Capítulo 24

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Clara observou Cedar carregando a última bolsa onde estavam seus apetrechos de higiene. Ele havia levado todos os seus bens sem deixá-la ajudar.
— Pronta?
— Estou.
Ele a pegou no colo.
— Cedar!
— Não é assim que carregam as noivas?
— Só para entrar em casa.
— Vamos entrar.
Ela riu.
— Na porta de casa.
— Chegaremos lá.
Cedar sorriu para ela e saiu dos aposentos. Passaram pela sala e só havia humanas que já tinham jantado. Clara acenou para Carla e a mulher ficou em pé.
— Espere, Cedar. - Clara pediu.
Ele parou. Clara sorriu para ela.
— Estou me mudando.
— Sério! Para onde?
Ela sentiu seu rosto esquentar.
— Para a cabana do Cedar. - as quatro mulheres a olharam, duas impressionadas e duas invejando-a. Cedar voltou a andar. — Tchau.
— Boa noite. - ele desejou, muito sério.
Cedar saiu do dormitório e atravessou a vila em direção às cabanas individuais. A dele era a maior, pois possuía três quartos; um era dele e os outros eram para hóspedes. Emerald lhe contara que Justice North passara um tempo ali quando a colônia fora inaugurada.
Ele entrou na varanda e parou na frente da porta.
— Pronto, vou te carregar para dentro da casa. - Clara riu e beijou o pescoço dele. Cedar abriu a porta e, quando entraram, ela olhou ao redor. Ali seria sua casa. Cedar a colocou no chão. — Bem vinda.
Ela sorriu, sentindo-se tímida. Até aquela tarde ela era a namorada de Cedar; seu relacionamento chamava a atenção e ela imaginava que consideravam que Cedar era poderoso demais para se envolver com uma funcionária. E uma bem sem graça.
Ele segurou sua mão e a levou para o quarto principal. Clara gostava bastante do quarto dele; era de paredes brancas e as janelas não tinham cortinas. Os móveis eram de madeira crua clara. Uma coberta marrom cobria a grande cama. Era um quarto bonito.
— Nossas fêmeas gostam de cores alegres. Se você quiser, posso mandar pintar a casa.
— Eu gosto assim.
— Posso trocar os móveis.
— Cedar, eu gosto de tudo.
Ele a abraçou e girou pelo quarto. Clara riu de pura felicidade. Cedar a beijou rapidamente e a desceu.
— Amanhã eu preencherei os papeis de acasalamento. Preciso perguntar a Justice quem assinará. - sorriu. — Eu não posso.
— Na sua ausência, quem responde pela colônia?
— Era Fiber.
— E agora?
— Ninguém.
— Então não poderemos acasalar?
Cedar torceu os lábios e ela notou a covinha na bochecha.
— Falarei com Justice.
Clara repousou o rosto no peito dele e fechou os olhos. Estava começando uma nova vida com Cedar! Estava acasalada, era uma companheira.
Em cima da cama estavam sua bolsa de viagem e a bolsa a tiracolo. Numa sacola  guardara seus sapatos. Todos os três. A bota de serviço, um tênis e uma sapatilha. A sandália rasteirinha estava em seus pés.
Seu estômago roncou e ele riu.
— Estou falhando como companheiro. Preciso alimentá-la.
— Isso mesmo. Estou faminta!
— Quer que eu peça que tragam comida?
— Ah, não. Não quero dar trabalho.
— Às vezes preciso comer no escritório e peço que me tragam a refeição.
— Não. Prefiro jantar no Clube.
— Está bem.
Ele a pegou novamente no colo.
— Cedar!
Rindo, ele caminhou para fora do quarto. Clara não se fez de rogada e o abraçou, encostando o nariz em seu pescoço. Ele era tão quente e cheiroso!
Saíram da cabana e foram para o Clube. Encontraram com vários humanos que voltavam do jantar e Clara os cumprimentou, apesar dos olhares curiosos. Era sempre assim, chamavam muita atenção.
Entraram no clube e foram para o refeitório.
— Me ponha no chão, Cedar.
Ele a obedeceu à grande porta.
Segurou sua mão e entraram juntos. O primeiro olhar de Clara foi para a mesa onde Emerald estava. A mulher a olhou mostrando surpresa. Do outro lado do grande salão ela viu Painting, mas desviou o olhar.
Verity se levantou e parou à frente deles.
— Eu me apresentei no dormitório, mas disseram que estava com Cedar e vim jantar. - olhou para Cedar. — Errei?
— Não.  O erro foi meu. - ele respondeu. — Manteremos a rotina. Sempre te avisarei quando estiver com Clara.
— Está bem.
— Clara está morando comigo agora.
Verity ergueu as sobrancelhas.
— Ah...
— Eu jantarei com ela, mas peço que lhe faça companhia quando eu voltar para o escritório.
— Claro.
Verity deu um sorriso para ela e voltou para sua mesa.
— Vamos. É hora de comer. - declarou Cedar.
Como sempre, Clara precisou tirar seu prato da mão dele. Cedar insistia em enche-lo com massas e carnes.
Serviu-se de arroz, feijão e um ensopado de carne e legumes. Cedar colocou o mesmo e cobriu com dois bifes de fígado quase crus.
Clara já havia observado que a maioria das Novas Espécies preferiam comer apenas as carnes mal passadas e comiam com as mãos. Cedar e outros poucos apreciavam a culinária brasileira e usavam talheres. Mas mesmo assim depois ele voltou ao bufê se serviu de mais dois bifes. Clara ficava chocada com a quantidade de comida que ele ingeria.
Depois que ele terminou, levantou-se e beijou o topo da sua cabeça. Fez sinal para Verity e saiu.
A linda mulher se aproximou dela.
— Parabéns.
Clara sorriu.
— Obrigada.
— Sei que Cedar será um excelente companheiro.
Clara terminou sua sobremesa, enquanto Verity lhe fazia mil perguntas. Ela achou engraçado e confessou para a amiga que era uma péssima dona de casa.
Depois do jantar Clara não quis ficar no salão de lazer do Clube. Voltou para casa para arrumar seus pertences.
Verity decidiu ficar com ela até Cedar chegar. Enquanto ela arrumava suas poucas roupas, a mulher falava sobre seu relacionamento com o filho do prefeito de Santa Rosa. Verity achou muito engraçadas as calcinhas dela. Disse que ela gastava todo o seu crédito na ONE com produtos que a embelezavam, inclusive lingerie.
Clara estava feliz por ter uma amiga como Verity.

