CAP 2

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Laura:

---- Você é mimada, mesquinha, egoísta! Não dá mais! – Esta foi a frase que o meu último namorado me disse.

---- E você é um amor! Foi péssimo te conhecer gato! – Falei sorrindo, dando-lhe um empurrão.

Comigo era assim! Homem nenhum nunca virou a minha cabeça, e nunca me fez ficar flutuando pelos cantos sonhando com princesas, e príncipes,em castelos de areia.

Sempre namorei com os caras mais gatos, e ricos mais tal detalhe nunca me deslumbrou! Eu queria mesmo, era ser livre! Livre desse mundo de luxo que eu adorava, mas muito me cansava.

Bem que eu podia ter um carrão “chiquérrimo”, tipo uma ferrari turbinada,mas preferi uma comb,usada, de cor turquesa, e que vez ou outra ia pro concerto, e me deixava na mão.

Eu gosto de sair por aí sem destino, em busca de novos lugares, novos horizontes, e ar puro.
Ás vezes, nem eu mesma consigo me entender! Amo ter a minha vida luxuosa, mas também gosto da simplicidade, gosto de frequentar lugares da alta sociedade, mas também amo uma paisagem natural, e até um restaurante simples, com uma boa comida caseira.

No momento, eu me sinto ser duas pessoas distintas: A Laura rica,ambiciosa, e a Laura naturalista, e simples.
Na verdade, eu preciso me encontrar! Saber quem realmente eu sou,e ter uma identidade!

Renan:

Após meses trabalhando como peão em uma fazenda á 4 quilômetros da casa de meus pais, consegui arrecadar o dinheiro para comprar as minhas passagens para ir para São Paulo.

Com muito esforço, fui até a cidade á cavalo, comprei as minhas passagens,e depois voltei para casa, e contei para os meus pais, e meus irmãos, que eu viajaria em busca de uma vida melhor para mim, e para eles,algumas semanas após aquele dia.

A minha mãe começou á chorar, meu pai achava uma tremenda loucura, e meus irmãos, falaram que sentiriam muita falta de mim, mas sabiam que eu voltaria para buscá-los.

Foi uma notícia um tanto difícil de dar, mas no fim, todos me apoiaram, e os meus irmãos me garantiram, que cuidariam dos nossos pais, e continuariam trabalhando para manter a casa até que eu voltasse.

----- Meu filho, fica aqui! Não vá se arriscar na “cidade grande”,pelo amor de Deus! – Minha mãe me pediu aos prantos.

----- Vai ficar tudo bem, mãe! Lá,eu vou conseguir um emprego, uma moradia, e volto para buscar todos vocês! Eu juro! – Falei me segurando para não chorar também.

---- Mais, e o tempo enquanto você não consegue nada,filho? Onde você vai ficar? – Perguntou.

----- Não se preocupe, mamãe! Eu vou ficar mandando dinheiro para vocês pela conta do papai, e vocês vão pegar no banco da cidade. – Eu disse tentando acreditar nas minhas próprias palavras.

Eu sei que não seria fácil assim como eu estava falando para todos,mas eu iria lutar em São Paulo, e a minha maior força, e motivação, seria as lembranças da minha família, e da miséria em que vivemos durante tantos anos.


Renan:

Então, era chegada a hora de partir! Eu levaria comigo apenas algumas roupas, a minha viola, e a esperança de ter um futuro melhor.

Os meus familiares me acompanharam até a rodoviária da cidade, e lá eu me despedi de todos com lágrimas nos olhos, e com a promessa de que logo eu voltaria.

A viagem seria longa! Mas eu estava levando comigo a minha marmita, com alimentos suficientes para que eu pudesse chegar á São Paulo bem alimentado.

Foram 3 longos dias e 2 longas noites de viagem, mas consegui chegar ao meu destino em paz.
Desci daquele ônibus com um leve sorriso no rosto, e só quando cheguei á São Paulo, me dei conta de que eu não tinha para onde ir.

E agora? Que idiota você, Renan! Você achava que quando chegasse aqui, teria um emprego, com uma casa, e uma cama quentinha pra você? Que tosco! – Falei sozinho em meio aquela imensa cidade.
Saí andando sem direção, e parei embaixo de uma ponte onde haviam alguns moradores de rua.

----- Veio procurar vida boa na grande São Paulo, e se deu mal também? – Um rapaz que estava coberto por uma manta, perguntou.

----- Na verdade, eu acabei de chegar. Posso ficar aqui com vocês esta noite? Meu nome é Renan! – Falei.

----- O dono da “parada” aqui, é o “Munturão”. Se ele for com a tua cara, tu fica! Se não, tu “vaza”. – Um deles respondeu.

