Prólogo

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Prólogo

Sozinha na piscina, enquanto ouvia as risadas alegres dos outros participantes ecoarem pelo gramado, desistia de lutar contra a maré revolta dentro dela, deixando as lágrimas rolarem livremente pelo rosto bem desenhado.

Apreciava o momento ínfimo de solidão em silêncio absoluto, embora não gostasse de se sentir só.

Emocionalmente esgotada, sem controle algum sobre seus próprios pensamentos, contemplava o céu azul do Rio de Janeiro em busca de paz... Nem tudo era por VT.

As dores que carregava eram reais, as inseguranças despertas pelas emoções dos últimos cinquenta dias também.

Alane não sabia exatamente em que momento do jogo havia sofrido aquela perda dolorosa de si mesma, mas o fato é que já não podia olhar-se no espelho e enxergar seu verdadeiro eu.

Como havia se perdido tanto?

Seria quando Anny cruzou a porta e foi embora?

Não. Apesar de ser uma aliada importante, não sentiu tristeza com sua partida, estava acostumada com as despedidas da vida.

Ou será que foi quando Nizam e Juninho finalmente deram adeus?

Pelo contrário, nas duas ocasiões lembrava-se de sentir um nítido alívio, como se pudesse respirar novamente depois de um longo tempo prendendo a respiração.

Talvez a briga da tarde anterior com Yasmin e Wanessa?

Embora estivesse chateada pelo desenrolar da situação até então, não julgava ser a razão pela qual o vazio apertava o peito em agonia, sinais claros de uma nova crise de ansiedade a caminho.

O BBB era cruel e, ainda que tenha se preparado muito para estar ali realizando seu maior sonho, era extremamente cansativo representar um personagem para as câmeras e para o público enquanto sua essência entrava em verdadeiro colapso.

Obviamente, não era capaz de premeditar todas as imprevisões do game e sustentar a pose de boa menina estava cada dia mais difícil.

Não que fosse uma pessoa de coração e intenções ruins, a paraense era de fato doce, dengosa e polida, porém muito longe de ser uma santa.

Era hipocrisia não reconhecer que todos ali almejavam o tão sonhado prêmio de 1,5 milhão de reais. Alguns talvez mais do que outros por precisarem mais do que outros, mas inequivocamente todos entraram dispostos a dançar conforme a música para colocarem-se no ponto mais alto do pódio.

Sendo assim, cada passo, cada ação ou omissão, cada frase, cada trejeito seu deveria ser meticulosamente calculado, pois absolutamente tudo ali era questão de jogo. Jogavam cada qual com suas armas, estratégias e artimanhas, e a dela era justamente aquela: Falar baixo, de forma pausada e afável para desestabilizar seus adversários.

Afinal, ninguém aguenta a pressão de elevar a voz para uma pessoa tão meiga durante uma discussão, certo? Bem, nem sempre. Mas apenas uma havia tido coragem e ousadia para confrontá-la cara a cara até levá-la ao extremo.

Absorta em devaneios, a bailarina recobrou os sentidos no espaço e tempo presente ao ouvir o barulho da porta da sala abrindo. Rapidamente seus olhos, ainda úmidos, capturaram a figura esbanjando autoconfiança e determinação de sua inimiga declarada saindo por ela.

O shortinho de malha preto, que abraçava perfeitamente as coxas grossas e a bunda durinha e redonda, o top da mesma cor, ressaltando os seios volumosos, e a viseira sobre os cabelos presos em um rabo de cavalo altíssimo e impecável, naquela altura sua marca registrada, tornavam Fernanda Bande uma visão e tanto.

Met Me FirstWhere stories live. Discover now