Cedar terminou seu trabalho às 9 e meia da noite. Costumava trabalhar até mais tarde acompanhando o horário da Califórnia, porém agora tinha Clara e ela não dormia tarde.
Um dos assuntos do seu trabalho naquela noite era o que fazer com Painting. O macho sentia atração por sua mulher e já a tocara. Sentia ódio ao pensar naquilo.
Precisava afastar Painting de Clara. Ela dissera que ele a estava alcançando em conhecimento e progredia na prática. Era um espécie muito inteligente e ele mesmo o convidara para Homeland III. Não tinha realmente nenhum motivo para tirar o macho do seu treinamento em veterinária.
Saiu do escritório e viu que todas as luzes já estavam apagadas. Era o único no prédio. Agora com Clara ele teria que conseguir mais tempo para ela; já fizera algumas loucuras como abandonar o trabalho para estar com ela.
Caminhou até a vila de habitações. Antes via as luzes acesas nas cabanas e dormitórios, mas não se sentia sozinho. No momento as luzes o lembravam que havia alguém esperando por ele.
Chegou em casa e sentiu o cheiro de um espécie. Franziu a testa ao pensar em quem estaria na sua casa naquele horário. Aproximou-se mais da casa e reconheceu o cheiro de Verity. Aquela fêmea gostava do hábito dos humanos de usar perfumes. O dela era de maracujá. Quem em sã consciência escolheria cheirar à maracujá?
Abriu a porta e Verity já estava com o rosto virado para a porta. Clara não ouviu a porta se abrindo e quando se virou para ele deu um sorriso imenso.
Cedar gostava demais daquela fadinha. Ela usava um pijama curto, short e camiseta azuis com bolinhas brancas.
— Boa noite, Cedar. - Verity se levantou. — Decidi fazer companhia à Clara.
— Eu te agradeço.
Verity deu um aceno para Clara.
— Nos vemos amanhã.
— Tchau, Verity. E obrigada pela companhia.
Verity passou por ele e sorriu, saindo da casa.
Cedar se deu conta que aquela era a primeira noite que passaria com Clara sendo sua companheira.
— Venha aqui. - chamou.
Clara sorriu.
— Estou bem aqui.
— Quer que eu vá até você?
— Hum... Se quiser...
Ele caminhou para ela, que se levantou. Clara sorriu de novo quando ele estendeu as mãos para ele. E... correu!
— Clara?
— Se quiser tem que me pegar! - ela gritou sem olhar para trás.
Cedar sorriu. Aquela mulher não sabia do que era capaz.
Antes que ela alcançasse o corredor escuro,  ele passou por ela e parou  à sua frente. Ela deu um gritinho, quase derrapou no piso vitrificado e voltou correndo.
Ele correu novamente e a cercou. Ela reclamou.
— Você não pode correr assim! É muito rápido!
— Mas eu corro assim.
Ela passou a língua no lábio inferior.
— Me dá uma vantagem?
— Dou.
— Tá.
Clara deu um tapa em seu peito e correu de volta para o corredor. Cedar esperou, se divertindo com a ingenuidade dela, que foi até o último quarto e entrou, fechando a porta.
Ele caminhou tranquilamente até o quarto.
Sorrindo, abriu a porta. O cômodo parecia vazio. A luz do quarto estava apagada, porém a escuridão não era nada para ele.
Sorriu novamente. Sua audição apurada lhe deixava ouvir a respiração dela, acelerada. O cheiro maravilhoso o guiava direto para o closet.
— Clara? Onde você está? - ela  deu uma risadinha. — É melhor sair. - Cedar arrancou a blusa. — Não vai gostar se eu te achar. - fingindo, ele abriu a porta do banheiro. — Vou te pegar, fadinha. - a respiração dela acelerou mais ainda. Cedar puxou a bermuda para baixo e libertou o membro que estava muito duro. — Você vai se arrepender. - ele abriu a porta do closet. Viu-a imediatamente, encolhida nos fundos do quartinho. Com vontade de rir, entrou no espaço e foi apalpando os nichos. Deixaria o dela por último. — É melhor aparecer. Eu vou te pegar. - ele começou a apalpar a parede onde estava o nicho dela. Parou na frente e mexeu nos cabides. Ela cobriu a boca com as mãos, sufocando um riso nervoso. — Ah, fadinha... Onde você está?
Cedar se voltou e saiu do closet. Abriu a porta do quarto e fingiu que saía. Ficou imóvel no escuro, esperando.
Sorriu, contente. Ela veria só uma coisa!

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