Capítulo Nove

204 21 31
                                    

Yasmin Ayala

Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas parece que não tenho domínio sobre minhas próprias palavras e acções, eu só estou falando atoa igual a um rádio sem fio. Eu realmente estou insultando a casa do meu anfitrião?

— Oh! Bem que ela parece um castelo mal assombrado — minhas palavras saiem sem a minha autorização  — Quem são antigos donos? Um velho casal apaixonado que morreu dormindo? — talvez seja um casal de velhinhos fofinhos.

Geralmente quando um casal muito apaixonado morre junto, eles não deixam a casa deles em paz, eles tratam de  castigar os novos proprietários. Os olhos de Aleksey ficam mais azuis que o normal, ele parece triste, ele olha para mim de forma intensa que não sei o que está acontecendo. Será que falei alguma loucura ou algo que não devia?

— Oh! Não, essa casa pertence aos meus falecidos pais, eu só herdei deles, quando eles morreram — ele fala com tanta naturalidade que parece normal perder os pais.

Os olhos dele, transmitem tristeza e porra! O que foi que eu fiz? Eu acabei de chamar os pais de fantasmas e velhinhos. Socorro Deus! Alguém me enterra por favor. O que foi que eu fiz e falei?

— Ah! Me desculpe Aleksey, eu não sabia, eu sinto muito — sussuro com a minha cara toda vermelha.

Estou sentindo um frio tão intenso que até os meus cachos estão todos desembaraçados, eu falei mal dos pais dele, na frente dele e na casa deles. Se a casa fôr realmente mal assombrada, eles podem puxar o meu pé enquanto durmo.

— Oh! Não se preocupe, já faz muito tempo que eles morreram, não dói mais — ele finge um sorriso, mas seus olhos azuis não mentem, ele está sofrendo com isso.

Que tipo de pessoa louca sou eu? As minhas palavras podem muito bem terem disperto as memórias que ele tenha possivelmente apagado ou armazenado nas profundezas mais escuras da sua mente. Eu simplesmente fui lá e sem o menor cuidado, retirei as memórias apagadas dele. Eu sou uma pessoa horrível.

— Yasmin, não fique assim, eu realmente não sinto mais nada, faz muito tempo, na verdade a sua frase me divertiu, as vezes, eu acho que eles estão realmente nessas paredes — eu falei mal dos falecidos pais dele, trouxe de volta memórias horríveis que ele quer esquecer e no final ele está me consolando por eu ter sido inconveniente com ele.

Acho que julguei mal Aleksey Markovic, ele não é o que pensei, ele é muito mais que perfumes caros e um iceberg no lugar do coração. Ele é alguém com emoções e agora, eu entendo o facto de ele ser tão horrível com as pessoas, ele não teve uma infância muito boa.

— Você é um verdadeiro anjo Aleksey, me desculpe por julgar você tão mal, sem antes conhecer você — eu estou realmente arrependida por ter permitido que a opinião alheia influenciasse no meu julgamento.

Aleksey somente me encara com um sorriso tão fofo nos lábios e abana a cabeça. Ele estende a mão em minha direção.

— Vamos começar novamente? — ele parece um verdadeiro anjo, ele e seus olhos tão intensos e sinceros que me faz ter certeza que o que eu estou fazendo ou pensei dele, é tudo loucura da minha cabeça.

— Vamos — concordo com um sorriso nos lábios e junto as minhas mãos  às dele.

O momento exacto em que as nossas mãos se conectam, parece até que algo sempre esteve parado esperando o momento certo de conectar nós dois. Parece que existe algo maior esperando por nós, algo que nem as mentes humanas estão preparadas para ver. Parece que existe uma faísca muito grande nos aproximando.

— Eu me chamo Aleksey Markovic, tenho vinte e cinco anos, sou estudante de engenharia petrolífera e gosto de ficar em casa lendo — ele sussura com um sorriso tão lindo que poxa a vida, se fôssemos do mesmo mundo, eu com toda a certeza do mundo me apaixonaria por ele.

O inferno é Azul [ Vol3: Série Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora