Marionetes do Destino

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Depois de um bom tempo, rodando por Incheon, Jisung se lembrou onde era a casa abandonada. Dirigiu até o local mantendo a velocidade mínima, afinal já havia extrapolado muito indo para Seoul, não gostaria de levar uma multa por dirigir em alta velocidade.

Chegando na entrada da casa, estacionou seu carro na frente, tirou a chave do contato e respirou fundo antes de abrir a porta e descer do veículo, fechou a porta com cuidado e se virou para encarar a casa com pinturas descascadas, as janelas de madeira já bem gastas e a porta estando de igual modo.

Com passos controlados Jisung subiu a breve escadaria até a porta, colocou a mão sobre a maçaneta e virou cuidadosamente, mas o clique alto dela sendo aberta e o ranger denunciou que tinha alguém entrando.

Jisung ficou com o coração na mão, o órgão em seu peito batia freneticamente enquanto um gelo se espalhava pela sua caixa torácica, as mãos passaram a ficar trêmulas, isso seria medo?

- Quem está aí?

Uma voz vinda de algum quarto fez o Han ficar estagnado no lugar, não sabia se podia avançar mais, apenas esperou o vampiro aparecer em sua frente, claro que Know sabe que é ele, não tem como não saber, afinal suas habilidades e superpoderes são suficientes para saber quem está presente ali.

- Know...?- a voz do Han saiu tremida.

- O que você faz aqui? Por que ainda insisti em vir atrás de mim? Já não foi o bastante para te espantar?- o vampiro apareceu na sala, a calça social preta parecia mais larga do que antes, como se ele tivesse emagrecido, a camisa branca parecia muito grande para seu corpo, seus pés descalços estão sujos de lama, talvez tenha estado na floresta.

- E-eu não sei... c-como vim para aqui.- mais uma vez a voz do Han sai tremida e forçada, como se estivesse obrigando sua boca a falar, porém seus músculos não queria permitir isso.

- Não se faça de tolo, Han Jisung. Você é tudo, menos idiota.- Know inclinou a cabeça para o lado fazendo seus cabelos na altura do ombro acompanhar o movimento.- Desembucha.

- Queria saber como você estava...- Jisung desviou o olhar.

- Totalmente desnecessário, já disse uma vez e repito: não se preocupe comigo.

- Eu não quero que você morra!

- Ah Jisung...- Know deu algumas passos para a frente, com um sorriso lento se formando em seu rosto.- eu era uma criança que conheceu a morte, vivi ela diversas vezes, isso deve ser as menores das suas preocupações. Eu morrendo ou não, de certo que não importa.

- Como você pode dizer essas coisas? Como consegue ser tão frio?

- Eu não tenho coração, Jisung. Sou vazio por dentro, esse órgão dentro de mim não carrega sentimentos, está morto e congelado.

- Quem está tentando enganar?

- Ninguém, só fiz tudo isso para salvar sua vida e olha só! Você está vivo e não é um vampiro, não era isso que você queria Han Jisung? Sua vida de volta? Você acha que eu não sei? Esqueceu que posso ler e ouvir pensamentos? Eu não sou burro!- Know joga uma cadeira que estava em sua frente no chão.- Você acha que eu não sei? Hein? Me diga, investigador! Acha que eu não percebi?

- Know, calma...- Jisung recuou alguns passos.

- Calma o caralho! - mais uma cadeira foi jogada, desta vez se quebrando ao cair no chão.

- Know... está me assustando...

- Você sabia desde o início! Não se faça de sonso! Desde que você pegou meu caso para solucionar, não fui eu que corri atrás, lembre-se disso.

- Tem Razão! Mas as coisas mudaram, Know!

- Se as coisas mudaram, porque você continua aqui ainda? Eu não consigo fazer que eu quero porque você se tornou uma pedra de tropeço no meio do meu caminho!

- Agora a culpa é minha?- Jisung franziu o cenho fechando os punhos com força, seus cinco minutos de coragem aflorou em suas veias causando uma adrenalina que se espalha pelo corpo todo.

