Prologue

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Lee Donghyuck despertava naquela manhã fria em Seul. Em meio aos resmungos baixinhos ele se dirigia lentamente até o banheiro.

Saindo do banheiro, foi rapidamente vestindo o uniforme recém passado e calçando seus tênis pouco gastos. Enquanto penteava seus cabelos acastanhados, ouviu dois toques em sua porta e murmurou um baixinho "entre".

— Querido... o café está na mesa, se apresse para que não se atrase, sim? — Disse Lee Yunjin, logo depositando um beijo na testa do filho e saindo do quarto deixando a porta entre aberta.

Donghyuck tinha uma boa relação com sua mãe, foram anos construindo um relacionamento saudável, em épocas difíceis, a casa era tomada por desentendimentos recorrentes. Porém, após o divórcio com o marido, Yunjin podia finalmente clarear a mente e tentar recuperar o tempo perdido com seu garoto.

Sem força alguma, o acastanhado se levanta e pega sua mochila, enfiando tudo de útil - ou não - dentro. Sem esquecer seu amados pompons azuis brilhantes; hoje seria dia de ensaio dos líderes de torcida. Desceu às escadas em uma lentidão e se sentou, sendo servido com uma xícara de café e dois muffins generosos.

— Filho, hoje não me espere para jantar, vou fazer horário extra no trabalho e voltarei tarde, tranque a casa e coma direitinho, estou saindo.— a coreana dizia apressadamente não dando tempo nem para o mais novo processar — Te amo, não apronte.

— Te amo, mãe — disse tomando mais um gole de café, enquanto assistia a mais velha deixando a residência.

[...]

Hyuck não podia ser considerado como "popular" no colégio, ele apenas fazia parte do time das líderes de torcida por diversão e falta do que fazer. Ele era um ômega reservado, nunca gostou de estar nos holofotes, o que ia completamente ao contrário de como seu grupo de amigos agiam.

Jaemin, Renjun e Jeno, um trisal um tanto conturbado que adotou o ômega assim que ele colocou seus pés na escola, o trio sempre estavam metidos em alguma confusão e eram os principais visitantes da sala da coordenação por serem vistos se pegando pelos cantos em horários de aula.

Apesar de todas as confusões em que eles se metiam, Donghyuck não podia imaginar uma vida sem eles, Jaemin era extremamente carinhoso e sempre estava abraçadinho ao amigo ou a algum dos namorados, era o alfa mais bobão que conhecia e o mais protetor também.

Renjun, quem mandava e 'desmandava dentro do quarteto, sempre estava dando sermões e se estressando com as manhas de Jeno, ele era o único chinês do grupinho e o único ômega com dois alfas na escola, fato que transformava sua vida em um desafio, o menor era inseguro e frágil, mesmo que não deixasse aparente, o ômega sempre estava chorando baixinho no colinho de seus namorados. E isso revoltava Jeno; o Alfa de cabelos negros, um dos mais encrenqueiros que eles conheciam, ninguém podia ousar mexer com seus meninos. E se ousassem, o alfa não media esforço para quebrar os dentes de cada um deles.

Quando entrou na sala, o ômega já podia ver Jaemin com a cabeça encostada no ombro de Jeno, repondo as horas de sono não dormidas.

— Bom dia, Hyuckie ~ — disse o moreno com uma voz rouquinha e sonolenta se estendendo minimamente para dar um beijinho na testa do amigo.

— Bom dia, Nono! Quais as novidades? — Perguntou se sentando

— Amanhã o gatão do Yugyeom do time de vôlei vai fazer uma festa! — disse animadamente, se esquecendo do sono de segundos atrás — E você vai, sim! O Nana e o Injun vão e eu obviamente irei — suspirou — Logo, você é obrigado a ir.

— Que pataquada, Lee Jeno!

— Qui pitiquida, lii jini — imitou o amigo — Parece que você tem setenta anos, Lee Donghyuck!

— Pirici qui vici tim sitinti anis, lii dinghiucki! — provocou — Vai plantar batata, garoto, não vou e pronto.

