Todos na cidade parecem ter ‘Lex’ como um tabu”. Pelo menos foi isso que Júlio concluiu com todas as respostas que recebeu ao lhes fazer uma simples pergunta: “Onde Lex mora?”
“Pra que isso, meu filho?”
“Que nada, meu filho! Vem cá, deixa eu te mostrar minha filha”
“Deixe esse lá, rapaz!”E foi só algumas quadras mais tarde que ele chega perto de algo, no mínimo, peculiar. A casa inteira parecia vibrar por causa das cores vivas. Azul e amarelo contrastando perfeitamente entre si, criando uma imagem tão deliciosa aos olhos quanto dolorosa. E de alguma forma, Júlio apenas sabia que aquele era o lugar que ele vinha buscando incansavelmente. A bola de tênis começava a, de alguma maneira, pesar em sua mão como se gritasse loucamente porque almejava voltar para onde nunca deveria ter saído.
Foram passos lentos até que o rapaz finalmente se aproximasse da porta amarelada e desse batidas receosas, ouvindo alguma movimentação por trás dela.
Algo cai dentro da casa, fazendo o estrondo ser ouvido do lado de fora. Júlio apertou a bola de tênis com força, mordendo o lábio inferior e se perguntou porque decidiu entrar nessa grande confusão.
Ele não teve muito tempo para se render a essas perguntas, porque a porta logo se abriu e o que é revelado atrás dela é tão peculiar quanto a casa.
— Posso ajudar?
É o que a figura alta e de cabelos loiros na altura do ombro perguntou, e a imagem é tão específica que é como se o cabelo somado com as mangas bufantes da camiseta branca e o contraste perfeito com a calça jeans escura de cintura alta fizessem parecer que tinham tirado uma pessoa dos anos 80 e trazido para os anos 2000 sem tirar nem por nada.
Isso tudo, para afirmar que Júlio ficou de queixo caído ao ver a figura em sua frente com uma feição tão casual, como se toda sua existência não fosse chocante.
— Rapazinho? Posso ajudar você? — Perguntou estalando os dedos em frente ao garoto, dando uma sutil risada quando ele piscou os olhos com o susto.
— Oh! Me desculpa é só que… é. — Ele olhou para baixo e não sabua se as botas de cano alto ajudaram a não surtar ainda mais.
— Sem problemas, bobinho. Então, no que posso ajudar? — Cruzou os braços abaixo do peitoral, fazendo Júlio notar que os braços ficaram mais musculosos na camiseta.
— Ah! Claro, claro. Desculpa a falta de educação. Eu sou o Júlio. — Levou a mão vazia até o meio deles.
— Bem, muito prazer, Júlio. — Riu com a estranheza da situação, mas levou a própria mão para a dele. — Eu sou…
— Lex. Eu sei quem você é. — Apertou a outra mão sem perceber.
— Uau, que legal saber que tenho fãs. Mas se me dá o direito de perguntar, por que você me conhece? — Soltou a mão do mais novo e apoiou a lateral do braço na porta.
— Você… você andava com minha mãe nos anos 80. — Repetiu a frase que estava começando a se tornar o mantra de seu dia.
— Sua mãe…. Não me diga que...?
— Melissa Mendes era sua amiga. Ela e mais quatro garotos faziam parte do seu grupo, não era?
— Deus do céu… mentira… cê é filho da Meliana?! — Se espantou, colocando uma mão na boca.
— Me..liana?
— Oh! Desculpa, acho que não deveria falar essas coisas da sua mãe. Quero dizer, não é tão ruim assim. A gente adorava chamar sua mãe assim, era só um jeitinho de irritar ela.
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As histórias que o vovô roubou
Teen FictionA relação de Júlio com o avô nunca foi muito boa. A relação conflituosa que sua mãe tinha com ele também não ajudava. Mas quando cinco bolas caem em seu destino,ele percebe que talvez seja a hora de desenterrar passados. Betado por: @tozzi_lorens