Capítulo 6

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Tio Iroh gostava muito de Dongbaek. Ele ainda se referia a ela como Camélia, já que Zuko não contou toda a história para ele, apenas disse que ela o entendia e que tinha uma história complicada. O tio ficou um pouco curioso, mas era um grande fã de cuidar da própria vida, então não se importou muito com a falta de informações sobre a amiga de seu sobrinho.

Em uma tarde, ele pediu que Zuko fosse à venda comprar algumas coisas para o jantar, e durante sua ausência, Dongbaek apareceu no Dragão Jasmim para uma xícara de chá de gengibre e mel. Sendo assim, tio Iroh viu uma chance de conversarem melhor.

— Então, Lee disse que você já viajou por todo o Reino da Terra. É verdade?

— É, sim, senhor — ela sorriu. — Eu e meu tio já passamos por cidades grandes e pequenas, conhecemos gente de todo tipo e de vários lugares diferentes... É uma pena que estejamos em guerra, poderiam ser memórias mais felizes.

— Ah, eu entendo. Antes de chegar, eu e o meu sobrinho passamos por tantos lugares que vêm sofrendo as claras consequências dessa guerra... Mas eu acredito que tudo está para mudar.

— Como?

— O Avatar. Eu acredito que, se ele voltou depois de tanto tempo, estamos próximos de restaurar o equilíbrio do mundo — ele sorriu e serviu mais um pouco de chá. Sabia que não seria uma tarefa simples para o jovem Aang, mas era nisto que acreditava.

— O Avatar... É. Eu também acredito que as coisas possam mudar, mas é que o mundo já é assim há tanto tempo... Acreditar numa melhora significativa parece um pouco ingênuo às vezes — ela encolheu os ombros.

— Eu entendo, filha. Depois de tudo que você já deve ter visto e passado, acreditar fielmente que um menino pode trazer a paz de volta deve ser muito difícil — ele disse e ficou pensativo por um instante, mas logo voltou a sorrir. — Mas, veja só, você é muito jovem. Se eu, velho desse jeito, consigo achar forças pra ter um pouco de esperança de que tudo vai mudar, acho que você também pode.

— Hm... Acho que o senhor está certo.

— Compreendo que a esperança pode ser perigosa, pode machucar. Mas eu realmente sinto que vale a pena ter esperança em alguma coisa de novo — disse e foi atender novos clientes que chegaram para o chá mais barato no fim do expediente.

Dongbaek também ficou pensativa. Ela sabia quem era Zuko, e mais, sabia quem era seu tio, o Dragão do Oeste, e todos os crimes de guerra atribuídos a ele em nome da Nação do Fogo há cem anos. Mas agora ela os conhecia e via de outra forma, então sentiu total sinceridade nas palavras dele, e também um incentivo a realmente trazer de volta à vida a esperança.

E mais, ela não pensou apenas no equilíbrio do mundo e na restauração da paz: ela pensou em si mesma. Era mais que óbvio que o sucesso da empreitada do Avatar mudaria o mundo da forma mais positiva possível, mas o que ele tinha a ver com uma menina "refém" do próprio tio? Pois é, nada. Mas o discurso de Tio Iroh a fez sentir que também podia ter esperança de fugir e viver uma vida digna e sem tanta dor e desgosto. A conversa que tivera com Zuko há alguns dias sobre fugir durante uma viagem voltou à sua mente, e ela refletiu por alguns instantes.

E, por falar nele, o rapaz apareceu com várias sacolas, bem na hora em que tio Iroh começava os preparativos para fechar a loja.

— Oi. Desde quando você tá aqui?

— Oi! Cheguei há uma meia-hora, fiquei conversando com o seu tio. Ele é bem gentil — ela sorriu e pegou uma das sacolas de sua mão. — Eu te ajudo.

Antes que ele protestasse, ela foi caminhando para a cozinha e ele a seguiu.

— Lee, você voltou! Que bom que trouxe bastante coisa, porque fiquei conversando com a Camélia e eu gostaria de convidá-la para comer com a gente de novo — tio Iroh sorriu e Zuko suspirou, dando de ombros. — Ótimo. O que me diz, menina?

Uma história de Ba Sing SeWhere stories live. Discover now