- Sempre foi.- Know abaixou a cabeça, porém não desviou o olhar de Jisung.

Aquele olhar sombrio, Jisung só havia visto uma vez, aqueles olhos demonstravam o fogo ardente do inferno, tudo de ruim poderia ser visto ali, todas as crueldades do mundo estavam presentes ali naquele momento, mas Jisung não recuaria, mesmo que isso causasse a sua eminente morte.

- Me mata, arranque meu coração, use meu sangue e meu corpo para fazer suas oferendas ao inferno, mas nada mudaria o que você sente por mim, Lee MinHo.

O vampiro demonstrou claramente que seus músculos ficaram rígidos, o olhar se tornando mais escuros a cada segundo que se passa, Jisung em nenhum momento desviou seu olhar, sabia que isso poderia ser o último momento neste mundo.

- De todas as vezes que presenciei a morte, nenhuma delas foi tão dolorosa quanto a sua. Porém neste momento eu seria capaz de arrancá-la com as minhas próprias mãos, se fosse necessário.

- Vem, seja marionete do destino mais uma vez! Seja o que eles querem! Não era isso que seus pais queriam? Então seja! Mostre para eles o monstro que você se tornou! Mostre para eles que deu certo! Eles vão se sentir orgulhosos!

Em um piscar de olhos, a mão do vampiro estava em seu pescoço, os caninos alongados em sua boca, olhos sombrios e enraivecidos, o tom avermelhado parecia brilhar no ambiente sem iluminação, a mão firme em seu pescoço causa certo pânico em seu corpo, seu desejo naquele momento era se debater para tentar soltar a mão de Know, mas sabia que seria pior.

- Vamos! Quebre meu pescoço!- Jisung grunhiu, colocou suas mãos no braço de Know apertando com força.- Quebra logo! Me tira esse sofrimento!

- Argh! Que merda Jisung!- Know o levanta.

Jisung fechou os olhos, seus pés não tocavam mais o chão, as mãos de Know ainda estão em seu pescoço, apertando com força, já sentia que o ar não passava direito por suas vias respiratórias, seu coração acelerou as batidas, uma sensação de desmaio já batia no córtex frontal.

- Saiba que eu não me arrependo de nada.- Jisung murmurou.- Obrigado Know.

- Não me faça me sentir culpado.- a voz do vampiro saiu cortada, jisung abriu seus olhos vendo ele com a cabeça baixa e os cabelos escondendo seu rosto, olhou para o chão onde tem alguns pingos de água que provavelmente vem do vampiro.

Know estaria chorando? Essa ideia fez Jisung perder sua coragem instantaneamente. A morte estava bem na sua frente, mas perceber que o vampiro está derramando lágrimas por sua causa, se tornou a mesma coisa de enfiar uma faca em seu coração e girar.

- Você não quer me matar.

- Não, eu só quero que você suma.

- Seu desejo vai ser atendido.

Know afrouxou suas mãos, Jisung caiu no chão tossindo, passou sua mão no pescoço massageando o local que agora parece dormente, com o sangue voltando a circular por ali.

- Não volte nunca mais.

- Pretendo não fazer isso.

- Adeus, Jisung.

- Adeus, Know.

E dito isso, o investigador se levantou, não ousou olhar para trás, apenas caminhou até a porta e abriu, ao passar deixou que ela se fechasse sozinha fazendo uma baque surdo da batida se ouvir, entrou em seu carro com um único pensamento na mente: Ele vai voltar para o Estados Unidos, continuará seu trabalho lá e assim, nunca mais voltar para a Coreia do Sul.

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"ᴛᴏᴅᴏs ᴏs ɢᴀʀᴏᴛᴏs ʙᴏɴs ᴠᴀ̃ᴏ ᴘᴀʀᴀ ᴏ ɪɴғᴇʀɴᴏ"Where stories live. Discover now