Capítulo 2: Tormenta

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A sexta-feira amanheceu nublada no RJ, mas os participantes aguardavam ansiosamente a festa que aconteceria à noite. Considerando que a última havia sido um verdadeiro pesadelo, o entusiasmo era compreensível.

Berratriz e seus VTs de vergonha alheia constrangeram boa parte dos brothers, inclusive seus aliados, que precisaram fingir muito durante toda a madrugada. Principalmente Alane.

A felicidade alheia não deveria incomodar, mas sejamos sinceros, quem em sã consciência, na atual realidade social, econômica e emocional do país, consegue ser tão feliz assim a porra do tempo todo?

Não sabiam qual seria a atração ainda, todavia, absolutamente qualquer coisa seria infinitamente melhor do que ouvir "Ê, Brasil!" por horas a fio.

Fernanda acordou desnorteada com o barulho do Big Fone ecoando pela casa, o quarto permanecia na escuridão porque não devia passar das nove da manhã.

Sentada entre as cobertas, a carioca ainda cogitou levantar, mas pensou melhor, nem se ela quisesse muito atender daria tempo de correr até o lado de fora, com certeza alguém já deveria estar de pé.

"Não vai dar mesmo, vou nem coçar o cu..."

A Loba então entrou novamente embaixo do edredom e tentou retomar o sono de onde havia sido interrompido, mas pouco tempo depois desistiu da ideia quando o rosto de sua arqui-inimiga emergiu em seu subconsciente.

Não havia dormido direito e o reflexo da insônia era notável nas olheiras escuras em seu rosto. Além disso, estava com uma dor de cabeça terrível, o que não ajudava em nada para elevar seu espírito e humor matinal. Por fim, a cereja do bolo: o embate com Alane ainda assombrava seus pensamentos como a porra de um filme de Sexta-feira 13.

Deixou o quarto direto para o banheiro, notando que algumas pessoas esperavam do lado de fora do confessionário aguardando sua vez no Raio-X. Usou o sanitário sem pressa e lavou as mãos ao sair, aproveitando para escovar os dentes antes de também entrar na fila.

Esgotou seus sessenta segundos de tela agradecendo aos fãs que garantiram sua permanência na casa por mais uma semana e mandando beijos para sua família, especialmente seus filhos. A saudade era imensurável, mas estava e permaneceria ali por eles.

Aproveitando o ensejo, solicitou rapidamente um analgésico à produção, muito embora soubesse que a enxaqueca seria o menor dos seus problemas.

Ao terminar suas obrigações e abrir a porta do confessionário, Fernanda deu de cara com um par de olhos sonolentos que na claridade do dia pareciam adquirir um tom bonito de chocolate ao leite.

Os cabelos bagunçados e o rostinho amassado apresentavam a versão mais vulnerável e inofensiva da menina-mulher que Dias era. Ainda, usava um moletom cor-de-rosa maior do que ela, mas que só era suficiente para cobrir o shortinho branco do pijama, deixando suas pernas longas expostas.

Estava indiscutivelmente linda. Não, corrigindo: Ela era linda o tempo todo, mas a carioca jamais assumiria aquilo em voz alta sem um bom motivo.

-- A gente precisa parar de se esbarrar por aí assim, ou eu vou começar a achar que é de propósito. Bom dia, Nanda!

A bailarina tentou soar divertida e descontraída, mas a confeiteira não se dignou a olhá-la nos olhos uma segunda vez, ou mesmo responder ao cumprimento por mísera educação, ignorando completamente sua existência e sumindo pelo interior da casa.

Estava por um fio de destemperar completamente e a presença de Alane seria capaz de sugar o último resquício de sanidade em seu ser por representar uma confusão de sentimentos que Fernanda não entendia e, sendo bem covarde sobre o assunto, não queria ter que lidar tão cedo.

Met Me FirstOù les histoires vivent. Découvrez maintenant