Lar

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POV LUIZA

Os dias que se passaram foram tranquilos. Com a mamãe e o papai aqui perto confesso que a vida fica até mais leve. Na última semana consegui com um amigo da Valentina o transporte escolar das meninas. Por falar nelas, a Júlia chegou e parece que a energia da Laura se multiplicou, a minha irmã ficou realmente feliz com a presença da amiga. Elas vivem na piscina nos finais de semana, fazem as tarefas de casa juntas e são ótimas ajudantes com a limpeza e organização da casa. Eu pensei em colocar a Julinha no quarto de hóspedes mas a Laura fez questão de que ela ficasse no quarto dela, não vi problema e permiti, desde que não fosse um incomodo pra Julia que claro, não pensou duas vezes. Elas sempre dormiram juntas no mesmo quarto desde muito novinhas, se não me engano quando a Lúcia começou a me ajudar em casa elas tinham 9 pra 10 anos. 

Eu confesso estar exausta. Com a volta ao trabalho, cuidar de casa e de duas adolescentes tem me dado uma baita canseira. A Lúcia está pra chegar nos próximos dias, eu não vejo a hora de tê-la aqui comigo, é uma ajuda e tanto. A Valentina me ajuda bastante, antes do transporte escolar ela praticamente buscava as meninas na escola todos os dias, a rotina dela no estúdio é mais tranquila que a minha e ela acabou fazendo isso por mim, sem contar no super galho que ela está me quebrando fazendo o almoço delas, eu não sei que mistério ela fez, mas de uma forma bastante curiosa e estranha pra mim, a Laura tem certo amor pela comida dela. 

Esses últimos dias eu tenho notado ela um tanto estranha. Não sei bem explicar, mas ela tem estado distante, pensativa demais. Perguntei uma vez se ela precisava conversar e ela apenas mudou o assunto e disse no final que estava tudo bem e que eu não precisava me preocupar, mas sei que tem algo errado, não é de hoje que conheço a Valentina.

As coisas no fórum estão corridas. Estou com um processo grande e quase todos os dias tenho saído depois da 21h pra casa. Me preocupo demais em deixar as meninas sozinhas na parte da noite, mas não tenho tido muita opção. Ligo pra elas a cada 2h para garantir que estão bem e aliviar um pouco a angústia que fico por deixá-las sozinhas durante a noite, as vezes percebo que a Laura se irrita com a quantidade de ligações que faço, mas não é fácil lidar com a preocupação que sinto sempre que estou longe delas por muito tempo. 

Hoje foi um dia daqueles, assim que cheguei em minha sala a minha estagiária Joice passou todos os pontos mais importantes da minha agenda, nele incluía, infelizmente, uma reunião com um desembargador inconveniente que eu detesto, precisei colocar a máscara de agradável e um sorriso no rosto para recebê-lo, mas graças a Deus a reunião não se estendeu e antes do horário do almoço eu estava livre. O resto do dia eu passei enfiada na minha sala analisando papéis e mais papéis. Eu estava lidando com um processo que envolvia pessoas importantes do estado e a cada página de papel lida eu ficava mais enojada de ter que lidar com certo tipo de julgamento. 

Observei que tudo estava silencioso lá fora quando a minha assistente Dani bateu na porta e entrou deixando-a um pouco aberta, só aí me dei conta que provavelmente todos já tinham ido embora

- Dra. Luiza, com licença - falou ao entrar e eu assenti para que ela se aproximasse - Todos já saíram, como a senhora sempre pede que eu avise depois das 20h, acho que a senhora não notou, mas já passam das 21:20h, pretende ficar mais? - perguntou preocupada 

- Jesus, Dani! - passei as mãos no cabelo - Eu realmente não percebi a hora passar - afirmei - Vai pra casa, você tá liberada por hoje - informei - Conseguiu finalizar a planilha que te passei? 

- Sim, deixei salva na pasta compartilhada, só pegar lá - respondeu 

- Ótimo, então vai - falei apontando para porta e sorrindo pra ela  - Amanhã eu venho só a tarde, você lembrou de fechar a agenda da manhã, né? 

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