CAP 3

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Laura:

Após uma noite agitada, acordei e ainda estava no iate com as minhas amigas.
Foi uma noite e tanto! Nos divertimos pra caramba, mas a ressaca era tremenda.
Tomei um banho gelado, troquei de roupas, e quando voltei,as meninas já tinham ido embora (que amigas,hein?!).

Tomei um café da manhã reforçado,e depois um dos funcionários do meu pai me ajudou á sair do iate, e voltar para a terra (risos).

Peguei o carro do meu pai (já que ele falou que era vergonhoso uma garota rica, andar por aí em uma comb turquesa,e me emprestou o carro dele para sair com as meninas), e fui pra casa.
Nossa! Eu detestava dirigir carros novos, e cheios de "frescuras!". Mas, o importante, era ir pra casa, e cair na minha cama.
Quando cheguei em casa, a minha mãe estava histérica, á minha espera.

--- Ana Laura, onde você passou a noite? - Abriu a porta já perguntando.

--- Calma aí, dona Ana Lia! - Levantei as mãos em rendimento.

--- Calma aí, não! Onde você passou a noite, Ana Laura? - Berrou.

Quando a minha mãe me chamava de Ana Laura, era por quê a coisa tava feia!

---- Pra quê tanto estresse, dona Ana Lia? Eu sou maior de idade, e vacinada! - Falei sorrindo,me jogando no sofá da sala.

---- Não brinca com a minha cara,garota! Você tem 21 anos, e se acha a dona do mundo? Aah, dá licença, né? Fala logo,onde você passou a noite,Ana Laura? - Berrou,e confesso,que fiquei com medo da minha mãe.

---- Ok.. Eu passei a noite curtindo uma baladinha particular, no iate do papai. Pronto, falei! Satisfeita?- Disse eu com ironia.

---- Iate? E por quê não avisou nada, Ana Laura?! Quer me matar, menina? Hein? - Desta vez, ela andava de um lado para o outro, com as mãos na cabeça.

----- Eu avisei pro papai! Na verdade, foi ele quem sugeriu. - Fiz uma careta, quando vi que meu pai entrou em casa silenciosamente.

----- Você deixou a Laura dormir fora de casa, Luís Henrique? - Minha mãe falou, meu pai arregalou os olhos, e eu subi as escadas correndo,e os deixei sozinhos para "conversarem" melhor.
Na verdade, alguns vasos seriam quebrados, mas quem se importa?

Era sempre assim! Meu pai liberal,super mente aberta,e a minha mãe,uma conservadora histérica! Quase sempre, eles brigavam por minha causa.
Se dependesse do meu pai, eu iria apenas desfrutar das maravilhas dinheiro poderia me proporcionar,e não me preocupar com mais nada.
Já a minha mãe, achava que eu deveria "enfiar" a cara nos livros, e estudar muito, pois medicina não é um curso fácil.

Eu até gostava de estudar, mas achava algo desnecessário! O Luís Júnior,era empresário fora do Brasil,a Daniela dava o sangue na empresa junto á meus pais, e por quê eu não poderia apenas ficar em casa "quietinha"? Já não bastava, ter que ensinar a lição de casa da Ana Luísa todas as tardes?

Falando em tarde.. Após mais uma discussão de meus pais por minha causa, peguei alguns cadernos, livros, e fui para a faculdade dar uma estudada.
As provas se aproximavam, e se eu ficasse reprovada, a minha mãe não me deixaria viva.

Comuniquei em voz alta que iria para a faculdade estudar, e ninguém se pronunciou.
Saí, e chegando na faculdade,alguns amigos estavam lá,então fizemos um grupo de estudos, e tivemos uma tarde produtiva.

Amigos.. Esta palavra me assustava um pouco. Eu tinha tantos, mas quando eu precisava, a única que me dava um ombro para chorar, era a Monique! Uma pessoa linda, de alma pura, e que nunca me pediu roupas,e sapatos emprestados na intenção de que eu lhe desse,e nunca me ligou para pedir convites para ir para festas,e baladas VIPs comigo.
Ela era diferente! Não tinha maldade, e eu não conseguia a ver como uma pessoa interesseira. Ao menos, uma amiga eu tinha.

