Sofia:
Eu tenho um jantar para comparecer, amanhã.
É uma novidade para mim, se eu levar em consideração esses últimos anos. Eu não me dei oportunidades para conhecer e sair com novas pessoas, ter talvez um namorado ou ficante.Penso que aquele homem é arreia demais para o meu caminhãozinho. Posso dar também duas viagens.
Aquele beijo que nós trocamos, não sai da minha cabeça. A forma como as mãos dele passaram pelo meu corpo, a pele macia que eu senti, os cabelos bem cuidados, o cheiro dele. Nada sai da minha cabeça.
Alex é um homem e tanto!
E agora chegando em casa, deparo com Milla e Carmela tagarelando sobre o furo que Alex deu no jantar da noite passada. Só ouço tudo, segurando a vontade de ri. Algumas vezes, uma risadinha sai.
—Posso saber o motivo dessa sua risada?—Milla questiona, cruzando os braços enquanto me olha.—Não estou entendendo.
—Coisa minha.—Digo, ficando séria.—Parece que o jantar não deu muito certo. Alex não apareceu?
—Ele não pôde estar aqui, devido a um acidente de trabalho que sofreu.—Milla fala, me causando um pouco de medo.—Mas não mudou nada.
—Milla, é só um conselho.
—Eu não te pedi, não precisa falar.—Me interrompe.
—Mas eu vou falar assim mesmo. Eu sugiro que você procure uma terapia, um profissional que te ajude a entender algumas coisas. Eu conheço ótimos profissionais, que vão poder te ajudar. Essa sua estória fictícia envolvendo Alex, não é algo a ser normalizado. Você criou uma realidade paralela, que pode acabar te confundindo. É só uma sugestão. Você não está bem.—Digo.—Segue o meu conselho, se você quiser.
—Está me chamando de louca?—Ela leva para um lado que eu não queria, e não foi o que eu quero dizer.—Invejosa.
—Eu? Ter inveja de você? Eu tenho inveja de quem tem dinheiro e não precisa se matar de trabalhar, isso sim. Invejar alguém vulgar, que não tem uma profissão e nem um emprego? É a treva.—Digo.—Como ninguém aqui me ouve, eu vou para o meu quarto, descansar.
Dou as costas, e subo para o meu quarto.
Tranco a porta, jogando a bolsa de lado de carregava.Solto meus cabelos, tocando e vendo que preciso de uma hidratação urgente. Mas não será feita hoje. Deixarei para amanhã, pela tarde. Como não tenho plantão nem hoje e nem amanhã, e fico esse final de semana descansando, será ótimo. Terei um final de semana prolongado, algo que não acontece com tanta frequência, na profissão que eu tenho.
—Sofia?—É a voz do meu pai. Ele não foi trabalhar hoje?
—Oi, pai.—Abro a porta. Ele entra, com uma expressão de cansado. Eu sinto pena dele. E ao mesmo tempo acho bem feito, pois foi ele que cavou esse suplício que vive.
—Tudo bem?
—Sim. Mas pelo visto o senhor não está tão bem assim.—Me sento na minha cama e ele faz o mesmo.—O que está acontecendo?
—Não é nada, impressão sua. Ele está bem.
—O senhor não me engana, pai. Mas se não quiser falar, tudo bem. Qual o motivo da sua vinda até aqui? E aliás, por que não foi trabalhar hoje?