Capítulo 26: Bambi

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"Parece que em meu coração secoEstá se infiltrando uma chuvaNão preciso de respostasPorque você é minha favoritaNenhuma palavra consegue explicar"Bambi - BAEKHYUN

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"Parece que em meu coração seco
Está se infiltrando uma chuva
Não preciso de respostas
Porque você é minha favorita
Nenhuma palavra consegue explicar"
Bambi - BAEKHYUN

Estou a ponto de enlouquecer; uma briga entre o passado e o presente persiste em minha mente, impedindo-me de viver normalmente assim como qualquer pessoa. Não consigo esquecer mesmo que queira esquecer; como um maldito pesadelo atormentando meu sono. É uma tormenta, como um encosto atrapalhando minha vida, um medo que impede o prazer de aproveitar os momentos bons. Tenho medo de que meu diário seja lido por uma outra pessoa.

Preciso me livrar dessas memórias, elas estavam arruinando minha vida; perdi a oportunidade de participar daquele concurso por causa disso; minha família precisava muito daquilo e ainda precisa! Mas eu arruinei todas as chances, estou fora, não tem mais volta. Isso não traz apenas uma consequência, isso afeta vidas: minha irmãzinha não vai conseguir fazer a sessão de terapia, minha mãe não vai conseguir comprar uma roupa nova e muito menos, um fogão. Arruinei tudo.

Entretanto, agora eu deveria estar triste, chorando, implorando pela morte, mas não consigo: estou feliz. Sentir o calor do abraço de Danielle é viciante, é bom.

O carinho em minhas costas feito pelas suas mãozinhas me traz conforto; gosto da sensação de receber toda a atenção da Dani, é como se o mundo inteiro parasse apenas para o nosso momento, como se meu coração e minha mente concordassem em me deixar aproveitar a serotonina pelo menos uma vez; ao mesmo tempo que é bom, é uma tortura, porque quero que continue assim para sempre e sei que não irá; sei que um dia ela vai descobrir, mesmo que eu esconda, sei que serei odiada.

Mas a sensação é tão boa ao receber aquela preciosa atenção de maneira positiva. Isso acaba comigo.

- Quer dormir ou curtir uma noite? Quero animar seu humor! - Danielle sorriu e logo me soltou, entretanto, seu olhar ainda penetrava o meu, trazendo-me a sensação de carinho.

Não quero dormir, porque assim irei ficar menos tempo ao seu lado, pensei.

- Curtir a noite parece ser uma boa ideia...

- Ótimo! - Ela sorriu e bateu palmas; gosto de quando ela fica alegre... é como um brilho iluminando meu coração escuro, que implora por uma luz, uma cura para a amargura e a culpa. - Que tal Halli Galli? Prometo te deixar ganhar.

- Na verdade... queria ficar na cama, com você, conversando sobre coisas aleatórias... - Confessei e rapidamente abaixei minha cabeça, sentindo um rubor surgir nelas.

Isso foi praticamente a mesma coisa de dizer "Eu te amo, pise em mim!", mas não ligo, aliás, neste momento toda a minha dignidade me abandonou assim como meu pai; não tenho mais moral alguma perante Danielle, na verdade, nunca tive, isso fazia de mim uma pessoa ruim, mas não quero mais isso. Apenas quero sentir o seu amor, me rendi a isso.

De repente, como ae fizesse meu coração saltar, sinto uma de suas mãos tocando em meu queixo, levantando-o, obrigando os meus olhos encararam os dela. Céus, como eles brilham...

- Seu pedido é uma ordem, gatinha. - Rapidamente, meu corpo foi empurrado para a cama.

Demorou alguns segundos até que nos ajeitassemos; é extremamente gostoso sentir o aroma adocidado que saía do corpo da Dani; não é enjoado, é suave; um delicioso aroma de cereja que toma conta de todo ambiente, mas não incomoda, traz calmaria. É incrível, inacreditável.

É o que quero sentir para o resto da vida.

- Vamos compartilhar curiosidades. - Ela disse em um tom calmo, deixando meu coração ainda mais desesperado. - Sabia que eu sou um centímetro maior que você?

- Grande coisa... - Soltei uma leve risada; como amo a companhia dessa garota.

- Um centímetro é muita coisa!

- Isso vai mudar, não esqueça que sou um ano mais nova! - Sorri e logo fechei meus olhos, tentando conter meu coração agitado. - Vou ficar maior que você... nem que seja um pouquinho.

- Ah, claro! Com certeza vai. - Ela soltou uma leve risada nasal, coisa que deixou minhas bochechas tomarem novamente um tom avermelhado. - Curiosidade número dois: gosto da cor azul bebê.

- Sério? Eu jurava que era amarelo.

- Também, mas minha preferida é azul bebê! - Ela exclamou, fazendo meu coração saltar de alegria. - I love baby blueeee!

- 'Tá, 'tá, dúvido você adivinhar a minha.

- Azul?

- Errou! - Ri levemente e, sentindo meu coração aquecer, envolvi a cintura dela em um suave abraço. - Tente novamente...

- Verde?

- Bip!

- Sei lá... rosa?

- Bip!

- Vermelho?

- Errou! A resposta certa é cinza!

- Cinza? Uau... que cor sem graça.

- Quietinha! - Sem hesitar, soltei uma risada; gosto de me sentir próxima a ela, tanto fisicamente quanto emocionalmente. - Você precisa cumprir uma ordem agora.

- Oh, agora você virou uma princesa?

- Está questionando minhas decisões, plebéia?

- Nunca, vossa alteza! - Ouvi sua risada, o que trouxe um conforto enorme para mim; todo este momento está me lembrando de quando éramos crianças.

As coisas não mudaram muito; eu e Dani vivíamos gargalhando por aí, conversando sobre coisas que apenas nós achávamos engraçado. As outras crianças nos achavam estranhas, mas nós nunca ligamos; tínhamos uma a outra, qualquer outra amizade seria menor do que era a nossa amizade. Senti falta disso.

- Pronta para receber a ordem, plebéia?

- Se for da sua vontade, sim, minha princesa!

- Não me abandone. - Murmurei, apertando o abraço em sua cintura.

Não queria ficar sem Danielle novamente, aquilo foi uma tortura; tantos anos sofrendo, tantos anos me torturando, ainda sinto a culpa, ainda sinto o impacto de tudo, mas é diferente.

É como uma doença: desde que eu esteja tomando os remédios, ficarei bem. Dani é o meu remédio; embora a culpa permaneça em meu coração e o peso em minha consciência, ainda consigo sentir um pouco de alegria, coisa que não conseguia sentir após me afastar da Dani.

- Seu desejo é uma ordem, gatinha... - Ela sussurrou e aconchegou seu corpo ao meu, trazendo-me calor e uma sensação incrível de sonolência.

Meus olhos estavam fechados, minha mente queria tanto que eu descansasse, mas meu coração não; queria ficar acordada apenas para aproveitar mais a companhia de Danielle.

Entretanto, não consegui: adormeci, mas desta vez, abraçando a cintura da Dani.

RoomMATEs • DaerinWhere stories live. Discover now