🔸 Capítulo XI.

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ISABELLA GRACIE RUSSELL

Cambridge, 10 de julho de 2023.

Ontem, meu mundo desmoronou, deixando meu coração em cacos. No momento em que Carlos me lançou aquele olhar ao entrar no carro, uma onda avassaladora de desejo de correr para seus braços e escapar de tudo me invadiu. No entanto, questionei-me: o que tal fuga realmente solucionaria? Nossos dilemas, certamente, não desapareceriam com o vento.

Estou presa em um labirinto de sentimentos, oscilando entre o amor antigo por Charles e o novo amor por Carlos. Decifrar qual dessas emoções é a verdadeira é um enigma que me consome. Atualmente, minha única certeza é a vontade de me afogar em chocolate e permitir que as lágrimas fluam sem restrições, na esperança de encontrar algum alívio, por mais breve que seja, nesse emaranhado de sentimentos. Enquanto luto para compreender o meu coração, sei que a resposta para qual amor é o verdadeiro está em algum lugar dentro de mim, esperando ser descoberta.

Ontem, Carlos partiu, e desde então, me escondi na solidão deste quarto, evitando qualquer contato com minha família. George e Carmen chegaram hoje, mas ainda não cruzei com eles. Estive imersa em minha própria tristeza, chorando as lágrimas que vinha segurando, tudo para não desabar durante o jantar de aniversário do meu pai. Por um momento, pensei em fugir para Mônaco logo ao amanhecer, mas a ideia de topar com Charles ou Carlos por lá me fez desistir. Afinal, prefiro enfrentar o desconforto em casa do que a incerteza lá fora. Porém, meus esforços para me isolar fracassaram quando ouvi a voz do meu pai na porta do meu quarto, pedindo permissão para entrar.

-Pode entrar, pai. — digo, e escondo alguns chocolates em baixo da coberta.

-Podemos conversar um momento? - meu pai inicia, acomodando-se ao meu lado.

-Claro, pai. — concordo, intrigada.

-Isabella, minha filha, eu lamento profundamente por não ter sido o pai que você merecia. Forcei sobre você as minhas expectativas e os meus planos, e quando escolheu seguir seu coração, eu falhei em não te apoiar. Isso não é a atitude de um bom pai. — ele admite, com a voz carregada por emoção, e uma lágrima solitária desce pelo seu rosto. - Percebi o quanto fui negligente com você quando vi seu desconforto em estar perto de nós, de sua própria família. Nós deveríamos ser sua proteção, seu refúgio, filha, e nós falhamos nisso.

As palavras do meu pai desencadeiam uma enxurrada de emoções, e me vejo incapaz de conter as lágrimas. O sonho de me sentir verdadeiramente parte desta família, sem temores ou julgamentos, parecia finalmente se tornar realidade.

-Peço que me perdoe, querida. Sei que palavras são insuficientes, mas estou comprometido a reconstruir nossa relação, a tornar este lugar um lar para você, ao lado de sua mãe e de mim. — ele continua, com sincera emoção.

-Pai, não há nada no mundo que me impediria de perdoá-lo. A felicidade que sinto agora, ao ouvi-lo dizer isso, é enorme. Sempre desejei por sua atenção, e saber que esse dia finalmente chegou... é tudo que eu poderia querer. — expresso, envolvendo-o num abraço cheio de novas esperanças e entendimento mútuo.

(...)

Mônaco, 11 de julho de 2023.

A adaptação ao meu novo ambiente ainda está em processo. Há momentos em que me sinto como se estivesse em mais uma de minhas viagens, com a expectativa de em breve retornar a Londres. Mônaco é, sem dúvida, um lugar deslumbrante, mas Londres sempre terá um lugar especial no meu coração. Foi lá que cresci e me desenvolvi, tanto pessoalmente quanto profissionalmente; foi lá que aprendi a me virar sozinha.

Divided Heart || Carlos Sainz Or Charles Leclerc?Where stories live. Discover now