Entre máfias

𝖈𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝟏𝟎

𝕬𝖒𝖇𝖊𝖗

quatro dias haviam se passado, mas para mim, era uma eternidade.

Kaleb não descia muito até o porão, só quando ia levar água ou a única refeição que eu fazia por dia.
ah, claro, também quando levava o celular para que eu pudesse trair minha máfia, ou antiga máfia.

ele me fez ligar novamente para dizer que houve outro imprevisto, agora Ryder parecia irritado, quase como se não quisesse mais escutar minha voz.
falei se poderia me encontrar algum dia dessa semana, para saber se estavam planejando algo.
então, ele disse que apenas não poderia sábado, por conta de que ficariam responsáveis por transportar uma grande carga de mercadorias.
é óbvio que tive que pedir mais informações, agora Kaleb estava por dentro de tudo, e com certeza se vingaria por conta do último incidente.

estava encostada na parede, fazendo círculos no meu joelho com o dedo.
quando escutei a voz de Ashley vindo da parte de cima da casa, fiz silêncio para tentar escutar o que ela dizia.

-ela ainda não voltou? (ela perguntou parecendo nervosa)

-não, já disse para vocês que ela foi passar um tempo na casa dos pais, deixei que ela fosse pois estavam doentes.

que filho da puta mentiroso.

-mas ela já está a vários dias lá, será que algo pode ter acontecido? (escutava seus passos de um lado para o outro, como se a mesma andasse em círculos) -e se a Golden bird descobriu que ela se juntou a nós e fez algo com ela?

-ela está bem, Ashley. (ele disse parecendo impaciente)

-pode pedir para ela voltar logo? já ganhou nossa confiança, as missões são chatas só com vocês, tenho certeza que ela vai animar as coisas!

-ah, claro... (ele riu de maneira sarcástica) -tudo bem, aviso ela para voltar essa semana, agora mete o pé.

-você é um cavalo! (ela falou irritada, escutei seus passos ficando distantes, o que provavelmente indicava que ela estava indo embora)

como assim voltar essa semana?
então, ele me deixaria sair daqui?

queria fugir, mas para onde iria?
não tinha mais um lar, na verdade nunca tive.

suspirei entristecida.

logo ele abriu a porta acima das escadas, descendo ela em passos pesados.

veio na minha direção ajeitando uma chave nas mãos, então abriu o cadeado que prendia a corrente ao meu tornozelo.

-você me dá trabalho até ficando presa aqui. (ele disse irritado)

-eu ainda estou mancado... (falei enquanto ele me puxava pelos braços)

ele me olhou irritado, parecendo não ter a mínima paciência para lidar comigo e com as minhas reclamações.

então, ele me agarrou e me jogou em seus braços, me fazendo soltar um gritinho com sua ação repentina.

-se perguntarem você foi passar um tempo na casa dos seus pais (ele disse subindo as escadas) -os machucados já estão quase sumindo, comprei uma base para você passar por cima, sobre a perna... diga, que se machucou ajudando eles com alguma reforma na casa.