Capítulo 27 💘

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Sugiro escutar com a música!

"Me larga, se não eu faço um escândalo aqui!", falei fazendo algumas pessoas ao redor olharem para nós.

"Mas só estou querendo lhe ajudar, moça...", ele disse rindo, ainda sem soltar o meu braço.

Quando eu estava prestes a gritar por ajuda e fazer todo mundo naquele ônibus concordar em expulsar aquele homem de lá, fui interrompida.

"Oi Sara! Tudo bem?" A voz vinha de um rapaz que estava de pé no corredor, e me parecia familiar.

Por mais que esse não fosse meu nome, ele se referia à mim. O homem ao meu lado rapidamente soltou meu braço, olhou para ele com raiva e olhou de volta pra mim, esperando minha reação. Foi aí que eu percebi que aquele era o carinha da informática que trabalhava na escola. Ele devia ter notado a situação estranha, porque pareceu estar nervoso.

"Oi, Mário! Tudo bem sim! Quanto tempo!", inventei um nome qualquer para sair logo daquele lugar.

Falei com tanta alegria em me sentir segura que parecia que nós realmente nos conhecíamos. O homem se encostou na cadeira frustado e fingiu que nada havia acontecido.

"Pois é... Quer sentar comigo? Vamos por a conversa em dia." Fui me levantando rapidamente e olhei para o homem esperando ele sair do meio, e foi isso que ele fez.

Nem olhei para trás, só fui seguindo aquela alma bondosa pelo corredor. Ele sentou duas fileiras atrás de onde eu estava, e me sentei ao seu lado. Passei um tempo olhando para frente tentando me certificar que o homem esquisito não viria atrás de mim.

"Você está bem?", o carinha da informática perguntou.

Quando me virei para ele vi que parecia nervoso. Ele estava pálido, mas talvez fosse o tom de pele dele. Tinha algumas sardas espalhadas pelo rosto e usava óculos.

"Estou sim... Muito obri..."

"Ele fez alguma coisa com você?", o rapaz me interrompeu com uma voz trêmula. Ele me olhava diretamente nos olhos, como se estivesse procurando alguma coisa neles.

"Não...", falei apreensiva. "Ele só quis se aproveitar." Olhei para o homem, que estava de costas para nós. Fui me acalmando lentamente ao perceber que eu estava segura.

"Eu fui muito burra.", falei cobrindo o rosto com as mãos de vergonha. Ele tentou dizer alguma coisa, mas eu continuei. "Minha mãe sempre dizia para eu nunca falar com estranhos... Aí quando eu vejo um homem todo esquisito a primeira coisa que eu faço é perguntar pra onde esse ônibus vai." Balancei a cabeça de um lado pro outro reconhecendo minha culpa.

"Você não é a culpada aqui.", ele falou como se tivesse lido os meus pensamentos.

Não falei nada. Ele olhou pra mim por um instante parecendo ver se eu tinha entendido e voltou a olhar pra estrada em movimento. A forma que ele falou me fez entender que eu era a vítima. Seu semblante era calmo e me tranquilizava.

"Verdade.", falei sem ter mais nada pra dizer. "Obrigada." Olhei pra ele esperando alguma resposta.

"Não precisa agradecer, Clara."

Eu semicerrei meus olhos, me perguntando se eu havia me apresentado pra ele saber o meu nome. Ele me observou procurando entender a minha expressão de dúvida.

"Ah! Eu sei o seu nome porque eu estava ajudando Olívia quando você estava conversando com ela..." Lembrei daquele momento constrangedor e engraçado ao mesmo tempo. Ele escutou Olívia dizer sobre como o término do meu namoro tinha me abalado.

"Então você realmente estava ouvindo a nossa conversa..." Cruzei os braços e olhei pra ele o reprovando. Ele levou a sério minha acusação e ficou envergonhado.

As Palavras Não DitasWhere stories live. Discover now