Capítulo 12

344 22 12
                                    

CASTIEL

    Posso ouvir os passos apressados deles, parecendo ratinhos correndo de água. Inspiro profundamente sentindo o cheiro de sangue vindo de mim, eu estava lutando terrivelmente para não me sujar.

Ouço o som do suspiro de cada um, tem um.. dois, quatro. Tenho quatro ratinhos vivos ainda. Agora talvez seja meu único momento de alegria.

Talvez seja melhor eu colocar um fim nessa ilusão de ótica e fazê-los perceberem que caíram em uma armadilha minha.

Vejo eles parando e uso esse momento para me colocar atrás de seus corpos, eles estão nervosos. Assustados.

— Vocês não são nada inteligente. — Digo, atraindo a atenção dos quatro para mim, menos da garota. Ela estava dormindo?

— Vão. — Ouço a voz do mais corajoso dali, parecia até mesmo o líder.

— Não vão não. Eu prometo que vou deixar pelo menos dois de vocês vivos. — Digo com meu tom habitual de tédio.

Coloco minhas duas mãos dentro do bolso e olho para cada um, meus olhos caem na irmã da porquinha e um sorriso cresce em meus lábios.

— Se a porquinha souber que a irmã dela está quase a beira da morte, ela surta. — Aviso, a garota abre os olhos, olhando confusa. Seus lábios estavam pálidos e seu rosto parecia doente.

O garoto que a segurava parece aperta a menina ainda mais firme nos braços, como uma maneira de querer protegê-la, o que incomodou algo por dentro de mim. Não gostei disso.

Me movimentei, ficando de frente para o que parecia o líder, o garoto estava trêmulo, percebia pelas suas mãos. Ele tinha coragem, mas eu teria que diminuir o número deles.

— Vou deixar três de vocês vivos, porque sou um cara muito legal. — Brinco, vendo os olhos assustados ficarem ainda mais assustados.

Me abaixo um pouco na frente do garoto e com a mão esquerda seguro em sua nuca, aproximando nossos rostos. Sinto a ponta do nariz dele roçar na minha.

— Você tem uma marra muito legal. Mas eu vou ter que matar você. — Aviso, antes de usar a minha força para bater a cabeça dele na parede. Ouço o gemido ou melhor um som agonizante dele.

Os outros três suspiram em pânico, pareciam não ter voz. Eu queria ouvir o choro deles, quero sentir o pânico, a dor. Mas não sou capaz de provocar isso neles, apenas Kendrecky. 

O corpo do quarto cai sobre o chão, morto.

— Menos quatro.

EMY L.

    Posso sentir algo estranho no meu peito, meus dedos apertam o cabo da vassoura com força. Fecho os olhos por um momento tentando controlar aquilo.

As outras mulheres que trabalham aqui nem ao menos olham para mim, como se eu fosse uma espécie de ser de outro mundo.

Respiro fundo. Eu espero que a ema esteja segura.

Vejo as moças começarem a arruma o cabelo e ajeitar as vestimenta, usando poses sensuais. Não posso evitar a minha expressão de confusa, os meus olhos já diziam tudo.

Até sentir aquele frio desagradável pelo meu corpo, meus joelhos falham quase me levando ao chão, ao sentir o frio mais intenso. Olho por cima do ombro, vendo ele.

— Emy. Venha. — Sinto meu coração acelerar, eu não me lembro do que fiz de errado.

Coloco a vassoura na parede e bato uma mão na outra limpando o pó dos móveis, eu odiava poeira pois sempre me dava um ataque de espirros.

Me aproximo do grande homem vendo seus olhos vermelhos direcionados inteiramente para mim, tenho vergonha e me sinto acusada aos olhos dos outros.

Olho para o chão, ou melhor para as mãos grandes e tonificadas de veias grossas. Ele estava segurando uma corrente, sinto meus ombros caírem de cansaço. Isso nunca vai acabar?

— Isso aqui? — Ele ergueu a corrente, olho para a mesma como se estivesse hipnotizada. — Não é para você. É para a sua irmã.

Sinto meu estômago embrulhar, por um momento tenho que me segurar em algo para não cair no chão. Olho para os lados tentando forma a minha visão novamente e deixá-la clara e nítida.

— Ema.. — Sussurro ao sentir mais um embrulho na barriga, o fôlego parece querer sumir dos meus pulmões.

Sinto os dedos dele em meu pulso fino, e não me importo com a força que ele utiliza, parece que estou anestesiada. Ele me puxa, o que mais me parece que estou sendo arrastada.

Não vejo para onde ele está me levando, e nem quanto tempo demoramos para chegar no lugar. Ouço um farfalhar de chaves e uma grande porta ser aberta, causando um barulho audível.

Levanto a minha cabeça, e meus olhos se arregalam. Sinto um nó se forma no início da minha garganta, abano as mãos tentando apagar aquela cena da minha cabeça.

Meus olhos são traidores, eles voltam a olhar para os corpos mortos dos meus amigos esticados no chão, de maneira descuidada. Sangue cercava cada um deles. Me sinto uma traidora. Eu não pude ajudá-los.

Fecho os olhos assim que percebo que se continuar olhando, a cena fica cada vez mais dolorosa na minha cabeça, sendo gravadas de maneira permanente em meu subconsciente.

— Olhe para eles. — O rei sussurra próximo da minha orelha. Aperto os olhos firmemente. Sinto os dedos dele segurarem o meu queixo com força, me causando uma leve dor. — Abra os olhos, ou a sua irmã será a próxima.

Abro os olhos no mesmo segundos, posso senti-los começar a encher d'água, minha visão começando a ficar turva pelas lágrimas. Lágrimas de desespero.

Procuro saber de quem era os corpos, e uma dor mais agonizante ainda se faz presente na minha garganta, eu queria gritar e implorar para que ele parasse de fazer aquilo. Mas eu perdi as forças. Eu me perdi. Me perdi desde o momento em que pisei no início daquele floresta.

Ele estava ali. Morto, na minha frente, sangue cobria metade do rosto lindo dele. Sinto vontade de me debater e matar o homem que me segura de maneira tão possessiva.

— Consegue ver? São eles, os seus amigos. Um, dois, três.. quatro. — Ele resmunga no meu ouvido, como se gostasse de ver o meu sofrimento.

— Por favor.. — Desisto. Deixo que o choro saía da minha garganta, deixo que as lágrimas caíssem como cachoeiras dos meus olhos me desequilibrando.

— Peça novamente, Emy. — Ele sussurra. Usando a mão que estava no meu queixo para empurra o meu corpo para a parede. Ele desliza os dedos para o meu pescoço os enroscando ali. — Diga: "Por favor ".

Ele aproxima os lábios dos meus, sinto o seu nariz bater no meu como se fosse uma barreira para que nossos lábios não se encostem. Fecho os olhos fortemente.

— Por favor..— Peço novamente, ele solta um suspiro arrastado enquanto beija o canto da minha boca.

— Isso, emy. Boa menina. — Ele diz enquanto, dá um leve selinho nos meus lábios e se afasta, parecia está tentando se manter distante.

Ele larga o meu pescoço, e eu consigo sentir o oxigénio voltar para o meu corpo, não consigo nem ao menos respirar corretamente.

Eles estavam mortos. Quatro deles. Na minha frente, somos apenas adolescentes irresponsáveis.

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
A escrava do Demônio Where stories live. Discover now