𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑺𝒕𝒂𝒓𝒔 𝒂𝒏𝒅 𝑭𝒍𝒂𝒎𝒆

Sixteen

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Ao despertar, me deparei com o som da respiração. Mantive os olhos fechados enquanto ponderava sobre o ambiente ao meu redor.

Percebi o frio e a aspereza da cama, o que me pareceu peculiar.

A respiração, agora mais próxima e acompanhada de passos pesados, era diferente de qualquer outra que já tinha ouvido, mais profunda do que a de faes ou humanos.

Foi então que a memória retornou.

Meus olhos se abriram instantaneamente, como se impulsionados por um raio.

Recordações inundaram minha mente: eu estava numa caverna, onde as paredes ecoavam histórias antigas e o teto brilhava com chamas dançantes. A lembrança do que havia aprendido e da minha possível identidade quase me fez desmaiar novamente.

Minhas pernas tremiam, e eu me agarrei às ásperas paredes da caverna para manter o equilíbrio.

Foi então que percebi a presença de outra respiração na sala e virei minha cabeça na direção do ruído, para deparar-me novamente com o Wyvern negro como a noite. Por um instante, quase esqueci todas as revelações alucinantes que haviam ocorrido ali.

Isso não podia estar acontecendo.

Eu era humana. Eu era comum.

Passei toda minha vida treinando para caçar faes, e agora, de repente, sou uma figura profetizada destinada a salvá-los de uma destruição iminente? Não!

Não está acontecendo. Era literalmente impossível. Eu não podia acreditar - não conseguia aceitar - era simplesmente inacreditável.

Eu admito, normalmente tenho um pequeno problema com a negação e a evasão dos meus problemas, mas este não é um desses momentos.

Definitivamente não estou negando minha negação.

Voltei meu olhar para a parede adornada com narrativas e comecei a procurar por qualquer abertura. De alguma forma, esperava encontrar uma saída desta caverna estúpida sem enfrentar a morte iminente.

E o que descobri? Absolutamente nada.

Voltei minha atenção para o Wyvern, que agora me encarava como se eu fosse uma completa lunática.

Oh, céus. Talvez eu esteja enlouquecendo.

Wyverns não são reais, certo?

Estou completamente fora de mim. Deve ser alguma espécie de ilusão bizarra. E quando digo bizarra, quero dizer muito bizarra.

Mais uma vez, examinei a parede, mas desta vez percebi algo que não havia notado antes.

Havia uma pequena escultura na base da parede, inscrita na Língua Sagrada, também conhecida como Leshon Hakodesh.

Graças à Chama - e provavelmente a única coisa pela qual eu agradeceria a eles - que eram muito mais antigos que o próprio tempo, eu falava fluentemente a língua.

Estava escrito, "دع النجوم ترشدك إلى المنزل ", significando, "Deixe as estrelas guiá-la para casa".

Agora as coisas estão começando a ficar assustadoras.

Eu sempre soube que era adotada... Minhas irmãs nunca juntaram dois mais dois, mas aos dez anos percebi que muitas coisas não faziam sentido.

Todas as minhas irmãs tinham o mesmo tipo de cabelo, enquanto o meu era mais branco que a neve. Elas herdaram os olhos dos nossos pais, mas os meus eram verdes.

Quando completei onze anos, questionei meu pai sobre por que eu era tão diferente das minhas irmãs, e foi quando ele revelou que eu era adotada. Na verdade, isso nunca me importou muito, eu acho.

Minha família continuava sendo minha família. Contudo, aos quatorze anos, comecei a sentir curiosidade sobre minha família biológica.

Quando eu finalmente reuni coragem para perguntar a meu pai sobre isso, ele me revelou que eu havia sido deixada na porta deles com um bilhete. Ele guardou aquele bilhete todos esses anos e me entregou após nossa conversa.

Eu esperava uma explicação completa ou até um pedido de desculpas, mas tudo o que havia no bilhete era uma única frase.

"As estrelas irão guiá-la para casa."

Tinha que ser apenas uma coincidência, certo?

Mas não podia me dar ao luxo de descartar a possibilidade de não ser coincidência.

E se não fosse? Como diabos essas duas coisas estavam relacionadas? Infelizmente, não tinha tempo para essas perguntas agora. Poderia pensar nelas mais tarde, quando não estivesse aprisionada nesta jaula mágica com uma serpente cuspidora de fogo.

Até o caldeirão parece estranho por si só.

Deixei escapar uma risadinha, e antes que eu percebesse, estava dobrada de tanto rir. Parecia que eu estava enlouquecendo.

Simplesmente não conseguia parar de rir.

"Desculpe. Desculpe", disse entre risos para o Wyvern.

Acenei para ele.

"É apenas… É apenas," ri novamente, "Isso é tão absurdo. Quer dizer, estou em uma caverna mágica com um Wyvern que poderia me devorar em dez segundos se quisesse. É tão surreal!”

Eu definitivamente parecia louca.

"Então…" Virei-me para o Wyvern, "Vou sair," disse rindo. "Até logo, Azzy", corrigi-me, "Ah, certo, agora vou te chamar de Azail."

Dei-lhe um polegar para cima, "Foi um prazer conhecê-lo, mas acho que ouvi minha irmã falando mal de mim, então preciso resolver isso." Sorri sem jeito, "Tchau. Já volto, prometo."

E então saí correndo.

Acho que corri mais rápido do que nunca. Não dei atenção aos Wyverns que estavam à espera do lado de fora da caverna.

Apenas corri, o que provavelmente deveria ter me custado a vida, mas tive sorte. Memorizei o caminho enquanto íamos para a caverna.

Ao me aproximar dos galhos, coloquei minha mão sobre eles como antes, felizmente a estranha configuração funcionou novamente e a porta se abriu.

Quando o túnel se revelou mais uma vez, saí em disparada.

Eu não era estúpida o bastante para considerar que correr pela floresta dos faes no meio da noite fosse uma boa ideia.

Acalmei minha respiração e os batimentos cardíacos, enquanto caminhava de volta, a noite estava serena, o que me deixou grata. Eu precisava de tempo para pensar.

Tentei me convencer de que tudo isso era apenas um sonho louco. Embora no fundo soubesse que não era, uma garota ainda pode sonhar - ou pelo menos desejar que esteja sonhando.

Ao retornar para a mansão de Tamlin, mais uma vez me infiltrei sem chamar a atenção. Quando cheguei ao meu quarto, tudo estava silencioso. Mais tranquilo do que o habitual, especialmente quando se tem três irmãs.

Odeio admitir, mas senti falta delas.

Apenas tive que me acostumar com isso.

Arrastei-me para a cama após vestir meu pijama.

Aquela noite, não consegui dormir.

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