Lex🥎

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Todos na cidade parecem ter ‘Lex’ como um tabu”. Pelo menos foi isso que Júlio concluiu com todas as respostas que recebeu ao lhes fazer uma simples pergunta: “Onde Lex mora?”

“Pra que isso, meu filho?”
“Que nada, meu filho! Vem cá, deixa eu te mostrar minha filha”
“Deixe esse lá, rapaz!”

E foi só algumas quadras mais tarde que ele chega perto de algo, no mínimo, peculiar. A casa inteira parecia vibrar por causa das cores vivas. Azul e amarelo contrastando perfeitamente entre si, criando uma imagem tão deliciosa aos olhos quanto dolorosa. E de alguma forma, Júlio apenas sabia que aquele era o lugar que ele vinha buscando incansavelmente. A bola de tênis começava a, de alguma maneira, pesar em sua mão como se gritasse loucamente porque almejava voltar para onde nunca deveria ter saído.

Foram passos lentos até que o rapaz finalmente se aproximasse da porta amarelada e desse batidas receosas, ouvindo alguma movimentação por trás dela.

Algo cai dentro da casa, fazendo o estrondo ser ouvido do lado de fora. Júlio apertou a bola de tênis com força, mordendo o lábio inferior e se perguntou porque decidiu entrar nessa grande confusão.

Ele não teve muito tempo para se render a essas perguntas, porque a porta logo se abriu e o que é revelado atrás dela é tão peculiar quanto a casa.

— Posso ajudar?

É o que a figura alta e de cabelos loiros na altura do ombro perguntou, e a imagem é tão específica que é como se o cabelo somado com as mangas bufantes da camiseta branca e o contraste perfeito com a calça jeans escura de cintura alta fizessem parecer que tinham tirado uma pessoa dos anos 80 e trazido para os anos 2000 sem tirar nem por nada.

Isso tudo, para afirmar que Júlio ficou de queixo caído ao ver a figura em sua frente com uma feição tão casual, como se toda sua existência não fosse chocante.

— Rapazinho? Posso ajudar você? — Perguntou estalando os dedos em frente ao garoto, dando uma sutil risada quando ele piscou os olhos com o susto.

— Oh! Me desculpa é só que… é. — Ele olhou para baixo e não sabua se as botas de cano alto ajudaram a não surtar ainda mais.

— Sem problemas, bobinho. Então, no que posso ajudar? — Cruzou os braços abaixo do peitoral, fazendo Júlio notar que os braços ficaram mais musculosos na camiseta.

— Ah! Claro, claro. Desculpa a falta de educação. Eu sou o Júlio. — Levou a mão vazia até o meio deles.

— Bem, muito prazer, Júlio. — Riu com a estranheza da situação, mas levou a própria mão para a dele. — Eu sou…

— Lex. Eu sei quem você é. — Apertou a outra mão sem perceber.

— Uau, que legal saber que tenho fãs. Mas se me dá o direito de perguntar, por que você me conhece? — Soltou a mão do mais novo e apoiou a lateral do braço na porta.

— Você… você andava com minha mãe nos anos 80. — Repetiu a frase que estava começando a se tornar o mantra de seu dia.

— Sua mãe…. Não me diga que...?

— Melissa Mendes era sua amiga. Ela e mais quatro garotos faziam parte do seu grupo, não era?

— Deus do céu… mentira… cê é filho da Meliana?! — Se espantou, colocando uma mão na boca.

— Me..liana?

— Oh! Desculpa, acho que não deveria falar essas coisas da sua mãe. Quero dizer, não é tão ruim assim. A gente adorava chamar sua mãe assim, era só um jeitinho de irritar ela.

As histórias que o vovô roubou Donde viven las historias. Descúbrelo ahora