— Vii plintir bititi-... — Jeno terminaria sua provocação se não fosse por um tapa na sua nuca e um olhar de reprovação.

— As duas crianças vão parar ou eu vou ter que mandar? — dizia o chinês irritado com as mãos na cintura.

— Desculpa, Injun! — os dois disseram cabisbaixos em uníssono

— Acho bom mesmo, parem com a gracinha e prestem atenção na aula, o professor chegou.— os dois concordaram como duas crianças pegas no flagra brigando.

— Você vai ver na hora do interv-

— Lee Jeno! — repreendeu o estrangeiro

— 'Tá parei! — cruzou os braços com uma clara expressão de raiva e mostrou a língua para Donghyuck que apenas revirou os olhos.

[...]

O sinal que indicava a hora do almoço finalmente soou nos corredores da escola, liberando alunos resmungões de suas salas.

E claro.

O quarteto fantástico sem dúvidas eram uns dos alunos que amavam reclamar.

Os quatro andavam rapidamente para o refeitório para conseguirem pegar a mesa de sempre, no cantinho do local, afastado de todos para poderem julgar os alheios sem apanharem.

— Argh! Eu odeio aquele professor de física, aquele velho deveria estar aposentado a anos, que inferno! — resmungava jeno, enquanto depositava um carinho leve nas costas do Na — Se eu pego aquele professor eu-

— Jeno, fecha a porra do bico e come. — E pela terceira vez no dia Renjun interrompia as gracinhas do alfa. Oras, por que esse garoto era tão reclamão!

— Vocês vão na festa do Yugy? — perguntava Jaemin com uma voz baixinha, o garoto estava estranho naquela manhã, dava respostas básicas, não conversava e só era visto encostado em algum dos namorados. Donghyuck prefiriu não perguntar para evitar possíveis constrangimentos, talvez o alfa dengoso estivesse em um dia ruim.

— Eu vou, Nana, alguém que eu não prefiro citar nome me obrigou a ir, certo, Lee Jeno!?

— Pensei que você não citaria nomes, seu cabeçudo.

— RENJUN! ELE ME CHAMOU DE CABEÇUDO! — o mais novo exclamou com um tom de manha

— Odeio vocês. — O ômega se levantou puxando seu namorado e se afastando da mesa, deixando apenas Jeno e Haechan com suas discussões infantis para trás.

— Te quero amanhã na festa, seu cabeçudo, passo para te buscar às sete. — O Lee deu um peteleco no ômega e saiu correndo atrás dos namorados quando o sinal tocou.

[...]

O amanhã chegou. E adivinhe? Lá estava ele, dentro do carro do Lee, com uma cara de poucos amigos e com os braços cruzados.

Quando chegaram na frente da casa do jogador, já era possível ver adolescentes caídos, alguns vomitando pelos cantos, outros se pegando e um cheiro forte de álcool e nicotina.

Quando entraram na casa, haviam um aglomerado de adolescentes suados e bêbados se esfregando na pista de dança, no sofá estavam diversas ômegas com vestidos coladinhos no corpo se oferecendo para alguns alfas do time de vôlei, na escada um aglomerado de alfas risonhos do time de basquete.

Alguns betas jogados no quintal claramente bêbados ou drogados e diversas pessoas na piscina. Donghyuck se perguntava a que ponto da falta de amor próprio ele tinha chegado para se enfiar naquele lugar, já tinha até mesmo se perdido de seus amigos que deviam estar por ai bebendo ou se pegando loucamente.

"Relaxa, Hyuck" pensava o ômega tentando não surtar. Abriu a geladeira pegando uma latinha de alguma bebida duvidosa e se encostou no balcão assistindo o caos de adolescentes inconsequentes no auge da loucura. Quando de repente...

— Hey! Vamos jogar verdade ou consequência, galera! — Uma beta de vestido rosa gritou no meio da sala vendo diversos adolescentes se juntando em uma roda, alguns conscientes do seus atos, mas a maioria deles bêbados.

Sentiu um braço o puxando para roda e naquele momento percebeu que:

Ele estava fodido.

E muitas coisas aconteceriam a partir daquele dia.

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