Prólogo

15 3 1
                                    


    Era 14 de maio de 1942 quando um bombardeio disparado pela URSS destruiu parte do convento de Santa Lúcia em Kouvola, uma cidade pequena localizada no sudeste da Finlândia. O ataque aconteceu logo após o toque de recolher e possivelmente durante a oração de várias irmãs do convento.

    Toda a zona oeste aonde concentravam-se as freiras mais velhas e a madre, foi destruída, assim como o pavimento sul e parte da entrada. Somente a zona leste aonde se encontrava as freiras mais novas e as noviças não havia sofrido grandes danos, assim como o refeitório e a cozinha.

    Minhas pernas conheceram mais sobre aquele ataque do que os meus olhos, trêmulas ficaram ao ver varias das irmãs gritando e chorando enquanto clamavam o nome de Deus, algumas sem pedaços do seu corpo, como se pedissem um fim rápido para aquela dor ou se agarrassem a uma vaga esperança de que pudessem serem salvas. Outras vinheram assim como eu ao auxílio das muitas que precisavam de ajuda, várias tentativas frustradas que resultaram em pouco suceso. No fim, haviam 37 mortes e 12 mulheres que precisavam de atendimento imediato.

    O hospital estava sobrecarregado devido a guerra que se propagava em nosso país, carecia de medicamentos e todos os leitos estavam ocupados, até o chão dos corredores estavam sendo usados para abrigar os feridos. Outras cidades vizinhas estavam em situação semelhante e a mais segura estava longe demais para uma viagem sem um transporte adequado, a exposição ao perigo durante a viagem também não a tornava uma alternativa viável.

    Das doze mulheres que conseguimos ajudar, sete morreram após dois dias sem que pudessem receber atendimento adequado, e as outras cinco, chegaram a serem levadas para o hospital mas não resistiram, haviam passado tempo demais esperando por ajuda e isso fez com que o quadro se agravasse.

    Não sei se eu deveria ter pensamentos questionáveis como este, mas naquele momento minha mente não concordava com os planos de Deus, ou com sua benevolência em deixar os injustos andarem sobre a terra.

Minha Doce GrinaldaWhere stories live. Discover now