Fui falar com esse tal “Munturão” , mas como era de se esperar, ele não quis papo comigo, me expulsou daquele local, e ainda tive que dar algumas das minhas roupas para ele,ou algo muito desagradável poderia acontecer comigo.

A noite estava extremamente fria, e á cada momento, mais o meu corpo tremia. Parei em uma calçada qualquer, abri a minha mochila, e lá dentro tinham apenas algumas das minhas roupas que restaram, um caderno para anotações,um lápis, e uma bíblia.

Espera aí! Uma bíblia? Eu não lembrava de ter colocado uma bíblia ali! Abri aquele livro sagrado, no salmo 23, e li em voz alta: O senhor é meu pastor, e nada me faltará!

---- Senhor, se tu és meu pastor, e contigo, nada me faltará, envia um de teus anjos para me proteger em meio á essa escuridão, enquanto eu não encontro um rumo certo. Por quê eu sei que só tu podes. – Disse eu, em voz alta.

Os meus pais me ensinaram desde cedo, á orar, e á acreditar em um Deus que faz o impossível acontecer. E era com a fé,e a esperança nesse Deus de maravilhas, que eu saí do sertão nordestino para o estado de São Paulo.

Repentinamente, uma chuva forte começou á cair dos céus. Corri para me proteger da chuva, do frio, e parei por debaixo de outra ponte.
Estava tudo escuro, então agarrei á minha mochila, e fiquei quieto, e com muito medo.

---- Ei,psiu! – Alguém falou, e eu fiquei paralisado.

---- Ei, garoto! Tá com medo?! – Um senhor se aproximou de mim, me entregando um cobertor.

----- Vai me dar o seu cobertor? Por quê me daria o seu cobertor? – Perguntei desconfiado.

----- Não se preocupe! Eu tenho mais dois desses,e dar um para um jovem rapaz que está com frio, e assustado,não faz mal, faz? – Perguntou.

----- E por quê está me ajudando? – Insisti.

----- Eu fui enviado para cuidar de você! – Aquele senhor sussurrou, e depois dormiu.

Dei batidas no ombro dele, e ele acordou de um susto.

----- O que o senhor falou mesmo? – Perguntei querendo saber se realmente ouvi aquilo.

----- Estávamos, falando dos cobertores! – Respondeu sorrindo. --- Meu nome é Ariel! – Falou me dando um aperto de mão.

------ Prazer! Meu nome é Renan! – Dei um sorriso torto retribuindo o aperto de mão.

Ariel! Nome de anjo, que tem como significado “leão de Deus”, “leão do Senhor”, “ Fogo de Deus”, protetor. Quanta coincidência! Mas preferi não comentar nada com ele.

Ariel me ajudou á encontrar um local seguro para passarmos a noite, me falou da sua sofrida tragetória de vida até chegar ali,e eu também lhe contei fatos marcantes, da minha vida.

Laura:

E a minha vida,era sempre a mesma coisa! Eu podia comprar tudo o que eu quisesse, tinha milhares de amigos, estudava em uma das melhores universidades do estado, recebia diversos convites para variadas ocasiões, mas nem assim,o tédio deixava de existir,e me perseguir.

O Luís Júnior (meu irmão) morava em Nova Iorque e só aparecia para nos visitar nas férias,a minha irmã Daniela só queria saber de assuntos da empresa, e de um tal noivo dela que eu detestava por sinal, e só me restava, a minha bonequinha Ana Luísa para brincarmos de Barbie.
Eu me divertia bastante com ela, e juntas, sempre dávamos boas risadas.

---- Sabe, papai, eu sinto vontade de fazer algo inovador, que dê orgulho á mim mesma, sabe? Eu preciso disso! Preciso de um pouco de adrenalina, de emoção, de “tcham!”. – Falei.

Meu pai gargalhou.

------ Eu entendo! Você quer se sentir um pouco humana, não é mesmo? Nada melhor que ajudar um pobre! – Meu pai disse.

----- Quê? – Fiz uma careta.

----- Ajuda um pobre, dá dinheiro pra ele, sei lá! Só não encosta muito, por quê a pobreza pode ser contagiosa! – Meu pai gargalhou.

----- O senhor é muito hilário, papai! – Falei rindo muito.

----- Filhaa! Deixa de ser tão pacata! Vai se divertir com as suas amigas, gastar dinheiro, curtir a sua juventude! Você é linda! Invés de ficar reclamando da vida, aproveita tudo o que você tem! Agora, me deixa ir, que eu vou cuidar da nossa fortuna! – Beijou a minha testa,e saiu.

Sabe que papai, tinha razão? Rapidamente, convoquei uma galera, passamos o dia em uma baladinha no meu iate particular, e á noite, fomos para uma balada com camarote VIP,com tudo que eu,e as minhas amigas temos direito.

A Filha do Milionário (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now