Capítulo 7

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Quando a luz do sol entrou pela janela e o despertou, Zuko ainda não sabia que seria a última vez que veria Dongbaek.

Ele levantou, lavou o rosto, escovou os dentes, trocou de roupa, ajeitou o cabelo e tomou um rápido café da manhã com tio Iroh, que estava estranhamente quieto naquela manhã. Zuko porém estava com uma leve dor de cabeça, então não reclamou nem questionou, por mais incomum que fosse.

Juntos eles saíram da casa e foram direto para a loja, abrindo-a e dando início a mais um dia de trabalho. O movimento pela manhã estava normal, e perto do almoço caiu um pouco, mas Dongbaek apareceu, fazendo o sobrinho e o tio abrirem um sorriso.

— Vim só dar um oi, tenho alguns compromissos agora de tarde — ela sorriu de volta após ser cumprimentada.

— Vai poder jantar conosco hoje? — tio Iroh perguntou, mas por algum motivo Zuko achou seu sorriso e seu tom estranhos.

— Ah. Hoje não, infelizmente. Meu tio tem muito a fazer e eu preciso ajudá-lo, espero que entendam — ela sorriu tristonha.

— Sem problemas, não é, Lee? Podemos combinar para outro dia.

— Claro — Zuko sorriu para a amiga. — Te vejo hoje à noite, então?

— Sim, senhor — ela brincou e se despediu dos dois.

Quando levantou e tomou mais um de seus muitos banhos diários, o hábito que lhe dava a ilusão de sentir-se limpa por dentro e por fora por alguns instantes, Dongbaek, a Camélia, também não sabia que seria a última vez que Zuko a veria.

Já fazia alguns dias desde aquela noite em que ela o deixara totalmente sem palavras, primeiro por revelar a ele quão altos eram seus conceitos sobre ele, e depois por dar aquele beijinho nele antes de ir dormir. Eles não tinham tocado no assunto, por mais que ele tivesse ficado um pouco travado no dia seguinte, mas ela agiu com tanta naturalidade que ele logo se sentiu confortável em agir normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Afinal, nada tinha acontecido, de certa forma.

Foram palavras de admiração, que trouxeram alento à alma pesarosa do príncipe banido da Nação do Fogo, e aqueles toques no rosto e o beijinho na testa o fizeram sentir como se estivesse sendo abraçado pela mãe mais uma vez, apesar do rubor nas bochechas e da batida que o coração errou.

Os olhos dourados!, Zuko pensou de repente. Naquele momento específico, os olhos dela pareciam exatamente com os olhos de sua mãe, a quem ele não via há tantos anos. Ele ficou alguns minutos parado no lugar, com um pano na mão sobre uma mesa, e só recobrou a atenção quando percebeu mais clientes chegando, e aí sim voltou a limpar as mesas.

O dia passou devagar.

Tio Iroh conversava normalmente com os clientes, alegre como sempre, mas quando ficava em silêncio e sozinho, aquela aura esquisita voltava a pairar sobre ele. Zuko estava começando a ficar curioso, pois por mais calado que o tio estivesse, ele parecia inquieto. Entretanto, quando a tarde foi chegando, o movimento aumentou, então ele nem teve tempo para pensar nisso, que dirá para questionar o tio.

Havia os clientes de sempre, clientes esporádicos e um ou dois clientes novos, mas, tirando o comportamento incomum do tio, aquele dia parecia ser só mais um dia pacato no anel médio da grande cidade de Ba Sing Se.

Mas não era.

Zuko e Dongbaek deviam se encontrar no bar de sempre, naquele mesmo horário escuro de sempre, mas nem ela nem o tio estavam no local. Ele perguntou para a moça no balcão se os tinha visto, mas ela disse que eles nem tinham aparecido por ali naquela noite. Ele ficou ali por mais de uma hora, encafifado sobre o paradeiro da moça.

Uma história de Ba Sing SeTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon