Cair suavemente;

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2. O vidro que sumiu.


O chão se encontrava gélido como de costume quando Harry se ajeitava no mesmo de forma desconfortável, suas costas doíam como o inferno, as vezes desejava não ter sido tão ousado naquele dia, mas o que estava feito não poderia ser revertido.

Não sentia vontade alguma em se levantar do chão frio, muito pelo contrário, queria se afundar naquela escuridão confortável, naquele silêncio, que, mesmo ensurdecedor, poderia ser libertador.

Já se faziam dez anos desde que havia sido encontrado num cesto no batente da porta, sua história era oculta e um tabu dentro da casa. O sol nascia da mesma forma, como sempre iluminando os jardins e números das casas da Rua dos Alfeneiros.

Os raios solares invadiam a sala de estar, repleta de fotos da família, principalmente de Duda, o querido e único primogênito dos corações de Válter e Petúnia.

Não haviam vestígios da presença e existência de Harry na casa, de fato, não era algo surpreendente saber que Potter era um membro fantasma naquele lugar, cada vez mais afundado em sua própria escuridão em seu próprio mundo no armário.

Seu sono era leve, mas em momento algum se mostrava algo fácil e dócil, pois os movimento vindos do moreno se tornaram cada vez mais cômodos e desesperados.

Harry tinha um sonho gostoso onde havia uma motocicleta, mais, como de costume, seus sonhos eram inundados pelo raio verde que cobria toda sua visão. Harry se sentou ofegante no chão frio, ao mesmo tempo de Petúnia alcançar a portinha, anunciando sua presença com a voz aguda, que, diga-se de passagem, foi o primeiro ruído do dia.

" Acorde! Vamos! Não quero demora para prepar o café! "

Potter deu um pulo ao ouvir a mulher, ainda se recuperando do sonho confuso e melancólico, sentia os aromas perfumados da casa enquanto ajeitava os óculos em seus olhos, enxergando os breves raios de sol invadirem sua escuridão por baixo da portinha.

Petúnia bateu a porta outra vez, sua voz carregava uma leve raiva por não receber a resposta.

" Acorde! Não irei chamar outra vez! Espero que tenha entendido o recado! "

Gritou, Harry pode ouvi-la caminhar até a cozinha, os barulhos seguiam sua sequência até a frigideira bater no fogão. Novamente o sonho veio a sua mente, a notocicleta tinha um ar de lar e conforto, uma sensação de que já vira esse sonho antes, tudo que desejou na noite passada ao ouvir a história, ignorando o raio verde perturbador.

Petúnia bateu a porta novamente, ditando com rispidez. " Ande depressa, vai tomar conta do café da manhã, lembre-se que deve ser tudo perfeito no aniversário de Duda. "

Harry revirou os olhos ao se lembrar do fato, sentindo perninhas finas em sua nuca, uma aranha, não se abalou, pois Harry estava acostumado com elas, afinal elas residiam ali primeiro, o que não tirava o direito delas de explorar o local. Potter não as matava, afinal as aranhas não tinham culpa de sua vida miserável.

O moreno terminou de ajeitar sua roupa, que estava mais para trapos grandes e antigos de Duda, passando pelo corredor da noite anterior, naquele horário já aquecido pelo sol, esquivando de uma caixa de presente que se encontrava a entrada da sala de estar, seguindo para a cozinha com cautela para não cair em outros presentes.

A mesa se tornou invisível com a quantidade de presentes. Harry não entendia o motivo de tanto consumismo, pois o primo só se importava em comer. Analisando por cima, pode ver que Duda ganhara o computador que tanto queria, assim como outra televisão e uma bicicleta de corrida, outro mistério para Potter, pois o Dursley mais novo detestava exercios e se assemelhava a um porco, gordo.

The Dawn of Oblivion - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora