My Lord

Pensamentos em colisão

Quando a noite chegou meu corpo já não doía tanto.

Os rapazes disseram que iriam ao grande salão, então tomei um banho, troquei de roupa e fui até lá.
Aos poucos os rapazes foram chegando e Ethan e Leandra foram os últimos a entrar.

Raphael: - Muito bem! Agora que estamos todos aqui, vamos compartilhar o que sabemos até o momento.

Aaron: - Certo! Beliath nos disse tudo sobre ontem a noite e como o tumulto começou. Eloise, você sabe alguma coisa que queira nos dizer?

Beliath: - Um momento Aaron.

*Beliath se voltou para mim*

Beliath: - Doçura, quando as luzes voltaram você não estava mais no salão. Onde você foi?

Eloise: - Eu estava caída no chão. Alguém me levantou e me tirou de lá e quando acordei estava na casa do Vladimir.

Todos: Na casa do Vladimir?

Eloise: - Sim. Não sei bem como,mas parece que ele tem outra casa na cidade. Uma residência mais privativa pelo que entendi.

Beliath: - E nós aqui organizando uma equipe de busca em plena luz do dia enquanto vocês dois estavam juntos.

Nesse momento recordei das capas que Ivan trazia quando cheguei. Eles estavam preocupados e iam atrás de mim mesmo se expondo ao Sol.

Raphael: - Seu desaparecimento nos preocupou! Pedimos ao Ivan que nos ajudasse a sair sem sermos afetados pelo Sol, para procurarmos pela cidade.

Eloise: - Em todo caso Beliath; Vladimir e eu estivemos juntos,mas não da maneira que você imagina! Ele nem se lembra de mim,ou de qualquer coisa relacionada a mansão e a vocês.

Beliath: - Então, nos diga como foi tudo? Até agora estou sem entender o que está acontecendo!

Contei aos rapazes tudo que havia acontecido e sobre a reação do Vladimir. A todo momento vi seus olhares tão confusos quanto minha mente.

Eloise: - …ele foi embora sem olhar para trás. Espero que vocês tenham tido mais sorte que eu!

Aaron: - Na realidade não!

Eloise: - Como?

Ethan: - Aaron está certo! Não havia nada na casa que nos desse alguma pista. Existem quadros estranhos por todo lado, mas nada além disso.

Eloise: - Quadros estranhos?!

Aaron: - Não exatamente estranhos; São quadros sem sentido, aparentemente. Não havia nada pintado neles,apenas uma cor de fundo como se alguém ainda fosse pintar algo.

Ethan: - E isso não é estranho? Que artista deixaria quadros inacabados ou com apenas uma única cor? Não dá para chamar de arte.

Raphael: - Na verdade Ethan, existem artistas que usam cores para se expressar. Mas, esse não é o foco no momento.

Eloise: - E de que cores eram os quadros?

Aaron: Pretos e azuis em sua maioria e um ou outro roxo.

Ethan: - Isso não é importante agora. Temos que entender o que aconteceu no baile.

Eloise: - Beliath não contou tudo? O lustre caiu e me machucou.

Leandra: - Não é sobre isso que Ethan está falando.

Eloise: - Então o que é?

Leandra: - No momento que as luzes do salão apagaram algo estranho aconteceu.

Ivan: - Eu estava do lado de fora e vi tudo, e o Raphael sentiu algo errado. Então, mandamos Aaron e Ethan voltarem rápido.

Os meninos me contaram que um tipo de vórtice se formou bem acima da prefeitura. Nuvens negras e estranhas flutuavam sobre o lugar à medida que o caos se espalhava.

Beliath disse que tentou me encontrar pelo cheiro,mas com tanto sangue em volta foi impossível.

Raphael falou que conseguia ouvir os gritos de socorro, e com dificuldade me ouviu muito ao longe chamar pelo Beliath.

Quando as luzes voltaram, os rapazes, exceto Raphael e Leandra entraram para me encontrar,mas não haviam rastros de onde eu estava.

E o pior foi receber a notícia que em meio a toda a confusão a esposa do prefeito havia morrido. A pobre mulher recebeu um golpe fatal de um dos estilhaços do lustre. Pelo que Beliath falou, ela tinha um corte profundo no pescoço e estava cheia de sangue em volta.

Isso explicaria o tumulto na cidade quando cheguei. O prefeito devia estar desconsolado, afinal ele foi casado por mais de 20 anos com a falecida Senhora Miller.

Raphael: - De todo modo, não podemos ficar de braços cruzados! Vamos agir com cautela e tentar chegar ao fundo disso.

Ethan: - Não sabemos por onde começar. A única coisa que sabemos é que o Vladimir está vivo e não sabe quem somos. Quer agir!? Vamos começar limpando a mansão.

Aaron: - Como é? Limpar?????

Ethan: - Se o Vladimir está vivo como o Beliath disse, e vocês querem trazê-lo aqui, vamos deixar tudo impecável. Não sei quanto a você Aaron,mas eu não estou afim de levar bronca por causa de poeira.

Aaron: - ETHAN!!!!

As palavras do Ethan me fizeram lembrar o quanto o Vladimir zelava pela mansão.

Eloise: - ( Lembrar… Espere, é isso!) Vamos fazer as memórias do Vladimir voltarem pra ele.

Ivan: - Como assim?

Eloise: Se ele não se recorda de nada, e simplesmente falar não resolve, podemos mostrar pra ele a vida que ele tinha antes.

Raphael: - É um plano simples, mas pode funcionar! Muito bem, vamos seguir a ideia do Ethan e arrumar tudo. O resto deixamos com você Eloise.

Os rapazes saíram para começar os afazeres antes da noite acabar. O que eu precisava era de uma estratégia para que Vladimir me seguisse até a mansão.

*A porta se abriu atrás de mim*

Ethan: - Não sei se ajuda muito Eloise, mas deixei um pequeno quadro no seu quarto. Era um dos muitos que estavam na casa e achei que você iria querer algo do Vladimir para guardar.

Ethan ainda era um tanto bruto às vezes,mas mudou muito com o passar do tempo.

Fui ao meu quarto para checar o tal quadro estranho. Quando cheguei vi o quadro apoiado na parede próximo a mesa de cabeceira. Andei até ele e por um instante me virei para minha penteadeira.

Eloise: - Oh céus! O colar que o Raphael me emprestou…

Eu olhei para a caixa de onde o Raphael tirou o colar noite passada, e percebi que o colar não estava comigo.

Provavelmente tinha caído no salão e eu teria que recupera-lo.

Não olhei para o tal quadro a noite toda. Tudo o que eu pensei foi no colar que eu precisava reaver.

No dia seguinte corri para a cidade. Meus ferimentos ainda me incomodavam, mas isso não era importante.

Fui na direção do salão da prefeitura e algo não estava bem. O lugar estava cercado de carros de jornalistas, viaturas de polícia cercavam o prédio, flashs de câmera estavam em toda parte e um policial gritava para a multidão se afastar.

Eloise: - O que raios está acontecendo?