Renan:

Após 15 dias morando na rua, eu estava conseguindo alguns "trocados" fazendo apresentações de rua com a minha viola, e tudo que eu conseguia, era dividido com o Ariel, que apesar de pouco tempo, havia se tornado um grande amigo.

" No dia em que eu saí de casa, minha mãe me disse filho,vem cá"...

Comecei á cantar,mas naquela manhã ninguém havia parado ainda para me ouvir cantar, ou me dá alguma moeda, ou por grande sorte, cédula.

" Ele não desiste de você, ele se importa com você, ele reconhece o seu caminhar,nunca vi amor tão grande"...

Eu cantava tranquilamente, quando vi que uma garota bem vestida, e de boa aparência me observava.

---- Canta alguma coisa para mim? - Pediu, me deixando um pouco desconcertado.

" Foi Deus, que me enviou de presente você, o teu sorriso hoje eu quero viver, no teu abraço encontrei minha paz... Valeu, ter esperado o tempo passar, pra de uma vez, o meu amor entregar, e não sentir solidão nunca mais"...

---- Que bonito, moço! Toma aqui! Pode ficar com o troco. - Falou jogando cem reais na minha caixinha.

---- Tudo isso, moça? Eu não posso aceitar! - Falei com os olhos arregalados.

----- Eu sei que você precisa, e eu tenho milhares dessas! Não vai me fazer falta! - Deu uma piscadela para mim.

----- Mas moça... - A gagueira foi instantânea.

---- Deixa disso! Aliás, o que um homem tão bonito faz na rua, cantando para ganhar dinheiro, e com esse mau cheiro? - Perguntou arqueando a sobrancelha.

----- Eu vim para São Paulo, á procura de emprego, e ainda não consegui. - Disse, e virei o rosto.

----- Conseguir emprego, com esse mau cheiro ? - Fez uma careta me deixando envergonhado.

----- Olha aqui, moça! Eu sou pobre, morador de rua, mas não mereço ser tratado assim! Já percebi que a moça é rica, agora pode ir! Ah, e toma o seu dinheiro! - Falei,devolvi o dinheiro, peguei a minha viola, a minha mochila, e saí.

----- Espera! Desculpa! - Me puxou pelo braço, e eu parei frente a frente com ela, e vi quão linda era a tal moça.

----- Eu posso te dar um emprego! - Falou.

----- A moça tá falando sério? - Perguntei.

----- E eu sou mulher de mentir? - Perguntou.

Eu sorri, e ela falou que era filha de um grande empresário, e conseguiria um emprego digno na casa dela para mim.

Ela pediu que eu arrumasse tudo que eu tinha, e quando abri a minha mochila.. Dentro dela, estava apenas a minha bíblia,e o meu caderninho de anotações.
Até o meu celular havia sumido! Na verdade,havia sido roubado, nais que diferença fazia?

---- Você só tem essa mochila, e essa viola? - Perguntou com uma cara estranha.

---- Só. - Respondo.

----- Podemos ir? Perguntou abrindo a porta do carro para mim entrar.

Antes de entrar, eu olhei para trás,e Ariel estava de pé sorrindo,e acenando.

----- Ariel, meu amigo! Acho que consegui um trabalho! - Sorri, e ele também sorriu.

----- Boa sorte nesta sua nova jornada,meu amigo! - Disse ele.

----- Te agradeço muito pelo que você fez por mim, e eu te prometo que quando eu melhorar de vida, eu volto para te buscar, amigão! - Dei-lhe um abraço.

----- Não se preocupe comigo! Eu ficarei bem! Quando quiser me encontrar, estarei no mesmo local de antes. Caso contrário, você saberá onde eu vou estar. - Falou.

Entrei no carro da moça bonita,e em silêncio, ela seguiu rumo á um lugar ainda desconhecido por mim.
Seria desta vez, que eu conseguiria realizar mudar a realidade da minha família que ficou á minha espera no sertão nordestino?

A Filha do Milionário (DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now