RoomMATEs • Daerin

Capítulo 35: Sacrifice (Eat Me Up)

Sacrifice (Eat Me Up) parte III.

"Dedicarei minha vida a você
Tudo bem se me engolir completamente
Dedicarei minha vida a você
Beba meu sangue e coma minha carne, amor
Você é a dádiva que o destino me deu"
Sacrifice (Eat Me Up) - ENHYPEN

Já fazem duas semanas desde que tudo aconteceu. Meus dias são atormentados pelo peso em minha consciência, minhas noites são assombradas por memórias em forma de pesadelos; não consigo me alimentar direito, sou praticamente um zumbi vagando pelos corredores de um colégio indesejado. Nada é mais como antes; a culpa não faz mais parte de mim, ela me tomou. Antes ela era só uma parte que eu tentava ocultar, agora ela é quem sou.

Embora o universo tenha me dado todos os sinais de que acabou para mim, ainda sinto uma gota de esperança. Será que daremos certo algum dia?

O colégio está agitado. Hoje a noite será a festa de comemoração do aniversário do colégio e também irão revelar o ganhador do concurso do livro. Honestamente: não estou nem um pouco afim de ir para lá; não tenho motivo nenhum para ir. Apenas quero me afogar em minhas mágoas enquanto leio cada página de meu diário, relembrando de tudo.

As minhas páginas favoritas são as iniciais, porque nelas há uma felicidade e inocência de criança; nelas estão escritas todas as aventuras que fiz com Dani, todos os desenhos feitos com um simples giz de ceira estão lá. Sinto tanta falta disso...

- Você vai arrumar sua roupa quando? – Minji (a única pessoa que está conversando comigo esses dias) me perguntou.

- Não vou para essa comemoração idiota.

- Ah, você vai sim! Não vou te deixar sozinha quando literalmente o colégio inteiro vai estar lá! – Ela exclamou logo tocou em meu ombro. – Você não pode se punir para sempre por algo que você nem fez...

- Esse é o problema! Eu fiz!

- Você só tinha 8 anos e tropeçou! Não foi sua culpa!

- A Dani só tinha 9 anos e adivinha? Sofreu muitas consequências!

- Não estamos falando dela, estamos falando de você. – Minji murmurou enquanto me encarava com aquele olhar preocupado. Odeio isso. – Você vai para a festa e vai se divertir, isso não é uma opção.

[...]

Odeio Kim Minji. Por que ela é tão insistente em ser uma boa amiga? Não queria estar aqui, mas aqui estou em uma festa ridícula. Particularmente, a única parte boa é que não tem bebidas alcoólicas, drogas e nem pessoas se pegando. Apenas música, pessoas dançando e conversando; está sendo tudo muito tranquilo de uma forma legal para os outros estudantes.

Entre eles, Danielle; lá está ela, se divertindo ao lado de Kyujin. As duas estão rindo enquanto bebem um suco de uva integral. Danielle estava com um lindo blazer bege; não consegui olhar para as outras pessoas, porque dentre a multidão, ela se destacou. Queria tanto estar ao lado dela; queria tanto poder sentir aquele perfume novamente.

É um grande alívio ver que ela está se divertindo pelo menos um dia; após aquilo, reparei em como seu comportamento ficou mais quieto e reservado; às vezes pegava-a me encarando, provavelmente com desgosto. Queria poder ter coragem de falar um 'oi', mas não consigo. Não deveria manter contato com ninguém, sou uma assassina.

- Vou ficar um pouco com Hanni, quer ir comigo? – Minji me perguntou, com um suave sorriso em seu rosto.

- Não, pode ir.

- Tem certeza? Você vai ficar bem?

- Vou, vou...

E então, Minji se foi; ver minha... minha amiga seguindo uma vida alegre é bom; sinto-me feliz por Minji. Pelo menos ela está tendo a oportunidade de sentir-se feliz; uma oportunidade que não terá curto prazo; ela e Hanni se completam, assim como eu queria me completar com Danielle.

Sabe, toda essa história é muito injusta para Dani; ela perdeu a mãe, perdeu a memória, sofreu bullying e agora descobriu que a colega de quarto dela matou a mãe dela. É tudo muito triste para ela, tudo isso por minha causa. Se não fosse pela minha existência, ela seria mais feliz.

Ou não.

De repente, vejo Kyujin puxando Dani para um lugar mais isolado, elas estão saindo do salão de festa. Tenho um mau pressentimento sobre isso.

Preciso segui-las.

Com passos rápidos, fui me espremendo entre a multidão; os alunos reclamavam e murmuravam, mas não era do meu interesse. Preciso manter Danielle segura.

Meus passos estavam cada vez mais rápidos, meu coração palpitava em desespero. Tenho medo do que Kyujin pode fazer, não confio nela nem um pouco.

[...]

Quando menos esperei, estava no dormitório que eu compartilhei com Dani.

Kyujin estava com uma faca pontiaguda em sua mão; Danielle estava pálida, desesperada.

- Foi um erro confiar em mim, Marsh. – Kyujin riu. – Não lembra de mim?

- Kyujin, o que você está fazendo?!

- Me despedindo; foi um desgosto muito grande ter te conhecido. Você estragou minha vida, sua puta do cacete! – Kyujin exclamou.

A mão dela que segurava a faca se levantou com o auxílio do braço; ela estava prestes a esfaquear Danielle, mas eu não deixei.

Minha mão direita estava trêmula, mas forte o suficiente para apertar e segurar o pulso da Jang.

- Você não vai encostar um dedo nela, Jang Kyujin.

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Spoiler do futuro...