estar mais fraca, e isso estava me sufocando.

—Riley, não fique agindo como eu estivesse prestes a morrer...— Ela faz uma pausa, mas percebendo que não seria de bom tom falar o que havia pensado, ela fica calada.

Meu pai a encarava fixamente. Nesse meio tempo, eles se aproximaram de novo. Talvez por minha causa, ou talvez por saberem que depois de algum tempo, eles nunca mais iriam se ver, e que toda a história que eles viveram ficariam para trás, e uma parte dela será apagada. Pensar nisso doía. Pensar na minha mãe morta estava me machucando a cada dia que se passava. Eu não estava bem, e o meu pai sabia disso. Ele estava preocupado, mas todo o tempo eu alegava que queria ficar sozinha, e ele respeitava isso, embora não concordasse. 

Minha mãe parecia se sentir culpada com o que estava causando, e isso me deixava mais abalada ainda. Abalada por estar passando essa sensação a ela. Eu queria estar parecendo forte e firme para ela, mostrar que tudo estava bem, mas eu não conseguia. Eu tentava, mas toda vez que eu fazia isso, eu me machucava ainda mais. 

—Filha...— Dessa vez é o meu pai quem fala. —Você nem tocou nas maçãs que eu trouxe.— Sua estava cautelosa. É, eu também havia perdido o apetite. Eu queria alguém para poder jogar tudo para fora, para me abraçar. Mas esse alguém estava longe, e eu não conseguia nem ir na outra rua. Eu realmente estava acabada, estava sofrendo antecipadamente, e isso era horrível.

—Eu vou comer depois, pai.— Abro um sorriso fraco. 

Meus pais se entreolharam, sem dizer uma única palavra.

—Eu prometo para vocês.— Abro um sorriso mais largo, e eles parecem ter acreditado no que eu disse, pois soltaram um suspiro aliviado.

—Se eu soubesse que isso aconteceria, eu nem teria escrito aquela carta.— Madalena fala, e meu pai rapidamente a repreende com o olhar. Durante esses anos, ela falava coisas parecidas, que me machucavam ainda mais.

No início, quando eu descobri que ela estava com essa doença, eu desabei. Mas no fundo, eu estava aliviada por saber que teria tempo o bastante. Mas agora? Agora o tempo já estava praticamente esgotado. Poderia ser a qualquer momento.

—Eu vou deixar você descansar, sei que quer isso.— Meu pai se levanta, e logo minha mãe também faz isso. Antes dele sair de minha casa, ele deposita um beijo em minha testa, dizendo que me ama. Minha mãe apenas disse tchau. Ela realmente nunca mudaria.

Sentindo a porta se fechar, eu olho para o lado, vendo as maçãs. Com um suspiro pesado, eu pego uma e dou uma leve mordida. Meu pai havia avisado que já estavam lavadas, e eu agradeci mentalmente por isso. 

~Malévola

—Senhora, você parece pensativa! Está tudo bem?— Diaval fala, e eu volto o meu olhar para o mesmo. Com um leve suspiro, eu encaro rapidamente o céu.

—Você não acha estranho?— Ele franze o cenho. —Daqui há pouco fará um mês que a Riley não vem aqui.— Faço uma pausa, encarando o olhar de Diaval. —Ela nunca fez isso.

—É...— Ele concorda. —Esses dias eu fui até lá de noite, mas estava tudo escuro, e as janelas estavam tampadas por cortinas.— Ele fala, meio apreensivo. —Acha melhor eu ir lá agora?

Nego com a cabeça, pensativa.

—Não, agora não.

Isso é tudo o que eu falo, e então ele concorda.

I See YouOnde histórias criam vida. Descubra agora