Memórias afetivas Part 2

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A pressa do Vladimir desconcertou a todos. Os rapazes confusos vieram me perguntar o que havia acontecido.
Havia sido um dia tão longo, que era quase impossível dizer o que mais era estranho em tudo aquilo.

Contei aos rapazes sobre o colar, o tal assassinato da Sra Miller e como o Vladimir me tirou da delegacia. Todos concordaram que os cuidados deviam ser redobrados, afinal algo muito estranho estava acontecendo.

Voltei para o meu quarto e me lembrei de um detalhe.

Eloise: - O quadro… Ele não estava apoiado na minha mesa de cabeceira e sim na parede ao lado!

*Uma batida na porta*

Raphael entrou para me dar um conselho, e seu semblante era de preocupação.

Raphael: - Eu sei que a senhorita não fez nada errado, mas até essa história se resolver, fique longe da cidade.

Eloise: - Fui até lá para recuperar o seu colar. Não imaginei tamanho problema Raphael. De todo modo não posso ficar afastada ou será o mesmo que me declarar culpada de algo que não fiz.

Raphael: - Eu a entendo senhorita, mas nas palavras do próprio Vladimir, se tudo se complicar ele não vai intervir; E se algo acontecer, enquanto estiver na mansão nós vamos protegê-la, esteja certa disso!

As palavras do Raphael me trouxeram um pouco de alívio naquele momento.

Ele se afastou em direção a porta, e antes que ele saísse fiz uma última pergunta.

Eloise: - Raphael, alguém esteve no meu quarto enquanto estive fora?

Raphael: - Não ouvi qualquer movimento o dia todo, por quê?

Eloise: - O quadro que o Vladimir levou, parecia estar fora do lugar,mas talvez seja só impressão minha. Boa noite meu amigo!

O Raphael se foi, e mesmo tentando dizer a mim mesma que poderia ser um engano, algo me incomodava sobre a posição do quadro. Resolvi deixar isso pra lá e ir dormir.

No dia seguinte…

Pela manhã a mansão estava quieta como de costume. Já que eu não ia até a cidade fui para a biblioteca.
Tentei achar algo entre os livros que pudesse me dar uma pista sobre a volta do Vladimir, mas nada me chamou a atenção.

Minha cabeça estava doendo um pouco, então resolvi voltar para o quarto.

Enquanto passava pelo hall ouvi uma batida na porta da frente. Quando abri a porta para meu espanto vi o Vladimir parado diante de mim.

Ele carregava algo nas mãos, parecia um quadro embrulhado em papel pardo.

Eloise: O que faz aqui?

Vladimir: - Eu … Eu sei que meu comportamento ontem foi rude. Sinto muito Eloise! Será que posso entrar? Tenho algo para mostrar e preciso dizer uma coisa muito importante!

Levei o Vladimir ao pequeno salão.

Ele parecia um tanto desconfortável, seu semblante era de alguém que estava exausto e seu olhar estava perdido.

Eloise: - E então, o que quer me mostrar?

Vladimir: - Eu pedi ao prefeito que arrumasse uma residência privada para que eu pudesse pintar tranquilamente. Mas, desde que cheguei a cidade algo errado vem acontecendo.

Eloise: - Como assim?

Vladimir: - Vou para a residência todo fim de tarde para pintar algo. Tenho a sensação de estar realmente colocando algo nas pinturas, algo importante. Eu achei que fosse um sonho, ou fadiga do dia de trabalho e não dei importância até agora.

Eloise: - Vladimir, aonde você quer chegar? Não estou entendendo!

Vladimir: - Eu fico na residência até tarde, então acabo dormindo por lá. Mas, antes de dormir tenho certeza de que deixo um quadro com algo pintado na sala de artes. Mas, quando acordo no dia seguinte, não tem nada. Os quadros estão sempre pintados com uma única cor e sem mais nada neles.

Eloise: - Mas, isso é importante?

Vladimir: - Talvez não, mas o fato é que eu realmente acredito ter pintado algo e ontem quando vi o jardim tive certeza disso!

Eloise: - O jardim?

Vladimir desembrulhou o quadro que trazia e diante de mim vi a pintura do jardim da mansão sem faltar nenhum detalhe.

Eloise: - Mas, como? Você disse não se lembrar de nada. Como é possível?

Vladimir: - Eu comecei a pintar esse quadro no dia em que fui à floricultura e a vi pela primeira vez. Mas, como não havia terminado o guardei em um canto e coloquei uma nova tela no cavalete.

Eloise : - Não entendi muito bem, como assim não terminou se o quadro está finalizado?!

Vladimir: - Como eu disse, eu o guardei em um canto. Porém, a nova tela que peguei estava pintada no dia seguinte, e não me lembro de ter feito nada nela. Quando peguei esse quadro ele estava intacto no canto que deixei.

Eloise: - Então, tem alguém mexendo nos seus quadros é isso?

Vladimir: - Não tenho certeza, mas se eu pintei o jardim sem nem ao menos me lembrar dele, poderia ter algo mais nos outros quadros que alguém queira esconder?!

Eloise: - O jardim era seu lugar favorito na mansão. Você estar aqui é algo que ainda não entendemos, mas se os quadros tem relação com seu retorno, tem mais alguém que esteja sabendo da sua volta.

Logo pensei que o próprio Neil poderia estar por trás de tudo. Só que ele havia morrido e suas cinzas foram espalhadas com o vento.
Isso não fazia sentido, mas o Vladimir estava bem diante de mim, então havia uma chance do Neil também ter voltado em busca de vingança.

My LordWhere stories live. Discover now