Capítulo Dezasseis

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Aleksey Markovic

Estou inquieto, uma ansiedade sufocante domina cada pensamento meu. Yasmin saiu apressada, sem sequer pedir minha opinião. Ela provavelmente deve estar na boate do Petrov, meu chefe e melhor amigo. Aquele lugar sempre me pareceu problemático, um redemoinho de tentações e perigos. O fato de ela ter ido sem me consultar só piora as coisas. Cada segundo se arrasta. Tento concentrar-me no trabalho, mas minha mente está presa na boate, imaginando o que Yasmin poderia estar fazendo. Ela tem todo o direito de sair, claro, mas por que não me disse nada antes? Algo não parece certo. E o Petrov... sempre tive uma impressão dúbia sobre ele, mesmo sendo meu chefe. Há algo na maneira como ele administra aquele lugar que me incomoda, uma aura de segredos mal guardados. Meu celular toca de forma estrondosa, chamando a minha atenção e me despertando dos meus devaneios.

— Markovic falando — atendo sem antes conferir quem é a pessoa do outro lado da linha.

— O que foi melhor amigo, esqueceu a minha voz? — o idiota do meu amigo fala do outro lado da linha.

Às vezes eu esqueço o quão Aleksander pode ser insuportável, na frente de todos ele age igual a um demónio, com os “amigos” ele é um verdadeiro pé no rabo.

— O que você quer caralho! — ele ligou num mau momento, não estou com paciência para as piadas dele.

— Oh! Oh! Não esqueça que sou seu chefe, fez o que mandei? — o lado engraçadinho dele logo é desligado.

— Chefe o caralho, eu só faço porque não tenho muita coisa perigosa por fazer, mas sim, eu fiz. Estou a caminho da Lux, se puder me encontrar lá, te atualizo — falo e logo em seguida desligo o celular na cara dele.

Eu tenho problemas mais preocupantes com a louca da minha raposinha do que com as tretas da família dele.

Chego à boate e o som estrondoso da música me atinge antes mesmo de entrar. O lugar está lotado, pessoas dançando, rindo, perdendo-se na noite. Procuro Yasmin no meio da multidão, mas é difícil focar em qualquer coisa com as luzes piscando e a música alta. Finalmente, a vejo no bar, rindo com alguém. Aproximo-me, a ansiedade agora misturada com um toque de ciúmes.

— Yasmin! — chamo, tentando soar calmo, mas minha voz trai minha preocupação. Ela se vira, surpresa e talvez um pouco culpada. Ao lado dela está Yuta Yamanike, um sorriso presunçoso no rosto. Claro, tinha que ser ele. Um playboy mimado que não sabe com quem está se metendo, eu vou arrancar todos os dentes dele para que ele aprenda a respeitar a mulher dos outros.

— Aleksey! O que você está fazendo aqui? — Ela pergunta, tentando parecer casual, mas noto a tensão nos olhos dela. Oh! Agora ela sente medo?

— Deveria ser eu a perguntar isso — respondo — Você saiu sem me dizer nada e, agora, te encontro aqui... com ele — Yuta ri, levantando seu copo em um brinde silencioso.

— Relaxa, Aleksey, estamos só nos  divertindo — esse idiota acha que sou amigo dele? As palavras de Yuta não me acalmam. Pelo contrário, alimentam minha desconfiança. Será que estou exagerando? Ou será que há algo que não estou vendo? O ar está pesado, cada olhar trocado carregado de subtextos que não entendo completamente.

Ele coloca a mão em meu ombro como se fôssemos melhores amigos, só não arranco os dedos dele porque estamos num lugar público e cheio. Mas de hoje não passa, ele sorriu para a minha mulher e fez ela sorrir, só eu posso fazer isso com ela.

— Podemos conversar lá fora? —  pergunto a Yasmin, tentando manter o controle. Ela concorda com um aceno de cabeça, e nos afastamos da música e das luzes, para uma área mais tranquila. A noite está fria e, enquanto caminhamos, tento encontrar as palavras certas. Não posso assustar ela, não posso permitir que ela faça um escândalo num lugar tão cheio de testemunhas como esse.

— Por que você não me falou sobre sair? Eu fiquei preocupado — não estou mentindo, eu realmente fiquei preocupada com ela. Essa boate não é para virgens assustadas iguais a ela.

— Eu só queria um tempo para mim —  ela responde, passando o cabelo para trás da sua orelha — Não achei que precisasse te informar de tudo — ela completa olhando para baixo.

Eu estou tentando manter a calma, mas a desgraça não facilita, o vestido vermelho colado ao seu corpo, não colabora em nada. Eu estou tentando ser romântico, mas a desgraçada não ajuda. Prenso ela contra a parede, coloco a mão em seu pescoço.

— Você não entendeu nada né? Você é minha, não pode sair por aí com um pedaço de pano, você é minha — sussuro em seu ouvido.

A respiração de Yasmin logo fica ofegante, ela está com os olhos arregalados, mas eu posso sentir a excitação dela de longe.

— Eu não sou sua, eu não sou de ninguém — ela sussura ofegante, as palavras dela saiem entrecortadas.

Enfio a mão em sua calcinha e a encontro molhada para mim, para alguém que diz não gostar de mim, ela está muito molhada.

— Para alguém que diz não me pertencer, você está molhada demais raposinha — sussuro circulando o meu dedo em sua boceta.

— Tira a mão daí Aleksey! — as palavras dela dizem que não, mas o corpo dela diz sim.

— Não gostei de ver você nessa boate, esse não é lugar para você, esse ambiente é perigoso lisíchka moyá¹ — sussuro aumentando a pressão em sua calcinha.

Os olhos de Yasmin se reviram, a minha mão em seu pescoço não sai, ela mantém a boca aberta como se estivesse tentando respirar, mas não está reclamando.

— Petrov é seu amigo, Aleksey. Não precisa ficar assim — Ela suspira, parecendo cansada. Eu não sei como é que ela sabe sobre a minha amizade com o Petrov, mas isso não importa agora.

— Bom! Você está certa, ele é meu amigo e chefe, não quero que ele olhe para você nesse pedaço de pano que você chama de vestido — tiro as minhas mãos de sua boceta e observo os meus dedos brilhando com seu suco.

— Onde vai? — ela parece tão desesperada por mim que chega a ser engraçado, para alguém que dizia não ser minha, ela está muito desesperada.

— Vou resolver o problema que você arranjou, vê se não arranja problemas nesses poucos minutos sozinha — puxo seu cabelo até que os nossos rostos fiquem próximos.

Ela fecha os olhos como se esperasse pelo meu beijo. Chupo os meus dedos que estiveram em sua boceta e deixo ela com os lábios entreabertos e totalmente desesperada por mim.
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1. Lisíchka moyá:  significa "minha raposinha".

O inferno é Azul [ Vol3: Série Anjos Sangrentos]Where stories live. Discover now