Capítulo 4: Revenge

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Beijá-la estando sóbria era algo completamente diferente e revelador, como uma explosão tremenda de fogos de artifício que a carioca não sabia ser possível além das festas de Ano Novo em Copacabana.

O beijo era passional, forte, raivoso e Fernanda estava entorpecida. Cada molécula do seu corpo vibrava em correspondência ao toque de Alane, apesar do choque inicial.

Beijá-la, por si só, era um espetáculo, mas beijá-la em frente aos colegas e ao vivo para todo o Brasil era, ao mesmo tempo, eletrizante e perturbador.

Desligaram-se de tudo, o mundo entrou em stand by e as pessoas ao redor deixaram de existir pelo tempo em que estiveram conectadas dentro daquele Universo que somente pertencia a elas.

A carioca estava compenetrada em sentir os lábios macios deslizando sobre os seus, o gosto do gloss labial de melancia que a outra usava, a pegada firme em sua cintura, o calor e a umidade crescendo entre as pernas, a língua afoita buscando pela dela.

Um gemido bem baixinho escapou, mas nenhuma das duas sabia de quem ele havia partido. Provavelmente de ambas.

Separaram-se bruscamente ao serem trazidas à realidade com um pigarro indiscreto do apresentador risonho do outro lado do estúdio, rápido demais para o gosto da confeiteira.

A bailarina encerrou o pequeno show ao vivasso surpresa com seu inesperado acesso de coragem. Não havia premeditado aquele final, embora não pudesse negar que fantasiou com aqueles lábios grudados nos seus durante o dia inteiro.

Havia se preparado para acabar com Fernanda no Sincerão através de suas palavras, o discurso afiado e venenoso na ponta da língua, uma pequena revanche pelos últimos acontecimentos, mas não imaginou que fosse destemida o suficiente para fazer o que fez.

Enfim, aconteceu, e ela não sentiu um pingo de arrependimento.

Apesar da pouca idade e da imaturidade inerente, Alane não era mulher de passar vontade, poderia fugir, ou fingir que suas ações não existiam depois, a impulsividade era um traço perigoso da sua personalidade.

Teria que lidar com as consequências mais tarde, mas nunca poderia se arrepender de beijar Fernanda Bande nessa vida, ou em todas as outras que tivesse a chance de tocar aquela boca com a sua.

Cega de raiva e de frustração por ter sido evitada nos últimos dias, Alane calou todas as vozes da razão e seguiu seus instintos mais primitivos ao vê-la tão linda naquela noite.

Por que Fernanda era sempre tão linda aos seus olhos?

O beijo que trocaram foi intenso e acabou descortinando verdades que a paraense não pretendia deixar subir ao palco por medo de se machucar, mas agora era impossível simular que não estavam lá, especialmente quando seu olhar cruzava com o dela.

De fato, o contrário do amor não é o ódio e sim a indiferença.

Alane poderia sentir absolutamente tudo por Fernanda menos indiferença, e mal ela sabia que a recíproca também era assustadoramente verdadeira.

O ódio nada mais é do que o amor disfarçado pelo medo e amar às vezes é fogo.

O amor rasga o peito de dentro para fora, e queima, e arde, e fere... Fere.

Alane estava ciente disso por todas as suas experiências passadas, mas deixou-se incendiar. Por Fernanda, cada pequena faísca inflamando uma fogueira dentro dela deveria valer a pena.

O resto do Sincerão passou como um borrão, a mais velha não sabia exatamente o que tinha dito quando chegou a sua vez. Ligada no automático, finalizou tudo antes que pudesse pensar a respeito.

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⏰ Última atualização: May 07 ⏰

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